dedo na ferida
um brinde à ausência,
a todo sentimento de falta,
a todo sentimento de falta,
toda essa ansiedade semanal
fracassada de reviver o passado
a todos as esmolas de amizade que
se concede a quem já teve tudo
a toda a falta de poesia que sobra
de qualquer luto
a essas crises ébrias
cheias de sobriedade
cheias de sobriedade
a esse sentimento de espera
da morte da saudade
da morte da saudade
[já que eu não a mato]
Sina
Ou quando melhor te será
O sentido já está aqui
O sorriso chega
Quando você chegar
Já tenho o enredo
E os personagens
Dubles de corpo e de mente
Chegar e permanecer
Cegar, mas sem deixar morrer
Esperar, sem descansar
Tirar as sandálias pro beijo durar
Dia de Glória
Naquele
período tão complicado fui em busca dos grandes sonhos. Sequer tinha como
tentar... não sem recorrer ao que não podia e comprometer pelo menos os
próximos doze meses. Mesmo assim, lá fui eu. Alguns livros, quatro provas,
pouco dinheiro e a enorme vontade de vencer...
Desejo
potencializado com aquela derrota prévia. Ela ainda doía, não mais que aquelas
palavras tão tristes quando ouviu o "não passei". Quis tanto levá-la
aquele lugar, poder abraçá-la quando o que ela não queria seria motivo de muito
orgulho.
Com
esse espírito comecei a batalha vencida em dois tempos, enfim pude ouvir e
sentir aquele sorriso fisicamente distante mas presente em cada noite mal
dormida e palavra escrita naquela tarde de glória, era tudo por ela, pela
felicidade dela...
Jurei,
por mim, pela sociedade, pela profissão que tanto lutei para exercer e por
aquela rua sem fim no caminho de volta para casa... Mas quis o destino que logo
descobriria ser tão difícil manter o juramento.
Na
semana em que ser certo foi errado, fiquei distante do grande sonho e perdi
para um dos meus maiores adversários: Eu.
Em
outra das provas, ainda fruto dos doze meses, a falta de confiança prevaleceu...
Onde era apenas uma vaga, com certeza ela não seria minha. Tolo. A vida me
mostraria que ela não foi pela falta de confiança, por não acreditar que
poderia sim ser o primeiro, por duvidar de tudo aquilo que sempre fiz, por no
fim sequer acreditar em quem realmente sou.
Talvez
tinha que aprender definitivamente a acreditar, sentir mais um pouco o peso do
que jurei e perceber que o caminho é mais longo do que imaginava.
Bruno Monteiro
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