O aposentado Valdir de Sena Monteiro completa 73 anos de vida. É
de origem pernambucana, mas chegou a União dos Palmares em 1950 na companhia do
patriarca da família de saudosa memória o empresário Severino de Souza
Monteiro. Vieram para trabalhar na Usina Lajinha a convite do então jovem
empresário João Lyra. A história de ‘seo’ Valdir poderia ser confundida com
muitas outras de homem pacato do interior, não fosse seu passado funcional que
teve inicio como tesoureiro da Usina Lajinha.
Na década de 60 foi talvez o primeiro morador de União dos
Palmares a sofrer uma tentativa de assalto na estrada União/Maceió (era estrada
carroçável) cuja agressão foi sofrida na passagem sobre a linha férrea no local
conhecido como ‘Nicho” próximo de uma gigantesca ladeira calçada de pedras que
dava acesso ao município de Messias. Valdir que conduzia considerável soma em
dinheiro para o pagamento dos funcionários não se intimidou e seguiu o caminho
até chegar a um lugar seguro.
No final de 1973 deixou a Lajinha para se tornar um próspero
empresário. Fundou a histórica “Fábrica de Correntes” em parceria com seu pai e
um irmão que a época chegou a empregar 150 funcionários e concorrer com grandes
empresas do sul e sudeste do país que tentaram inclusive comprar a indústria
palmarina que fabricava correntes industriais para uso em usinas de açúcar.
Veio a BR-104 e com ela o progresso desordenado associado à cobiça
política detalhe que nunca despertou ‘seo’ Valdir para participar dela. Talvez
a “quebra” da fábrica de correntes há 20 anos passado fosse uma premonição dos
dias de hoje: empresas fechando, desestimulo ao comércio e impostos
impraticáveis.
Sem concorrentes na região, Comercial e Industrial de Correntes
Ltda. era a maior empresa do seu gênero no Nordeste. A lei de incentivos
fiscais da época estipulava a isenção do ICM o que foi negado a “Fábrica de
Correntes” pela então “Codeal” (que gerenciava o funcionamento das indústrias
privadas, mas era um órgão do governo, portanto, político).
A empresa necessitava para acompanhar a demanda de pedidos
dinheiro para adquirir a matéria prima (na época, um milhão e quatrocentos mil
reais), mas o Banco do Brasil também negou. E por fim a inflação foi parceira
do fechamento da fábrica, e por conseqüência do desemprego de 150 excelentes
profissionais e pais de família. Quase mil pessoas ficaram desamparadas
temporariamente à época. Mas a fábrica vendeu seu patrimônio para honrar os
encargos trabalhistas de todos.
‘Seo’ Valdir é aposentado pelo INSS. É casado com Maria de Lourdes
Sena Monteiro com quem tem duas filhas e cinco netos. É normal vê-lo usando o
que sempre souber fazer na vida: a simplicidade e a serenidade. É uma pena que
os políticos da terra nada tenham feito para que este pernambucano radicalizado
em União dos Palmares continuasse a gerar renda e emprego para a cidade. Aliás,
isto é um fator comum ainda nos dias de hoje.
Os prédios da antiga fábrica estão maculados em sua originalidade.
Uma escola, um futuro banco, uma indústria que também recentemente fechou e um
posto de gasolina. Da ‘Fábrica de Correntes’ só o olhar saudoso e melancólico
de “Seo” Valdir um dos maiores contribuintes para o desenvolvimento de União
dos Palmares e hoje esquecido e porque não, invejado.
Antiga CIC- Comercial e Industrial de Correntes
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