A sala de aula é uma fonte inesgotável de aprendizado, não importa se você é especialista, mestre, doutor ou pós-doutor, os alunos têm muito para ensinar
Ser escritor e professor num país onde,
segundo o IBGE, quase 70% da população é considerada analfabeta
funcional é um grande desafio. Dá um trabalho danado, pouco glamour e, aqui entre nós, não alimente muita esperança de ficar rico com livros e aulas.
Digo isso por experiência própria, razão pela qual alimento minha carreira por meio de várias fontes de renda no papel de coach, consultor, palestrante e treinador in company, com extremo cuidado para não tentar ser tudo para todos.
Dentre todos, o papel de professor é um
desafio constante por uma simples razão: em geral, a maioria não gosta
de estudar, mas se obriga a estudar por conta das exigências de mercado e
da própria sociedade. Estudar dá trabalho, ainda mais num país
influenciado por uma mídia insana que vende sonhos e não soluções.
Existe ainda o fato de que uma grande massa
de professores se lança na educação a fim de complementar a renda e
esquece que um professor de qualidade, em especial na área de negócios,
não consegue sobreviver sem três competências bem específicas:
- Formação: titulação, conhecimento especializado, domínio do assunto, passagem por boas universidades e faculdades;
- Metodologia de ensino: oratória, adequação da linguagem e facilidade para interagir com públicos distintos – o que alguns chamam de teaching;
- Experiência de vida ou profissional: em relação ao tema proposto, tudo flui mais fácil quando o professor ou treinador transmite aquilo que vivencia.
Apesar disso, é impossível agradar a
todos. Pode-se encontrar de tudo na sala de aula: quem quer apenas
diploma, quem está ali apenas porque a empresa ajuda, quem está de fato
tentando encontrar um caminho e há também os que não sabem porque estão
ali.
Com o tempo, você vai entendendo que a sala
de aula é uma fonte inesgotável de aprendizado, não importa se você é
especialista, mestre, doutor ou pós-doutor e isso é o que vale, a
sabedoria vem aos poucos.
Ainda que você se considere o máximo como
professor, existe sempre um aluno disposto a fazer você repensar a forma
de transmitir conhecimento, portanto, não basta ser bom, é necessário
ser sábio.
Aqui estão as dez lições mais importantes
que aprendi com meus alunos em dez anos de docência. Ignore isso e seja
apenas mais um na multidão, pois, como eu sempre digo, não é o que você
fala e sim o que eles entendem. Vejamos:
1. Cheguei no horário, mereço respeito:
se a turma toda ainda não chegou, isso não é problema dos 10% que
chegaram, portanto, comece no horário combinado e transfira o ônus para
os que chegam mais tarde.
2. Os alunos não admiram o que você faz, eles admiram como você faz e se é possível aplicar a experiência do professor para melhorar a sua vida pessoal e profissional.
3. Ouvir é bom, fazer é melhor ainda: a
interação entre professor e alunos por meio de atividades em sala de
aula é a melhor ferramenta para mobilizar a indiferença dos alunos em
relação ao professor.
4. Eu sei que você é bom, mas não precisa repetir o tempo todo; mostre-me por meio de exemplos de vida e integridade; seus títulos não me interessam, mas sua experiência é fundamental.
5. Não precisa explicar, eu só queria entender: nenhuma
pergunta é idiota, portanto, se alguém está perguntando, a explicação
não foi satisfatória ou está com dificuldade de entendimento, então,
você ganhou uma segunda chance de ser mais claro.
6. Eu também quero: a aula
é para todos, não apenas para um, dois ou um pequeno grupo de alunos
com títulos mais “importantes” na sala de aula, portanto, todos merecem
atenção embora nem todos prestem atenção.
7. Eu não mereço castigo:
forçar uma pessoa tímida a falar em sala de aula é o pior castigo que um
professor pode impor, portanto, respeite o seu tempo e a sua dor; ser
tímido não é defeito, é apenas uma dificuldade.
8. Se não sabe, não invente: os alunos estão conectados e qualquer ponto de dúvida pode ser facilmente consultado na web via celular, notebook, tablet etc.;
é melhor redirecionar a pergunta para o grupo a fim de conseguir uma
resposta ou prometer uma resposta mais elaborada no próximo encontro do
que pagar o mico diante de todos.
9. A maldição do Power Point:
há quem ame e há quem odeie; quando bem utilizado, com técnicas de
apresentação que envolvem vídeos, imagens de alta definição e tópicos,
apenas, não existe ferramenta melhor; quando mal utilizado, a avaliação
do professor vai para o abismo.
10. Quanto mais simples, mais conectado:
fuja da tentação de parecer culto demais, os alunos não entendem e não
aprovam isso; se a aula for simples, mas consistente, ou seja, com
conteúdo rico, o professor será reconhecido pela simplicidade e
desenvoltura; uma boa dose de humor ajuda, mas não exagere, afinal, você
não está num show de stand up comedy.
Por fim, lembre-se de que as pessoas em
geral, são complexas, difíceis de serem entendidas e atendidas, e o fato
de o professor não ter sido unanimidade em sala de aula não significa
que o trabalho foi ruim. A próxima aula será melhor.
Na prática, sempre haverá alguém incomodado
com suas palavras e a sua forma de ver o mundo e com relação a isso,
vale a máxima do coaching: não sofra por coisas sobre as quais você não
tem o menor controle.
Pense nisso e torne-se um mestre por excelência!
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