Situado em União dos Palmares, local abriga muita história, cultura e artesanato
"Se ao pisar o solo teu coração disparar", o trecho da música Semba
dos Ancestrais, de Martinho da Vila, traz o prenúncio da energia que
sobe por nossos pés ao pisar no solo sagrado que abriga a luta e a
resistência do povo negro brasileiro, berço de Ganga Zumba, Dandara e
Zumbi dos Palmares: a Serra da Barriga.
Após 321 anos da morte de
Zumbi dos Palmares, a Serra da Barriga segue como um espaço
importantíssimo para se contar a história afro brasileira. Implantado em
2007, o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, tombado pelo Patrimônio
Histórico Artístico Nacional, consegue em cada detalhe retratar o maior
Quilombo das Américas, permitindo aos seus visitantes conhecer de perto o
que foi a luta pela liberdade do povo negro.
Por mês, cerca de 250 turistas sobem a Serra da Barriga para vivenciar
um turismo diferenciado no estado que mostra aos seus visitantes muito
mais que sol e mar. O passeio oferece um aprendizado quilombola
completo, desde a história que cerca o Quilombo dos Palmares, a
arquitetura indígena evidenciada nas ocas, a casa de farinha, capoeira, o
artesanato e por fim a riquíssima gastronomia.
Recepcionados
por Mestre Gill, capoeirista nascido e criado na região, os turistas
visitam cada detalhe do Quilombo dos Palmares. Na presença do anfitrião
nada fica de fora, e ele afirma que o interesse dos turistas só aumenta.
"A
aceitação deles é muito boa, eles chegam aqui querendo conhecer mais da
história afro brasileira e levam o conhecimento deles para a cidade
natal. Durante o passeio fazemos um giro de 360º mostrando cada ponto
desde a entrada do parque, passando pela Lagoa do Negro e finalizando no
restaurante", comenta Gill.
Para a maioria dos visitantes o
passeio é uma oportunidade indispensável durante a estadia em Alagoas.
Vai muito além de uma viagem, se configura como um momento único de
conhecer pessoalmente o lugar que muitos só ouvem falar no dia 20 de
novembro, Dia da Consciência Negra.
Lauriene Campanha veio de São Paulo com o desejo de conhecer o
Quilombo dos Palmares dentro da bagagem. De acordo com a dona de casa de
58 anos, a paz e a tranquilidade presentes no lugar tornam a
experiência turística encantadora. Para ela o mais importante da
experiência será passá-la adiante quando voltar para casa.
"A
minha percepção sobre a história de Zumbi vai mudar muito depois de
hoje, principalmente porque tenho duas filhas estudantes e só de saberem
que nós viríamos para cá elas já querem vir para Alagoas conhecer o
Quilombo. Quando elas vierem e conhecerem vão passar pra frente o que
aprenderam aqui e isso vai crescer e contribuir para a propagação dessa
história tão importante para o Brasil", destaca a turista.
Alagoas
conta com 59 quilombos reconhecidos, sendo o maior o Parque Memorial
Quilombo dos Palmares. Conhecida como a terra da liberdade, União dos
Palmares conta ainda com o Muquém, Jussarinha, Filus e Mariana.
Artesanato
Vem do
povoado do Muquém a arte moldada no barro de Dona Irinéia, mestre artesã
Patrimônio Vivo de Alagoas. As peças expressivas de Dona Irinéia já
frequentaram exposições nas cidades de Recife, Rio de Janeiro e São
Paulo, chegando até a Itália em 2015.
Além dos contornos
expressivos dos ancestrais moldados pelas mãos de Dona Irinéia, na
região é possível encontrar ainda as panelas, moringas, chaleiras e
cuscuzeiras de Mestra Marinalva feitas com o barro extraído nas
imediações do Rio Mundaú.
Para Mãe Neide, uma das
responsáveis pelo passeio étnico racial na Serra da Barriga, a presença
constante de visitantes é um sonho realizado não só para os quilombolas
da região, mas para todo o Brasil.
"Eu digo que quem vem para a
Serra não escolhe, é escolhido. Porque voltamos para o útero de onde
tudo surgiu. A gente vê na carinha de cada visitante a emoção em pisar
nesse solo. Além disso, trabalhamos a geração de emprego e renda, porque
com isso incentivamos os artesãos da cidade a subirem a serra para
vender seus artesanatos. Os turistas agradecem por escolher esse lugar,
porque aqui eles se alimentam de cultura e história", ressalta Mãe
Neide.
Gastronomia
Alimento
é o que não falta ao fim do passeio. Depois de conhecer todos os
detalhes do Quilombo dos Palmares, assistir a uma roda de capoeira, ter
uma visão panorâmica nos mirantes do Quilombo e adquirir o artesanato
local, os visitantes descem até metade da serra para encontrar um
refúgio no restaurante Baobá Raízes e Tradição.
Servidos de um
verdadeiro banquete de comidas típicas do Quilombo, os turistas podem se
deliciar com entradas, pratos principais, sobremesas e cachaças
artesanais, feitas e servidas com todo o cuidado que a tradição pede,
sendo degustadas com direito a música ao vivo e redes para descansar
após a refeição.
I Festival Gastronômico do Quilombo
Pode-se
dizer que a melhor forma de conhecer uma região é provando sua
gastronomia. Pensando nisso, de 17 a 20 de novembro de 2016, a
Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Alagoas (Sedetur),
em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes
(Abrasel) e o Parque Shopping, realizam o I Festival Gastronômico do
Quilombo.
Durante o festival que busca aproximar as pessoas da
cultura Quilombola, o público poderá degustar pratos típicos e
exclusivos da culinária, entre R$ 15 e R$ 20, além de conferir o
artesanato local, apresentações culturais típicas e a exposição
fotográfica dos Quilombos. O festival acontece das 17h às 22h, no Parque
Shopping.
Curta a página oficial Gazetaweb no Facebook e @gazetaweb no Twitter.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar!
Continue nos visitando!