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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Não Queria Ser Santo Antônio Por Gilmar Oliveira Silva


E não é que já chegou
O dia dos namorados!
Muita troca de presentes
Acontece em todo lado.
E eu cá observando
Tudo isso avançando
E ficando encafifado.

É a preocupação de agradar
A pessoa que namora.
Ou até mesmo a vontade
De arranjar alguém agora,
Ou só a demonstração
De que tá feliz, então,
Mas por dentro ali se chora.

E como tem tanta gente
Chorando nesse momento!
Uns sustentando uns namoros
Mais inconstantes que o vento
Só pra dizer que namora
E a tristeza ali aflora,
Nem servem de passatempo.

Tem gente demais assim
Se iludindo, se matando
Pra dizer que não tá só
E a si mesmo sufocando,
Perdendo muita da vida
Nessa ação mal sucedida
E o tempo, então, passando.

Tem gente muito infeliz
Por não ter um namorado,
Achando que a existência
Desse ser tão desejado
Vai garantir o seu bem
Se submetendo também
A ter outrem a seu lado.

É a fraqueza tão nítida
Se evidenciando, então.
É a falta de amor próprio
Nesse assunto em questão.
É a forte dependência
Que acontece com frequência
Bitolando o coração.

É a simpatia rolando.
É o santo castigado.
O pobre de Santo Antônio
Que paga um pato danado.
Ou ele atende aos pedidos,
Ou será submetido
A ficar bem torturado.

Repare se ele tem culpa
Desse monte de inconstância!
A maioria do povo
Quer viver na chafurdância
E vivendo sem critérios
Pouco se quer do que é sério
Nesse mundo de ganância.

Não falta gente dizendo
Que é sério e é decente,
Que quer ter uma coisa sólida,
Que é um bom pretendente.
Na primeira ocasião
Foge mais que um ladrão
Se tornando incoerente.

Eu que não queria ser
O pobre de Santo Antônio
Pra dar conta da empreitada
Tão difícil: o matrimônio.
E viver nessa enrascada,
Essa coisa complicada,
Esse assunto tão medonho.

Imagina a enrascada
De juntar o mundo inteiro
Arrumando casamento
Pra esse povo interesseiro.
Queria ser qualquer santo
Pra viver queto no canto,
Jamais ser casamenteiro.

Podia ser até mesmo
Igual a Santo Expedito.
Cuidar das coisas urgentes,
Seria fácil o batido.
Ou das causas impossíveis,
Santa Rita, tão incrível,
Seria bem mais tranquilo.

E santo como não sou
Vou me arriscar por aí,
Quem sabe um dia não ache
Alguém que deva investir.
Mas primeiro vou me amar
De ninguém vou esperar
A importância de existir.



Autor: Gilmar Oliveira Silva

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