Quando a gente realiza um trabalho, que nos engrandece, porquanto é
feito com a melhor das boas vontades, pelo fato de estar no encontro e
na linha do horizonte de nosso querer e de nossa vocação profissional,
dá a impressão de que somente o fato de realizar aquele trabalho, já
constitui, por si, um valoroso julgamento. Independe do julgamento dos
beneficiados.
Um médico que conhece o alcance do seu trabalho e da forma como o
realiza, tem gosto de receber elogios, mas se não vierem os tais
elogios, ele mesmo se saúda. Assim acontece com o engenheiro, advogado e
tantos outros profissionais.
Receber elogios, neste caso é apenas um corolário de seu trabalho e
do gosto de poder realizá-lo. Não importa a profissão e, muito menos, o
grau de interesse que a sociedade lhe presta. No caso, o que importa é
termos a consciência de que estamos realizando da melhor forma e com
todo nosso empenho e interesse a função ou o mister que nos indicaram.
Ser professor em época de provas ou outras avaliações, é estar o
tempo todo coberto de elogios interesseiros e oportunistas. Receber os
mesmos elogios, findo o curso, é sinal de reconhecimento do bom
trabalho. No caso anterior ainda que o elogio venha da melhor
inspiração, pela época ou ocasião em que ele é feito, deixa margem a
dúbias interpretações.
Quando o professor trabalha numa instituição pública está sujeito,
ainda bem, a muitos elogios. Quando trabalha numa particular, o elogio é
recebido com muito mais carinho, pois há quem diga: "estou pagando".
Horrível ouvir isso.
Nas profissões onde há maior necessidade de entrega, abnegação e
pertinácia, é mais difícil encontrar-se os elogios em abundância. Veja o
caso dos policiais que colocam sua vida em risco para proteger a
população. Se fizer tudo deve fazer, vão dizer que: "Não fez mais do que
a obrigação, pois estão sendo pagos para isso". Este é um dos
exemplos.
Nos meus 41 anos de feliz vocação, como educador e professor,
amealhei em minha vida profissional um cem número de alunos que
conhecendo nosso trabalho e o esmero dedicado, posso, sem dúvida,
afirmar que foram poucas as vezes em que não colhi dividendos desse
trabalho, mesmo porque não se presta, em nossa missão o desejo de
colecionar elogios, pelo contrário. Aliás, não deveria vir ao caso, mas
por via da necessidade vou destacar dois exemplos de mestres que a
humanidade reverencia: Jesus e Sócrates, o pai da Filosofia e da
Maiêutica. Olha o fim deles.
Pois não posso deixar de envaidecer-me pela lisonja a que sou
submetido várias vezes, encontrando ex-alunos de Campo Grande, Cuiabá,
minha Dourados e, também, em São Paulo. Foram 41 anos de enriquecimento
pessoal ao tempo que dividia com meus alunos tudo aquilo que plantei em
todos meus anos de preparação e estudo, tanto na Espanha onde vivi meus
anos de Ensino Superior, mormente a Filosofia, como aquilo que aprendi,
ensinando.
E se é para ter motivo de orgulhar-se, no bom sentido, faço lembrança
aqui de três mães de ex-alunos, ao final de uma aula de Pilates.
Preparando-me para ir embora, uma senhora sumamente elegante, disse:
"Professor, meu filho tem uma admiração pelo seu trabalho que me
encanta. Faço minhas as palavras de agradecimento por tudo aquilo que o
senhor e alguns outros professores significaram na vida dele". Uma
outra senhora, aproximou-se e disse: "Milha filha, é veterinária e fala
muito de suas aulas. Outras duas se aproximaram e foi muito bonito,
porque foi juntando algumas que estavam indo embora com outras que
estavam chegando.
Sei que poderão dizer: "Toda essa alegria só por causa desses elogios?".
Pois é, para muitos podem não ter significado, mas para mim, me
enfeitaram de alegria. Era como se aqueles filhos também fossem meus. E,
de alguma forma, o são.
Obrigado queridas mães. Este obrigado é Deus quem vos dá. Creiam.
Professor e Campista. e-mail: bncantelli1@gmail.com
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