Todos os quatro hectares (ha) de Mata Atlântica devastados entre 2014
e 2015, em Alagoas, estão concentrados em terras do município de União
dos Palmares, no Vale do Mundaú. É o que aponta o Atlas dos
Remanescentes Florestais divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica e o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Reportagem da Gazeta de Alagoas, edição desta
sexta-feira (26), mostra que nos últimos cinco anos, Alagoas vem
diminuindo consideravelmente a supressão dos remanescentes de Mata
Atlântica. Se de 2011 a 2012 foram devastados 138 ha da vegetação
nativa, entre 2014 e 2015 o desmatamento foi de apenas 4 ha.
Dessa forma, Alagoas saiu do 8º para o 13º no ranking das 17 Unidades
da Federação que possuem esta cobertura vegetal e que mais devastaram
os remanescentes. O Estado encontra-se, na atualidade, no nível de
desmatamento zero, ou seja, com menos de 100 hectares de
desflorestamento, juntamente com outros seis: São Paulo (45 ha), Goiás
(34 ha), Paraíba (11 ha), Rio de Janeiro (27 ha), Ceará (3 ha) e Rio
Grande do Norte (23 ha).
Mas, se o resultado do Atlas deixa Alagoas em situação até certo
ponto confortável, o mesmo não ocorre com União dos Palmares, no Vale do
Mundaú. É que todos os quatros hectares desflorestados (o equivalente a
quatro campos de futebol) no período estudado se concentram justamente
neste município.
União é integrante da Área de Proteção Ambiental (APA) de Murici, que
abrange outros nove municípios: São José da Laje, Ibateguara, Colônia
Leopoldina, Novo Lino, Joaquim Gomes, Messias, Branquinha, Flexeiras e
Murici, totalizando uma cobertura vegetal de 132.833 ha.
“Houve um decréscimo de 4 ha, todos concentrados na região de União
dos Palmares. A Mata Atlântica é Patrimônio Nacional e o único bioma com
uma legislação específica. É nossa responsabilidade protegê-la e
contribuir na restauração das áreas que precisam ser recuperadas”,
alertou Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata
Atlântica.
Ela disse que ainda não se sabe a causa exata da devastação em União
dos Palmares, mas ressalta que é preciso contar com o engajamento do
poder público na fiscalização e no controle e da sociedade, no
cumprimento da legislação e na proteção da Mata Atlântica.
Frios
A reportagem da Gazeta, produzida pela Sucursal Maragogi,
mostra que a devastação da Mata Atlântica em União dos Palmares se
concentra, sobretudo, na Serra dos Frios e em sua parte mais interna,
Ximenes, que integram a Área de Proteção Ambiental (APA) de Murici.
Grande parte das terras da Serra e de seu entorno pertencem ao
governo do Estado e foram ocupadas ao longo dos anos por posseiros. A
situação fundiária nunca foi resolvida.
As ocupações favoreceram a devastação, seja por meio da pecuária, da
agricultura, das queimadas ou mesmo da construção de imóveis
residenciais. A reportagem também traz as ações que estão sendo
realizadas pelo Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) para conter a
devastação.
Ameaça
Dados da SOS Mata Atlântica mostram que mais de 72% da população
brasileira vive em áreas sob influência desta floresta. Com a inclusão
do Piauí no levantamento e mapeamento de toda a área de aplicação da Lei
da Mata Atlântica, a área original que resta do bioma no Brasil é de
8,5%.
Trata-se do bioma mais ameaçado do país. Até o levantamento anterior,
sem o Piauí, esse dado era de 7,9%. Se forem considerados todos os
pequenos fragmentos de floresta natural acima de 3 hectares, o índice
chega a 12,5%.
Criado em 1985, o monitoramento feito pelo Atlas da Mata Atlântica
permite quantificar o desmatamento acumulado em alguns Estados nos
últimos 30 anos. O Paraná lidera este ranking, com 456.514 hectares
desmatados, seguido por Minas Gerais (383.637 ha) e Santa Catarina
(283.168 ha).
O total consolidado de desmatamento identificado pelo Atlas desde a
sua criação, que não incluiu alguns Estados em determinados períodos,
chega a 1.887.596 hectares.
Saiba mais em: www.sosma.org.br
Fonte: Gazeta de Alagoas
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