O município de União dos Palmares
fica a 83 quilômetros de Maceió, na Zona da Mata de Alagoas, região
conhecida pelo clima, úmido e agradável. Porém, há mais de quatro meses o
cenário mudou. A estiagem prolongada secou o Rio Mundaú que abastece a
cidade. Sem ter onde conseguir água, muitos moradores deixaram a cidade
para tentar a vida em outras cidades.
É o caso da dona de casa Maria José Arecipo. "Meu filho pegava água de
outro local para comer e cozinhar. Depois ele pegava água para toda a
família tomar banho. Era muito difícil essa situação”, desabafou Maria
José.
Muitos agricultores familiares não tiveram como alimentar os animais.
“A alternativa foi soltar os bichos. Cortei as cordas das minhas cabras
para que elas pudessem arrumar uns talinhos de comida no meio do mundo”,
afirmou dona Maria José.
Cerca de 60% do abastecimento de água da cidade depende do Rio Mundaú,
que está com o nível abaixo do normal. A principal unidade de captação
opera no limite mínimo. De acordo com o secretário de Comunicação do
município, Hermes Marques, alguns bairros ficam até cinco dias sem água
e, se não chover nos próximos dias, a prefeitura deve decretar situação
de emergência.
“Essa situação entristece muito porque você vê os animais e os agricultores da região pedindo socorro. No município de São José da Laje já acontece um rodízio de água para tentar minimizar os efeitos da seca, mas aqui a situação é pior”, desabafou o secretário.
Há pouco mais de dois anos a população de São José da Laje, que fica na Zona da Mata de Alagoas
sofreu com uma das piores cheias da história do estado. O rio Canhoto
transbordou e destruiu casas e pontos comerciais na região. Hoje, dá até
para andar sobre as pedras que antes ficavam submersas.
A maioria das famílias depende da agricultura de subsistência para
sobreviver. Francisca da Silva perdeu duas pequenas plantações porque há
seis meses não chove na região. Ela precisa colocar o pouco de água
potável que resta para sua família na pequena cacimba para evitar que
ela rache.
Os dados da sala de alerta do Estado, que monitora o clima em Alagoas,
revelam que nos últimos 12 meses choveu apenas 50% do esperado na Zona
da Mata. Mas as previsões para a região são otimistas.
“Dois fenômenos climáticos foram responsáveis pela seca em Alagoas. Mas
a previsão para os próximos meses é animadora. Esperamos que chova para
minimizar a situação da população na região”, disse o meteorologista da
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas, Vinícius
Nunes Pinheiro.
Nível de água crítico na barragem de captação de água bruta na cidade de Santana do Mundaú.
Foto Blog Mundaú Notícias
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