Nada mais oportuno do que um texto direcionado àqueles que insistem em desconstruir a importância do dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro. Para isso me vem à lembrança uma das passagens da obra “Pele Negra, Máscaras Brancas” do intelectual antilhano Frantz Fanon. “Há imbecis demais nesse mundo”, escreveu o autor. Concordo.
Exemplo
disso são os críticos que sempre se opõe a qualquer movimento que
busque o empoderamento da população afrodescendente; seus argumentos
denunciam a imbecilidade presente que os caracteriza. Nesse grupo
encontramos negros tentando forjar uma identidade que os afastem da
descendência africana, e os não afrodescendentes que elaboram discursos
ignorando a existência do racismo no Brasil. Em ambos os casos, existe o
consenso de que a comemoração da “Consciência Negra” é uma forma de
discriminação com a população que não é afrodescendente, reforçando a
tese do “racismo reverso”.
Essa tese poderia encontrar sentido se tivesse sido os brancos europeus,
arrancados da própria pátria e vítimas da escravidão sob o comando dos
negros africanos no Brasil. Quem sabe nessa realidade imaginária,
surgiria um líder em algum quilombo – em São Paulo, seria simbólico –
organizando a luta contra o regime escravagista. No entanto, esse enredo
faz parte da história dos negros.
Foram eles que tiveram a raça aviltada por quase quatro décadas. E os
brancos, algozes da população africana, violentaram seus corpos, sua
cultura e a sua moral.
Somente com Zumbi, surgiu a esperança concreta de liberdade e vida
digna. Assim, os fugitivos das senzalas buscavam refúgio no Quilombo dos
Palmares, onde Zumbi construíra um modelo de sociedade na qual a
produção e as riquezas eram igualmente divididas. A Casa Grande surtou!
Em 1964, o Quilombo dos Palmares foi atacado sob o comando do
bandeirante paulistano Domingos Jorge Velho. Nesse ataque, Zumbi escapou
com alguns ferimentos, mas no dia 20 de novembro de 1695, foi capturado
e morto. Decapitaram a sua cabeça e a expuseram em praça pública para
intimidar os negros que persistissem na luta pela liberdade.
A comemoração da “Consciência Negra” visa reavivar a memória de Zumbi
dos Palmares e incitar a toda comunidade, reflexões sobre as condições
que estão postas no cotidiano dos afrodescendentes, e os caminhos para a
superação nos campos da cultura, educação, saúde, economia, segurança
etc.
Não há dúvidas de que o racismo continua presente, e as formas de
violência com a população negra assumiram novas características, sem
perderem a essência do período escravagista. Portanto, essa situação faz
da vigilância, uma premissa; e a luta pela cidadania, demanda
inadiável.
Sendo assim, a celebração do dia Nacional de Zumbi e da Consciência
Negra é um movimento consciente que supera a qualquer discussão imbecil.
Por Ricardo Corrêa*
*É especialista em Educação Superior
Opiniões aqui expressas não refletem necessariamente a opinião do portal Vermelho
Opiniões aqui expressas não refletem necessariamente a opinião do portal Vermelho
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar!
Continue nos visitando!