Apesar de
sua debilidade física, a funcionária pública municipal, Cleria Lilian
Vilas Boas, 35 anos, conhecida como Kelly, era uma pessoa feliz,
sorridente, simpática, extrovertida, ela jamais iria imaginar que seus
dias de vida estavam próximos de acabar. Kelly participou ativamente da
campanha vitoriosa de Beto Baia e Eduardo Pedrosa e por isso não parava
de comemorar. Vez por outra, a encontrava em algum restaurante com
amigos, trocando ideias, e sempre falava que estava muito feliz e
realizada pela vitória nas eleições.
Em
uma dessas comemorações com alguns amigos, no centro de União, depois
de ingerir alguns copos de cerveja, ela se dirigi até a sua residência
na companhia do amigo Alexsandro da Silva Ferreira, conhecido por Alex.
Lá chegando, - ambos em estado de embriaguez -, ele pede para passar a
noite, alegando que era madrugada e seria perigoso andar pelas ruas
àquela hora. Clerian resolve então dar abrigo ao amigo e permitiu que
ele ficasse até que o dia amanhecesse. Ela jamais imaginava que uma
tragédia estava prestes a acontecer e que sua morte estaria tão próxima;
Kelly é encontrada sem vida, deitada em uma cama.
Estava em minha residência quando através de um telefonema, tomei conhecimento de que Kelly estava morta e que provavelmente teria sido assassinada por esganamento – segundo pericia da Polícia Científica -. O crime ocorreu na madrugada do dia 28 de março de 2013, na rua Nova, centro de União dos Palmares.
Estava em minha residência quando através de um telefonema, tomei conhecimento de que Kelly estava morta e que provavelmente teria sido assassinada por esganamento – segundo pericia da Polícia Científica -. O crime ocorreu na madrugada do dia 28 de março de 2013, na rua Nova, centro de União dos Palmares.
Fui pego de
surpresa e a pessoa ao telefone me falou que aparentemente ela teria
sofrido um ataque fulminante. Perguntei sobre as condições em que o
corpo de Kelly se encontrava, e o informante me disse que ela tinha
manchas pelo corpo, principalmente na região do pescoço. Foi aí então
que falei para não permitir que ninguém adentrasse a casa porque o local
teria que ser preservado, pelas características em que o corpo foi
encontrado, provavelmente teria ocorrido um assassinato, como de fato
ocorreu.
De imediato entrei em contato com os colegas policiais civis que estavam de plantão naquele fatídico dia. Pedi também para que acionassem o Instituto de Criminalística (IC) e o Instituto Médico Legal (IML), o primeiro para fazer a perícia de local e o outro para remoção do cadáver.
Atendendo a muitos pedidos, resolvi então assumir toda a responsabilidade das investigações do rumoroso caso. Deixei outros afazeres para me dedicar exclusivamente de corpo e alma nas diligências, para provar que Alexsandro teria assassinado Kelly. Para mim era questão de honra descobrir o que na verdade teria ocorrido naquela noite e investigar para depois prender o acusado. Fui às emissoras de rádio e prometi que o suspeito – até então de paradeiro desconhecido – seria preso em um curto espaço de tempo.
No dia seguinte, fui determinado de forma oficial pelo então delegado
regional Valdecks Pereira, para investigar o crime. A pressão de vários
seguimentos a autoridade policial para esclarecer o brutal assassinato
era muito grande; Direitos Humanos, Conselho Estadual da Mulher, membros
do Partido dos Trabalhadores, parentes, amigos, e muita pressão da
sociedade palmarina, sobretudo, da imprensa escrita e falada.
Iniciei as investigações procurando pistas em todos os locais em que
vítima e acusado frequentaram naquele dia, principalmente os lugares em
que ambos estiveram naquela noite. Tomei conhecimento de que a última
localidade em que ela esteve foi no posto de combustíveis Santa Maria
Madalena com alguns amigos e dentre estes estaria Alexsandro Ferreira.
Procurei ouvir todos aqueles que mantiveram contato com a vítima naquele
triste dia, como também ouvi e conversei com pessoas que tinham amizade
e conhecia de perto a índole, o aspecto e o modo de vida do provável
assassino. Intimei várias pessoas as quais poderiam ajudar a esclarecer o
caso, e que conheciam e tinham amizade tanto com Kelly quanto com
Alexsandro. Eu não poderia prendê-lo sem as provas necessárias sobre o
cometimento do crime, teria que ter elementos comprobatórios suficientes
de que realmente ele teria assassinado Kelly, para que o mesmo não
fosse preso e solto no mesmo instante. Em nenhum momento deixei-me levar
pela emoção, agi, como sempre fiz em toda a minha vida, pela razão,
deixando o coração de lado e agindo profissionalmente, procurando provas
técnicas e testemunhais para comprovar a culpabilidade do acusado.
Depois de todas as provas, teria ainda que esperar o laudo da Policia
Científica para saber e provar tecnicamente que ela teria realmente sido
assassinada. Mas o tempo corria e as chances de uma fuga para outro
estado era real, a qualquer momento Alexsandro fugiria, e aí ficaria
muito difícil sua captura, porém, não poderia jamais prendê-lo sem as
provas necessárias do crime, porque seria um risco muito grande.
Certamente ele seria colocado em liberdade porque não haveria flagrante.
O tempo foi um ótimo aliado para o sucesso das investigações e
consequente prisão de Alexsandro Ferreira da Silva.
Depois das investigações, passei então a conversar com algumas pessoas
para encontrar pistas que me levasse à captura do criminoso, e através
de telefonemas, pessoas informavam sobre seu paradeiro. Várias
informações que chegavam a mim eram desencontradas, elas davam conta de
que o provável assassino estaria no conjunto José Tenório, em Maceió,
outros afirmavam tê-lo visto na casa de uma irmã na Cohab Velha, outros
ainda diziam que ele estaria em uma fazenda da região, outros comentavam
que ele estaria se programando para fugir. Chequei todos esses locais,
até que, descobri que Alexsandro estaria homiziado em uma residência nas
proximidades do “Bar do Bode”, no município de São Jose da Laje. Sem
perder tempo, me desloquei com os agentes Jânio e Flávio até a casa onde
estaria o suposto assassino. Ao chegar ao local indicado por um
informante, fizemos um cerco a casa onde ele estava e de imediato
ordenamos que todos ficassem de costas para a parede, nesse momento,
passei a perguntar o nome daquelas pessoas, já que não conhecia o
acusado pessoalmente, e felizmente um deles disse que se chamava de
Alexsandro. Nesse instante demos voz de prisão, e o conduzimos até a
presença da autoridade policial.
No caminho, dentro do carro da polícia, Alexsandro contou sua versão.
Ele disse que ao chegar à residência, a tia de Kelly teria oferecido
bebida e a vítima havia recusado por se dizer cansada. Ela teria tomado
banho indo dormir apenas de camisola, deixando a porta do quarto aberto e
chamando-o para deitar com ela, o que somente o fez após a tia dela ter
ido dormir. Ao acordar por volta das 3 horas, ela estava morta. Antes
disso, porém, segundo o acusado, Kelly o teria chamado de “bixa” porque
ele não quisera ter relações sexuais com ela, por conta disso, ele teria
apertado no pescoço da vítima e quando a viu desacordada, resolveu sair
discretamente, sem saber que a tinha matado. Essa é a versão do
assassino. Nenhuma criança por mais inocente que seja acreditaria nessa
versão, e com meus 30 anos de polícia, jamais poderia acreditar nem
aceitar aquela história. Aquilo era um álibi muito fraco, sem coerência,
fictício, inexistente.
O assassino ficou preso na carceragem da delegacia regional de União dos
Palmares, mas devido à hostilidade dos outros detentos, e para garantir
a integridade do custodiado, resolvemos então levá-lo até a delegacia
de Santana do Mundaú, onde ele permaneceu por um bom tempo, depois, foi
novamente transferido para a delegacia de União. Alexsandro Ferreira
foi a julgamento popular no dia de hoje no Fórum de União dos Palmares e
foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado.
Fonte: Blog do Ventura
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