Doceiras do Muquém |
A convite de Maria das Dores Oliveira (Dorinha) estive no Povoado Muquém, zona rural de União dos Palmares, para provar os doces caseiros produzidos pelas doceiras da comunidade. A tradição dos doces é uma herança dos mães e avós das cozinheiras.
Antes, os doces eram feitos em outubro e novembro para as festas de fim de ano e ficavam armazenados em potes de barro, pois não havia rede elétrica na comunidade, o que impedia o seu armazenamento de longo prazo.
Antes, os doces eram feitos em outubro e novembro para as festas de fim de ano e ficavam armazenados em potes de barro, pois não havia rede elétrica na comunidade, o que impedia o seu armazenamento de longo prazo.
Segundo Dorinha, que presidente da Ádapo - Muquém de Remanescestes Quilombolas (associação dos moradores do Muquém), as frutas usadas nos doces são as de época. Nesse momento, as doceiras estão trabalhando com mamão, abacaxi, banana, jaca, manga e goiaba. A produção ainda é pequena e os alimentos são feitos na cozinha de Dorinha. O local para a futura fábrica já está definido. A associação procura parcerias para viabilizar o projeto, que futuramente irá trabalhar com o pé-de-moleque, outro alimento cultural do lugar.
Como muitas famílias na comunidade são pobres, a fabricação de doces no local é uma alternativa financeira, pois muitas vivem da cana-de-açúcar. A comunidade ainda busca outras fontes de sustento. "Quem comprar o doce da comunidade, compra também um pouco de nossa história" diz Dorinha.
Maria Aparecida (Aninha) de 35 anos é uma das doceiras. Considerada pelas demais uma "cozinheira de mão cheia", já que é habilidosa no preparo de diversos pratos. Mãe de 4 filhos, ela diz que lembra das festas de São João, onde as mulheres faziam vários tipos de comidas de milho, e como sempre ajudou nas festas em casa aprendeu a fazer os alimentos. Clemilda Nunes de 39 anos disse que também aprendeu a cozinhar com os mais velhos. Em suas memórias, depois da festa de ano novo a comunidade do Muquém seguia em romaria à cidade de Flexeiras, para visitar os santos. A comunidade hoje não tem terreiros de umbanda, a sua maioria são católicos, porém no Muquém tem curandeiros.
Aos 42 anos e formada em letras pela FUNESA, atual UNEAL, Dorinha vem divulgando os trabalhos das doceiras em União e nas cidades vizinhas. Na Feira dos Municípios, realizada em janeiro em Maceió, elas estavam
lá vendendo seus produtos. A presidente disse que pretende ficar na
coordenação e futuramente incluir mais mulheres no preparo dos doces.
Com outros projetos na cabeça, Dorinha disse que nos novos projetos serão incluídas famílias diferentes, para que outros trabalhadores do povoado possam ter um renda no final do mês.
Contatos de Dorinha 9928 5019, 9141 3143, 8836 8670 e 8137 3619
Com outros projetos na cabeça, Dorinha disse que nos novos projetos serão incluídas famílias diferentes, para que outros trabalhadores do povoado possam ter um renda no final do mês.
Contatos de Dorinha 9928 5019, 9141 3143, 8836 8670 e 8137 3619
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