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domingo, 19 de julho de 2020

Memórias Molhadas Por Jeová Santana


18.6.2010, União dos Palmares. Manhã de sexta-feira. Da varandinha no apê do Loteamento Jaguaribe, primeiro dei uma de Mister Magoo, o personagem míope do desenho animado: “Estou vendo o rio daqui!”. Depois saí para a tradicional caminhada. No Beco do Roncador, por onde sempre passava, encontrei muita água. Resolvi, então, ir pela rua principal. Nela, a ficha caiu: muita lama entremeada, entre outras coisas, com produtos de lojas e mercadinhos.

Continuei a caminhar em meio ao cenário de guerra. Encontrei meu amigo João Nunes. A palavra tragédia na primeira frase. Vimos um corpo sendo retirado do canal, que hoje cruza a rua “Mata-Quatro”, mas já foi o rio Cana Brava até os anos 1980. À esquerda, lembro a altura da água quase a cobrir um simulacro de outdoor. Resolvemos ver o que acontecera nas margens do Mundaú. Duas ruas, Ponte e Jatobá, sumiram. Encontrei Reinaldo de Sousa, professor da UNEAL, que tirava fotos com seu celular. Ele as recuperou, a meu pedido, na galáxia virtual. Entre tantas, guardo a imagem do capô de um carro repleto de documentos e álbuns enlameados. Ergui os olhos para a outra margem e vi a cena só conhecida na TV: o telhado de uma solitária casinha.

Ali, sim, bateu a real: testemunhava a maior enchente em algumas cidades da Zona da Mata Alagoana, inclusa a União dos Palmares de Zumbi e Jorge de Lima. A volta ao apê revelou novas facetas: estava sem energia. Sem ela, não tinha banco. Sem ele não tinha grana. Além disso, adeus celular! Voltar para Maceió estava fora de cogitação, pois as pequenas pontes na BR-104 estavam cobertas. Na condição de aliado de Noé, só pude reencontrar os braços da bem-amada no domingo à tarde.

Depois chegaram os relatos impressionantes sobre mortes, sumiços e sobrevivência: moradores do Muquém, reduto quilombola, passaram a noite inteira em uma jaqueira. Alguém se salvou agarrado a um botijão de gás; outro a uma tora de madeira. Antes de qualquer palavra, essas cenas já são o mais puro cinema. Outro impacto da força das águas resultante da junção entre a chuva e o romper de uma barragem em Pernambuco: arrastou gigantescos tanques de usina.

Também me tocaram os relatos sobre a perda ou o esforço para salvar livros e material escolar, sobretudo entre alunos da UNEAL. Antes que algum aventureiro lance mão, é minha a ideia de fazer um documentário pegando seus depoimentos. Já tenho até o título, “Palavras molhadas”, com a mesma técnica do documentarista Eduardo Coutinho: fundada na conversa e no à vontade do entrevistado.

Aos que perderam tudo, ainda restava buscar forças para atravessar a condição de desabrigado e esperar a aranhosa solução oficial para adquirir uma nova morada nos arredores da cidade. Pelos dois anos seguintes, a fileira de barracas, onde muitos passaram a viver, nos dava a noção do que é ser refugiado no seu próprio chão.

“Naquela fatídica manhã de sexta-feira...” Ouvi essa frase na voz de Gilvan Fontes, apresentador de telejornal, sobre o desabamento do Mercado das Verduras em Aracaju. Numerólogos, espiem a data: 18.6.1977. A frase voltou com toda a força na enchente de União. E assim se passaram dez anos. De alguma forma, aquela trágica experiência, que mexeu com o individual e o coletivo, foi um ensaio para a tragédia que hoje nos assola em escala global. Aquela sexta palmarina também foi marcada pela despedida de José Saramago, o criador de Ensaio sobre a cegueira. Uma narrativa visceral sobre a fragilidade humana perante o desconhecido. Hoje ela reverbera na divulgação diária de números assombrosos que promove, principalmente entre pobres e negros, o apagamento de suas experiências no curto milagre da vida.


Créditos: 
Foto 1 - Reinaldo de Sousa
Foto 2 - JMarceloFotos

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Uma aula de campo para ficar na memória e no coração de todo/as.


Nesta quarta-feira, (19), os alunos da Escola Municipal Dr. Antonio Gomes de Barros no distrito de Rocha Cavalcante, estiveram revisitando lugares onde a enchente de 2010 passou destruindo residências e sonhos.

A aula de campo realizado com os estudantes da Educação de Jovens e Adultos - EJA, faz parte de um projeto onde os jovens irão apresentar suas produções de textos, relatos e vídeos sobre a cheia que neste mês completou 09 anos.

Passar algumas horas no centro velho da Barra do Canhoto é bem marcante foi neste lugar que passei minha infância e começo da minha adolescência. Pisar na terrinha vem várias lembranças na minha memória, pequenos filmes/ imagens/ cheiros/ sons de uma época que a garotada fabricava seus próprios brinquedos.

Recordações como os banhos no Rio Canhoto, festas da padroeira Nossa Senhora de Lourdes, a rica feira livre que aos domingos recebia milhares de pessoas da região para comprar e vender de tudo, onde meus pais tirava o sustento dos 6 filhos vendendo galinhas de capoeira e tecidos, a chegada dos circos que movimentava o vilarejo e encantavam nós "MATUTOS", as idas / vindas para União de carro e, principalmente de trem apreciando belas paisagens da zona rural de União dos Palmares.

Por fim, relembrar minha antiga residência e moradas dos familiares onde aproveitei para tirar fotos. Sem falar do lugar especial onde aprendi as primeiras letras e números como aluno e atualmente sou PROFESSOR!!!

O antigo colégio foi derrubado alguns anos depois da última inundação. A nova construção fica situada no Conjunto Habitacional José Carrilho Pedrosa, onde residem a maioria da população da comunidade. A nova escola funciona neste espaço há 5 anos e recebe alunos do povoado e dos sítios vizinhos, a exemplo da Pindoba I e II, Esfrega Folha, Cavaco, Faz. Guanabara e Aliança entre outros.

Acompanhado da coordenadora Cleonice da Silva, os educandos iam recebendo orientações e ouvindo alguns adultos / idosos que estiveram na cena do dia 18 de junho de 2010. Nesse filme baseado em fatos reais ouvimos depoimentos tristes e assustadores, porém, com sorrisos tímidos ao falarem das vidas preservadas neste drama.

Viva Rocha Cavalcante!!!
Viva União dos Palmares!!!
       

domingo, 28 de abril de 2019

Escola Estadual Rocha Cavalcanti - 91 anos contribuindo com a educação alagoana



Idealizada e construída no final da década de 20, inaugurada no dia 28 de abril de 1928, sob o nome Grupo Escolar Rocha Cavalcanti, tendo como diretor o Sr. Aprígio de Queiroz Fonseca. 

Em 1931 assumiu a direção a Professora Alice Calheiros Véras, permanecendo na função até 1943.

O brasão utilizado como marca da escola foi criado em 2011, a partir dos traços da fachada do prédio, pelo professor Edson Gomes de Oliveira Filho, tendo sido idealizado pela gestora da época Sueleide Barbosa Duarte.

A escola possui uma estrutura arquitetônica no estilo neoclássico, sendo reconhecida como patrimônio histórico e cultural de Alagoas através do seu tombamento em 23 de maio de 2014. 

Foi a primeira unidade escolar a ser construída no centro urbano da cidade de União dos Palmares. Situada à Rua Correia de Oliveira, uma das mais importantes do ponto de vista histórico da cidade de União dos Palmares. 

Fez história como um Centro de Formação de Professores na região, a priori ofertou Ensino Primário do 1º ao 4º ano, Ensino Médio - Modalidade Normal – 1º ao 4° ano e o Programa de Formação de Docentes em Exercício em Educação Infantil - PROINFANTIL. Atualmente oferta Ensino Médio Integrado, com cursos de Ludoteca e Secretaria Escolar.

Desde sua fundação a escola desenvolve projetos que incentivem o aprendizado como o Clube de leitura “Medeiros Neto” – inaugurado em 06 e setembro de 1944, composto por alunos do 3º e 4º ano primário, onde eram apresentados contos, poesias, fábulas, canções e anedotas e o Clube agrícola “Euclides da Cunha” criado em 05 de abril de 1945 que compreendia a aplicação da agricultura, nos serviços de hortaliças e jardinagem, a preparação de canteiros e o plantio de mudas.

Pioneira e referência em educação, acolheu ilustres palmarinos, como Maria Mariá de Castro Sarmento (aluna entre 1931 e 1932), Maria Leal Feitosa (professora entre 1932 e 1947), além do ex-governador do estado Manoel Gomes de Barros, o Desembargador Otavio Leão Praxedes, entre outros.


Quem foi Rocha Cavalcanti 

Coronel Francisco Rocha Cavalcanti
Natural de São Miguel dos Campos, foi Deputado Provincial de Alagoas entre 1880-1881, Senador Estadual entre 1895-1900 e Governador do Estado de Alagoas, como substituto legal em 1917. 

Era considerado um legítimo senhor de engenho, fazendeiro de grande projeção na agricultura e na pecuária local. De acordo com o relato de Povina Cavalcanti: “[...] como todo senhor de engenho, o Coronel Chico Rocha, da família Rocha Cavalcanti, impunha distância no trato social. Quando vinha à cidade, num impecável terno de linho H.J., alvejava por todos os lados. Até o chapéu-do-chile, de abas largas, era um desafio de elegância patriarcal”.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

"Neste momento minha mente, retorna para fevereiro de 2015 quando nos encontramos pela primeira vez na escola, no 6º ano, iniciando a mais fabulosa jornada de nossas vidas" Professor José Marcelo


Caro Alunos,

Neste momento minha mente retorna para fevereiro de 2015 quando nos encontramos pela primeira vez na escola, no 6º ano, iniciando a mais fabulosa jornada de nossas vidas, onde o respeito, sorrisos e, principalmente, conhecimentos foram prioridades.

Nestes 4 anos, seria difícil enumerar os momentos mais marcantes que passamos na Escola Municipal Dr. Antônio Gomes de Barros. Creio que para vocês também. Mas, poderia destacar o amadurecimento de vocês e daqueles que, por algum motivo, não puderam estar nessa formatura. 

Pude sentir a força da nossa união através da nossa troca de conhecimento. Além da gratidão por todos, quero estender o nosso sucesso aos demais funcionários de apoio, professores, coordenação e direção. Todos os profissionais fazem o sucesso da comunidade escolar Antônio Gomes.

Vocês são vencedores!!! Falo com ênfase porque relembro nosso passado, nossas aulas e registros fotográficos no ensino fundamental. E, infelizmente, muitos não se encontram aqui hoje. 

Esta noite é para celebrar vocês, homenagear cada um de modo especial! Estamos felizes por mais uma conquista de todos.

Desejo sucesso no Ensino Médio. Desejo também sucesso no IFAL para nosso representante desse ano, Allif Lopes. Que os erros cometidos nessa escola não ocorra na próxima que vocês vão estudar. Sejam alunos protagonistas, participativos e arrasem nas apresentações. Mantenham vivas dentro de vocês a sua essência e a esperança de vida melhor. 

Desejo, ainda, que o ano novo seja repleto de realizações, nas vidas de todos e de suas famílias.

Beijos!

Professor José Marcelo Pereira da Silva.