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Longe vão os tempos em que à escola competiam, quase em exclusivo, as
tarefas de ensinar e educar; e ao professor conferidas eram as
competências e os meios de único agente executor de tão nobre como
espinhosa missão; por isso, se dizia que ao abrir uma escola se fechava
uma cadeia.
Modernamente, com o avanço das novas tecnologias de informação e
comunicação, acontecem mudanças significativas em todos os ramos da
atividade humana; e a máquina reivindica já um papel determinante na
transmissão de conhecimentos e influência no ato educativo, a ponto de
pretender substituir o professor, pondo, assim, em causa a existência da
própria escola e do ensino/aprendizagem e educação formais.
Todavia, há uma verdade que não pode ser escamoteada e esquecida pela
influência inquestionável nesta problemática: o investimento em
Educação, desde que funcione, é a melhor estratégia para erradicar a
pobreza; ora, este investimento passa, necessariamente, não só pelos
recursos materiais, humanos e de apoio à Família, mas também pelo
envolvimento de toda a sociedade.
Pois bem, perante esta nova realidade, há que definir que Educação
queremos para o século XXI, como igualmente os agentes que a vão levar a
cabo e a Escola onde terá lugar; e, assim, parece consensual entre
pedagogos, psicólogos e sociólogos que são quatro os pilares em que deve
assentar essa Educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender
a viver em comunidade e aprender a ser; e à Educação que,
fundamentalmente se limitava ao ato de ler, escrever e contar, dá agora
lugar uma Educação onde a comunicação, a colaboração, a criatividade e o
pensamento critico tem lugar privilegiado.
Assim sendo, a pergunta toma-se inevitável: que professores para esta
Educação de futuro? Ora, o perfil do professor de futuro assenta nos
seguintes pressupostos: ser um permanente aprendiz, fazer formação
constante e em variadas plataformas, adaptar-se aos novos métodos e
estratégias de ensino/aprendizagem, adaptar-se aos novos perfis dos
alunos e ser um facilitador e orientador que ajuda a tomar decisões.
Depois, como consequência, devem os professores do século XXI possuir
as seguintes qualidades psicológicas e capacidades técnicas: firmeza de
convicções e de ideias sobre as coisas, disponibilidade para ouvir e
atender os alunos respeitando a sua individualidade, saber usar e
dominar as novas tecnologias, ser capaz de falar com os pais dos alunos e
restante comunidade educativa, trabalhar em grupo e dialogar com os
outros docentes para, em conjunto, definirem estratégias e resolverem
problemas, evitando, assim, que cada um faça ou diga coisas diferentes.
Agora, certo como é que o professor de outros tempos, o magíster dixit,
único detentor da verdade e do saber, disciplinador, condutor,
impositor e único juiz não tem lugar na Educação nem na Escola do
futuro, o mais importante é saber se conseguimos os professores
necessários para esta Escola e esta Educação; porque confrontámo-nos já
com a séria realidade de os candidatos a professores serem cada vez em
menor número e portadores de médias escolares muito baixas, segundo
dados da Direção-Geral do Ensino Superior no ano de 2017.
E isto acontece porque os jovens têm da profissão docente a perceção
de que ela: não é atrativa, não garante emprego seguro e imediato, é uma
profissão desgastante e socialmente desvalorizada e desacreditada, o
professor perdeu autoridade e prestígio, os alunos são indisciplinados e
desrespeitadores e há imensas dificuldades de colocação, quase sempre
longe de casa e sem apoios e incentivos materiais e profissionais; e,
sobretudo, existe um clima social negativo e, por vezes, hostil, sobre a
Escola e os professores.
Então, para atrair à profissão docente os melhores estudantes que
temos de fazer? A solução passa inevitavelmente pela existência de um
pacto social sobre a Educação que queremos e em que Escola e em torno do
qual toda a sociedade se una e o encare de forma positiva e resiliente;
e, mormente, como uma emergência nacional, em prol de um futuro mais
progressivo, mais justo e mais livre e onde uma cidadania ativa,
participada e crítica tenha o lugar de enfoque que merece.
E não nos esquecendo nunca de que, para o realizarmos com êxito, o futuro já começou ontem.
Então, até de hoje a oito.
Fonte: Diário do Minho
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