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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

"É barato visitar União dos Palmares" Cleiton Santana


A cada ano quando o mês de novembro se aproxima começam os debates sobre a cultura palmarina. O principal tema é a cultura negra, já que foi instalado em terras palmarinas o maior quilombo do país. O assunto toma conta nas rodas de amigos, nas redes sociais, nas rádios locais e nas instituições de ensinos.

O guia Cleiton Santana da Silva, que trabalha há 10 anos na área, diz que a cidade teve avanços. Segundo ele "as ruas de União estão mais organizadas, com placas indicando os nomes das ruas e os pontos de visitação estão todos funcionando, como a Casa Maria Mariá e Casa Jorge de Lima". Mas reconhece que precisamos fazer mais.

Aos 29 anos, Cleiton Santana, acredita que muitas das ações hoje desenvolvida na cidade, a exemplo da matéria Cultura Palmarina, serão importantes para que as próximas gerações deem continuidade ao legado de Zumbi dos Palmares. Para ele muitos palmarinos não tiveram a oportunidade de conhecer a própria história e, hoje estão conhecendo um pouco. Essas atitudes terão reflexo lá na frente. Cleiton tem certeza que em 10 anos a cidade será bem procurada pelos turistas.

Cada setor da sociedade tem como contribuir para esse desenvolvimento. O poder público cuidando da cidade, o comércio usando uniformes com características africanas e cada morador pode contribuir divulgando a cidade nas redes sociais, por exemplo. Cleiton diz que União é uma cidade barata para os turistas. Todos os museus e o parque na Serra da Barriga não cobram a entrada, diferente de outras cidades do país.

José Carlos dos Santos, estudante de Letras (UFAL), nasceu na Serra da Barriga e há 4 anos trabalha com cultura e turismo na cidade. Para ele trabalhar com turismo é "uma troca de experiências já que quem chega de fora também tem uma bagagem de conhecimento local"

José Carlos acredita que o grande avanço na cultura de União foi a instalações das estátuas na cidade, o que dá uma referência a Terra de Zumbi. Porém, segundo ele, o município tem que acomodar melhor os turistas, seja ampliando as vagas dos quartos ou profissionalizando os funcionários dos hotéis e dos demais setores do comércio. A população pode ajudar nesse processo fazendo algo simples: não jogando lixo nas ruas. É comum ver a cidade com lixo por todo o centro e nos bairros afastados. O guia ficou horrorizado com o que viu na cidade de Colônia Leopoldina, além dos lixões por toda a cidade, a BR que dá acesso ao município tinha lixo no meio da pista.
A construção do Parque Memorial Zumbi dos Palmares em 2007 fez com que o número de turistas aumentasse em União. José Carlos diz que esse número seria maior se o acesso a serra estivesse pronto (no inverno ninguém sobe) e se houvesse uma programação cultural no platô da serra. Como guia, ele não deixa de levar os visitantes à serra da Barriga, Casa Jorge de Lima, Casa Maria Mariá, povoado Muquém e o engenho Anhumas. Os guias palmarinos cobram dos grupos de turistas R$ 50 por um tour.
 
Para Sérgio Rogério, um dos problemas que a cidade tem em relação a cultura e o turismo é que essas pastas foram confundidas com o folclore (mula sem cabeça, saci e etc) e por isso a sociedade não dá valor ao rico patrimônio cultural do município. Fazendo um comparativo da Serra da Barriga de 1988, quando ele subiu pela primeira vez, com hoje a divulgação é bem maior, o acesso é melhor (há pontos calçados) e na década de 80 não havia o Parque Memorial.

A sociedade só vai se identificar com a cultura da cidade se houver mudanças nas práticas culturais e educacional, diz Sérgio. A disciplina Cultura Palmarina veio para ajudar nessa compreensão, mas só a disciplina não basta. Falta professores preparados. Outra atitude é divulgar melhor o município nos aeroportos, rodoviárias e agências de turismo do Brasil.

E o que você, leitor palmarino, acha? Qual a sua proposta para melhorar a cultura e o turismo em União dos palmares?

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