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sábado, 7 de abril de 2018

Um poema heroico de Castro Alves, em homenagem ao Quilombo dos Palmares

O poeta baiano Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871) é símbolo da nossa literatura abolicionista, motivo pelo qual é conhecido como “Poeta dos Escravos”. No poema “Saudações a Palmares”, Castro Alves reafirma o caráter social da sua poesia e revive lembranças dos tempos de colégio.  
 
SAUDAÇÃO A PALMARES
Castro Alves
 
Nos altos cerros erguido
Ninho d’águias atrevido,
Salve – País do bandido!
Salve – Pátria do jaguar!
Verde serra onde os palmares
– Como indianos cocares –
No azul dos colúmbios ares
Desfraldam-se em mole arfar!…

Salve! Região dos valentes Onde os ecos estridentes Mandam aos plainos trementes Os gritos do caçador! E ao longe os latidos soam… E as trompas de caça atroam… E os corvos negros revoam Sobre o campo abrasador!…

Palmares! a ti meu grito! A ti, barca de granito, Que no soçobro infinito Abriste a vela ao trovão. E provocaste a rajada, Solta a flâmula agitada Aos uivos da marujada Nas ondas da escravidão!

De bravos soberbo estádio, Das liberdades paládio, Pegaste o punho do gládio, E olhaste rindo p’ra o val: “Descei de cada horizonte… Senhores! Eis-me de fronte!” E riste… O riso de um monte! E a ironia… de um chacal!…

Cantem Eunucos devassos Dos reis os marmóreos paços; E beijem os férreos laços, Que não ousam sacudir… Eu canto a beleza tua, Caçadora seminua!… Em cuja perna flutua Ruiva a pele de um tapir.

Crioula! o teu seio escuro Nunca deste ao beijo impuro! Luzídio, firme, duro, Guardaste p’ra um nobre amor. Negra Diana selvagem, Que escutas sob a ramagem As vozes – que traz a aragem Do teu rijo caçador!…

Salve Amazona guerreira! Que nas rosas da clareira, – Aos urros da cachoeira – Sabes bater e lutar… Salve! – nos cerros erguido – Ninho, onde em sono atrevido, Dorme o condor… e o bandido!… A liberdade… e o jaguar!

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