Mesmo adoentado, foi impossível ficar longe da história do rapaz que ficou nu numa festa de formatura, no último sábado.
Não o conheço e não tenho a mínima ideia de quem se trata. Não sei ao
menos se ele sofre de algum distúrbio, ainda que momentâneo e pontual.
Entendo e compreendo o comportamento da meninada que estava no local,
bem próprio da idade – a galhofa vai render dias de conversas e muitas
piadas.
Mas alguns pontos me chamaram a atenção no episódio. Por exemplo: a
quantidade de pessoas filmando a cena, com o objetivo claro de postar na
rede – o que fizeram.
A sociedade do espetáculo só vê a vida em replay ou pela tela de um
celular. Eis uma “doença” que se espalha entre adolescentes, jovens e
adultos infantilizados (uma espécie que se multiplica mais do que rato
na era da internet).
Também me pergunto (e fiz a mesma indagação a alguns “velhos” da
minha idade): o rapaz não teria um só amigo ou conhecido, no local, com
algum altruísmo, uma nesga de solidariedade, que o impedisse de chegar
ao desfecho midiático?
Posso estar equivocado, afinal o tempo é traiçoeiro para quem tenta
resgatá-lo, mas na minha geração muito dificilmente fato semelhante
aconteceria.
Haveria, sim, um de nós que ao menos tentaria impedir que se chegasse
àquele desfecho, ainda que com o uso da força. Ninguém ganhou com
aquilo: perdeu o rapaz, que dificilmente resgatará seu sossego, perderam
aqueles que só trataram de filmar o “escândalo”.
Se alguém tinha algum distúrbio, ali, não me parece que era só ele.
Blog Ricardo Mota
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