Um
dos principais nomes ligados à resistência à escravidão no Brasil é o de Zumbi,
escravo de origem africana que não aceitou sua condição de cativo e fugiu da
fazenda em que trabalhava. Mas você sabe o motivo pelo qual ele ficou tão
famoso, sendo uma referência para o movimento negro brasileiro?
A
fama de Zumbi está relacionada à sua liderança no Quilombo dos Palmares.
Quilombo (ou mocambo) foi o nome dado aos locais construídos pelos
escravos no Brasil como focos de resistência à escravidão. Eles formavam-se
após a fuga dos escravos das fazendas, engenhos e mesmo das casas dos senhores
nas cidades, servindo ainda como local de refúgio de outros escravos fugidos.
Os
quilombos eram formados para pressionar os senhores por melhores condições de
vida e de trabalho ou mesmo para criar um espaço de convivência livre da
escravidão. Sua população era constituída em sua maioria por africanos que
haviam sido trazidos para a colônia, mas também por indígenas e homens livres,
muitos deles desertores das forças militares das potências coloniais. Esse era
o caso do Quilombo dos Palmares.
O
Quilombo do Palmares formou-se no início do século XVII e foi destruído em
1695. Em quase cem anos de existência, esse quilombo se transformou em uma
referência para os negros que habitavam o Nordeste do que é hoje o Brasil.
O
Quilombo dos Palmares localizava-se na Serra da Barriga, região onde está o
estado de Alagoas, e era um complexo de vários mocambos. Macaco, a capital,
Subupira, Dambraganga, Tabocas e Osenga eram alguns dos mocambos que o
compunham, abrigando milhares de pessoas. A população de Palmares, conhecida
como palmarinos, trabalhava a terra para a produção de sua subsistência,
realizava trocas comerciais na região, além de efetuar saques a viajantes nas
estradas próximas.
O
primeiro líder conhecido de Palmares foi Ganga Zumba. Ele era
considerado um rei no quilombo. Liderou a resistência dos escravos até por
volta de 1677, quando uma expedição militar comandada pelo capitão Fernão Carrilho
iniciou uma ofensiva que resultou em muitas mortes.
Ganga
Zumba tentou um acordo com o governador da capitania de Pernambuco, onde à
época estava localizado o Quilombo dos Palmares. O acordo previa que o quilombo
continuaria existindo, mas não receberia novos escravos. Muitos palmarinos não
aceitaram essa situação. Em mais uma investida contra o quilombo, Ganga Zumba
morreu envenenado. Zumbi acabou se tornando o novo rei do Quilombo dos
Palmares.
Como
novos escravos continuaram a se refugiar no local, as autoridades portuguesas
contrataram o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho para
tentar destruir o Quilombo dos Palmares. A partir de 1692, Domingos Jorge Velho
passou a atacar o refúgio dos escravos fugidos, com tropas formadas por
brancos, indígenas e mestiços. Durante dois anos confrontos sangrentos
ocorreram na Serra da Barriga. Em 1694, o Quilombo dos Palmares foi destruído.
Mesmo
conhecendo muito bem as matas da região onde estava escondido, Zumbi foi
capturado pelas forças de Domingos Jorge Velho e morto em 20 de novembro de
1695. Ele foi degolado e sua cabeça levada a Recife, capital da capitania de
Pernambuco, para ser exposta e criar o medo nos demais escravos que pretendiam
escapar do cativeiro.
Era
o fim do mais conhecido quilombo do Brasil e de Zumbi, o nome mais lembrado na
resistência dos escravos contra o cativeiro. Mas depois de Palmares muitos
outros quilombos surgiram, evidenciando que a luta contra a escravidão no
Brasil foi constante durante o período colonial e imperial.
Por
Tales Pinto
Mestre em História
Mestre em História
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar!
Continue nos visitando!