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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Quilombo dos Palmares emociona - Terra de Zumbi é viagem recomendada



Ontem tive a possibilidade de conhecer o Quilombo dos Palmares. É de arrepiar. Impossível não sair emocionado e reflexivo do passeio. É um daqueles lugares que exala uma energia que sensibiliza até mesmo aqueles nada ligados às questões metafísicas, como é o meu caso. Se tiver oportunidade, não perca a chance.

O Memorial Quilombo dos Palmares é tombado pela União e fica na Serra da Barriga, na zona rural do município de União dos Palmares (AL), nove quilômetros do centro urbano. A cidade se situa a 80 quilômetros de Maceió. Fiz um bate e volta da capital sem dificuldades. Saí do hotel por volta de 9h30 e 15 horas já estava de volta.

É possível fazer o passeio sem a companhia de um guia turístico, mas não recomendo. Na estrada de terra até o local não existem placas indicativas. No Memorial, as orientações também não são satisfatórias. Contratei os serviços de Clayton (82-3281-1799), palmarino super atencioso que conta a história do local em detalhes.

Ele detalha a saga da comunidade fundada pela Aqualtune ainda no século XVI e que depois teve a liderança de Ganga Zumba e após do mais lendário de todos, seu sobrinho Zumbi. Dos saques aos engenhos próximos para garantir mantimentos e libertar escravos para se juntarem ao projeto maior dos 13 quilombos que formavam Palmares até a derrocada com as incursões do bandeirante Domingos Jorge Velho, já no século XVII. Uma verdadeira aula de história e inspiração para lutas e resistência.

A visita ao local implode o mito que erroneamente ainda persiste de nosso suposto passado pacífico. Não. A história do Brasil é permeada de sangue, guerras e disputas. A violência está em cada página de nossa história. Seja na luta pela liberdade, seja nas disputas internas de poder, seja na recuperação do prestígio colocado em xeque. Cada passo foi feito sobre o cadáver do opositor.

A vista panorâmica que a Serra da Barriga oferece é a própria explicação da escolha daquele local pelos escravos refugiados dos engenhos da então Capitania de Pernambuco. O horizonte é amplo, enxergamos longe. Onde hoje está tudo tomado pelas plantações de cana, imaginamos como seria o cenário todo fechado pela Mata Atlântica da época áurea de Palmares. Um belo exercício para a criatividade.

Gosto de sair do tradicional roteiro praiano quando viajo ao Nordeste. Muito além das paradisíacas paisagens, essa região do Brasil é berço de nossa história. Ficar só no litoral é limitar muito as possibilidades de diversão e aprendizado da viagem. Como já disse, caso tenha a oportunidade de conhecer Palmares, não a perca. Você não será o mesmo depois da experiência.


Pablo Kossa: Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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