Como decisões judiciais contra gestores suspeitos ampliaram o poder destrutivo das crises políticas
Reportagem de capa desta edição do CadaMinuto Press expõe em detalhes
um dos mais graves exemplos do poder destrutivo que as situações de
instabilidade política vêm impondo a milhares de alagoanos em 12
municípios. Causada por uma enxurrada de atos ilegais denunciados às
autoridades, uma série de afastamentos de prefeitos de seus mandatos
está desmantelando serviços públicos já prejudicados pela crise política
e econômica nacional.
Gestores afastados tratam do assunto como vítimas de adversários
políticos. E integrantes do Judiciário e do Ministério Público alegam
que aplicam a lei para evitar maiores danos ao interesse comum dos
cidadãos. Mas somente quem vive no centro desse purgatório sabe o quanto
sofre com as sucessivas mudanças de gestores, sem soluções definitivas
ou realmente justas.
É catastrófica a realidade política de União dos Palmares, narrada
pela jornalista Candice Almeida com o auxílio de vozes de diferentes
frentes políticas do município. As cinco trocas de prefeito desde
outubro somente ampliaram, nas gestões atuais, o caos de administrações
passadas, comprometidas com coronéis regionais e com a prática de
ilegalidades.
Com base na diferença entre a prática e os discursos desses gestores
alvos de decisões judiciais, não é muito apropriado assegurar que há
alguma perseguição da Justiça. Pelo contrário, a perseguição flagrante é
contra os direitos dos cidadãos e eleitores, seja em União dos Palmares
ou em Rio Largo, Limoeiro de Anadia, Tanque D’Arca, Japaratinga,
Atalaia, Piranhas, Viçosa, São Luiz do Quitunde, Campo Grande, Coqueiro
Seco ou Joaquim Gomes.
Porque todos os afastamentos partiram de fatos, suspeitas de
irregularidades minimamente providas de indícios de provas. Cabe a
crítica à contaminação da Justiça e do Ministério Público pelos embates
políticos? Talvez. Mas o líquido e certo é o alto preço de se ter
gestores sem a menor habilidade para cumprir compromissos com o povo
carente de Alagoas.
Como o leitor vai ver nas próximas páginas, há quatro meses que não
chega remédio em União dos Palmares, por falta de pagamento aos
fornecedores.
Em 2012, o prefeito palmarino afastado, Beto Baía (PSD), derrubou um
dos últimos donatários de currais eleitorais de Alagoas, o ex-governador
Manoel Gomes de Barros. Porém, novamente substituído pelo vice Eduardo
Pedroza, e de mãos dadas com Mano, Beto Baía desabafou para a
reportagem: “Conheci o inferno ao entrar na política, o sonho se tornou
pesadelo”.
Poderia a população responder aos “prefeitos” de União e aos demais
gestores que se revezam na destruição dos serviços públicos: “Pior foi
conhecer a política infernal implantada por quem prometia ao eleitor que
transformaria o pesadelo em sonho, há quatro anos”.
Porém, o povo, infelizmente, parece não mais ter força nem coragem
para reagir contra tais desmandos. Só resta ao eleitor guardar na
memória a lista dos irresponsáveis que firmaram acordos políticos
alheios às necessidades da população, para bani-los da vida pública,
enquanto o Judiciário não conseguir definir o sentido de justiça.
Este editorital está publicado na Edição nº 121 do jornal
CadaMinuto Press, nas bancas desde a manhã desta sexta-feira (4),
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