Esse texto busca
contribuir com a reflexão acerca do compromisso do ensino de Geografia
na Universidade pública e seus vários desafios na formação dos futuros
profissionais. Essa responsabilidade aumenta, na medida em que, o
estágio passa por tentativas de desconstrução, como se atesta nos
dizeres de Oliveira e Pontuschka (2007, p. 119), “aprendizagem prática
tem um estagiário tradicional, além da confirmação do mito da
desnecessidade do estágio.” A experiência como docente na rede pública
tem demonstrado que, o estágio nas escolas é visto como algo rotineiro e
sem inovação.
Observando a formação de alguns estudantes de geografia na Universidade, estes têm-se revelado pouca ou quase nenhuma experiência de prática de ensino, bem como dificuldades na transposição didática dos conhecimentos científicos adquiridos. Os estagiários enfrentam problemas relativos ao tempo para planejamento, pesquisa e discussão, reproduzindo no estágio o modelo de aula expositiva, com a utilização do livro didático e a exigência da disciplina utilizada no método tradicional. É obvio que as exceções existem com estagiários que fizeram a diferença, com aulas dinâmicas, mapas interativos e projetos que contribuíam com o projeto pedagógico da escola, durante a realização do estágio. Nestes é notório a interdisciplinaridade entre a Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado, tão defendida pelos autores Saiki; Godoi (2007, p. 26-27).
Observa-se, ainda, que as dificuldades envolve analisar o espaço físico de sala de aula e da escola com ênfase aos defeitos e pouco contribuindo com o docente regente na compreensão do ensino da geografia. É necessário contribuir com a realidade escolar propondo projetos de formação continuada como contrapartida da Universidade. Em relação à disciplina Geografia, é notável certo desinteresse relativo por parte dos alunos, pois denota a necessidade em versar sobre o que fica retido a informações soltas, pouco relacionadas com o cotidiano de cada individuo.
É visível que nos alunos a capacidade de abstração com relação a certas idéias e contextos ainda necessita ser trabalhada, exigindo um esforço em questões simples, a exemplo de correlacionar mapas e texto. Dentro desse aspecto, tem-se que os livros didáticos que são poucos e mal distribuídos, exigem resumos e esquemas no sentido de aumentar a participação, assim como o entendimento coletivo dos conteúdos. Uma questão se coloca diante da atividade do estagiário: além de ter domínio das turmas, como implantar um projeto de uma geografia do cotidiano próxima do discente e obter não só interesse, mas atenção e participação dos alunos da turma. A Geografia há muito deixou de ser aquela disciplina “chata” e “enfadonha” em que não se precisava pensar muito, em que “era preciso ter memória”.
Por muito tempo as únicas realidades existentes no cotidiano do aluno de Geografia eram as do livro didático, tratando aspectos alheios ao seu cotidiano e ao seu pensamento; e algumas poucas colocações de problemas a que se convencionou chamar de atualidades. Muito se produziu visando uma geografia voltada à realidade de seus estudantes, desde o seu contexto, enquanto pessoa inserida na sociedade capitalista até as múltiplas percepções e construções mentais acerca do espaço, do lugar e da paisagem ao seu redor. Tornando, dessa forma, a Geografia não como “um conjunto de várias ciências numa só”, mas sim uma ciência de múltiplas dimensões, faces e enfoques.
(*) Shirlei Fernandes de Oliveira
Miyashiro, licenciada e mestre em Geografia/UFMT. Docente da rede
Publica de Ensino. Email: shirleimiyachiro@gmail.com
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