História
O Bairro Roberto Correia de Araújo é tido
hoje como o maior bairro da cidade, seja em população ou em extensão e conta
com uma população, conforme dados do IBGE de 2007, de 8.516 habitantes.
Segundo alguns moradores mais antigos e o
presidente de sua associação, “Macaxeira”, o bairro, onde antes existia uma
fazenda chamada de “Fazenda Frios”, teve início com a doação de vários terrenos
para a população carente da região feita pelo então prefeito da época, Manoel
Gomes de Barros, isso em 1978. Motivo este, que fez com que o bairro seja
conhecido até hoje, popularmente, como “Terrenos”.
As primeiras residências localizavam-se às
margens da BR-104 e da Avenida João Lyra Filho (uma das entradas da cidade). No
passado, as pessoas que residiam no bairro viviam em condições precárias, como
falta de água, saneamento básico e vários outros. Condições estas que ainda não
mudou para algumas pessoas.
Com o passar dos anos o bairro foi crescendo
e geralmente quando uma área se desenvolve rapidamente ela costuma atrair
aqueles que vivem a margem da sociedade, ou seja, as pessoas que são excluídas
pelo próprio sistema capitalista e que correm para outro lugar na esperança de
conseguir algo para si.
Um pouco do bairro
Após pesquisa de campo ocorrida no dia 29 de
abril e feita com alguns moradores foi possível perceber que muitos procuraram
esta área justamente devido ao preço dos terrenos e por estar próxima a
principal via de tráfego da região, a BR-104, que liga União a cidades como
Maceió, Murici, Branquinha, São José da Laje e Ibateguara.
Os “Terrenos” hoje possuem características de
uma pequena cidade, como: duas escolas, uma municipal (Salomé da Rocha Barros),
e uma estadual (Carlos Gomes de Barros), esta a maior escola da cidade; um
posto de saúde bem equipado; uma capela; várias igrejas evangélicas; duas
fábricas; uma feira livre aos domingos que atrai pessoas de outros bairros da
cidade; vários estabelecimentos comerciais (padarias, drogarias, supermercados,
etc.); e contou com uma delegacia que funcionou até o ano de 1995.
A festa mais popular é a de São Sebastião,
padroeiro do Bairro, que acontece em janeiro, e atrai diversas pessoas da
cidade. É por conta disso tudo que o bairro Roberto Correia de Araújo é
comparado com algumas cidades da região.
A Escola Estadual Carlos Gomes de Barros,
mesmo com sua grande estrutura, tem como principal problema a questão da falta
de aulas, pois, segundo os moradores, a mesma vive em greve constante,
prejudicando assim somente seus filhos, que precisam ir estudar em outros
colégios da cidade, sejam municipais ou particulares.
Por ser muito extenso, o bairro apresenta uma
segregação que distingue duas classes sociais: uma privilegiada, que reside
próxima a Avenida João Lira Filho, onde as casas são bem estruturadas, com ruas
pavimentadas e atendidas pelos serviços do governo, tais como, policiamento,
coleta de lixo e agentes de saúde e outra menos privilegiada ou até mesmo sem
assistência nenhuma, que é o caso das pessoas que residem distante dessa
avenida, em casas a ponto de desabar, com ruas com esgotos a céu aberto, sem
pavimentação, além de falta de iluminação e da prestação dos serviços do
governo, onde boa parte das famílias sobrevivem apenas do “Bolsa Família”.
Por conta de ser longe do “Centro”, sua
população para chegar até ele, precisa de meios de transportes, tais como, moto,
carro, bicicleta ou carroça. Muitos precisam trabalhar inclusive nas feiras
livres que acontecem nas segundas, quartas, sextas e sábado, no centro de
União, precisando então acordar de madrugada para montar sua banca e ir
trabalhar, uma rotina cansativa. A feira do bairro acontece sempre aos
domingos, próximo a Igreja de São Sebastião.
Em 2008 foi inaugurada uma ponte que liga o
bairro até a COHAB, outro bairro da cidade. Ao todo são quatro mil metros de
calçamento que liga a Rua Lindolfo Gomes Cabral com a Avenida Rotary. Ligação
que foi iniciada pelo ex-prefeito José Afrânio Vergetti de Siqueira, porém
finalizada e inaugurada na gestão de José Carrilho Pedrosa.
Outro fato que merece ser observado é a
disparidade, ou seja, a desigualdade entre os ricos e os pobres que é mostrada
nas construções das casas.
Uma reclamação dos moradores é o fato de
existirem diversos bares e boates no bairro e eles ficarem abertos até altas
horas da madrugada o que fere a lei do Silencio, já que logo após os
estabelecimentos fecharem, os clientes dos bares permanecem na rua a conversar
e incomodam assim os moradores.
·
Criminalidade
O índice de criminalidade é grande por conta
de ter contato com outras partes da cidade menos privilegiada como o bairro
COHAB, a Vaquejada e o Alto do Cruzeiro.
Assaltos, estupros, mortes e venda de drogas,
é algo normal no interior do Bairro. “A
polícia nunca passa por aqui. A gente coloca a vida da gente nas mãos de Deus!”
disse uma moradora que não quis se identificar. Ou seja, apesar de ser
considerado um bairro extremamente violento a polícia faz vista grossa para os
atos dos meliantes.
Recentemente, assassinatos ocorridos no
Bairro têm deixado a população em clima de medo e revolta, algumas chegam a se
trancar em casa ao anoitecer. No dia 19 de novembro de 2008, o cabeleireiro
Silvino Sabino da Silva, de 18 anos de idade foi vitima do trafico, acompanhado
pela representante comercial Narciair Santos de Barros, de 21 anos de idade que
morreu vitima de uma bala perdida disparada pelos bandidos, enquanto matavam
Silvino.
Este crime deixa uma certeza: o tráfico e o
consumo de drogas começam a ficar fora de controle das autoridades repressoras
por diversos fatores: o primeiro, a certeza da impunidade e a flexibilidade das
leis penais vigentes: o segundo, a fragilidade dos aparelhos repressores, ou
seja, as policias militar e civil.
A população que está refém dos viciados e
traficantes é a maior vitima deste estado de desmandos, que já começa, pela
selvageria e brutalidade dos crimes praticados a decretar paulatinamente
“estado de sitio”. Em um local do bairro até “pedágio” é cobrado pelos
meliantes.
Todos os crimes são justamente na parte menos
favorecida do bairro onde existe pouca iluminação e favorecendo assim a ação
dos meliantes. Outro fato que deve ser destacado é que os crimes continuam
impunes, exceto o caso dos quatro jovens assassinados em 2002.
Saneamento Básico
Saneamento básico é a atividade econômica
voltada ao abastecimento de água potável encanada e à coleta, tratamento de
esgoto e controle de pragas e qualquer tipo de agente patogênico, visando a
saúde das comunidades.
Em algumas partes do interior do bairro é
visto que o esgoto e dejetos das casas correm pelas ruas, provocando inúmeras
endemias, comprometendo a qualidade de vida da população, e em decorrência das
chuvas, as ruas ficam alagadas e intransitáveis, às vezes entrando nas
residências.
Como a maioria das ruas não tem calçamento na
época chuvosa é um verdadeiro sufoco para se deslocar, pois em alguns locais, a
água invade interrompendo até a passagem dos carros. Como pudemos constatar em
visita, uma das ruas mais prejudicadas do bairro com a chuva é a Alonso Costa
Pereira e a sua Travessa.
A coleta de lixo é realizada pela prefeitura,
o serviço é realizado três vezes por semana, em dias alternados. Há algumas
áreas que não acontece coleta em tempos de chuva, devido ao difícil acesso, o
que acarreta acúmulo de lixo em terrenos baldios, valetas e encostas.
Muita gente do bairro ainda não tem
consciência da importância do saneamento para uma cidade. O saneamento básico é
a medida de saúde publica mais eficaz quando se fala em prevenir doenças e
reduzir gastos hospitalares. Também é com o saneamento básico que se reduz
drasticamente a mortalidade infantil e se aumenta a expectativa de vida de uma
comunidade, sendo este um dos fatores componentes do Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) de um país.
A gestão pública não entende que o saneamento
básico e água são os maiores bens de uma comunidade e deveria ser prioridade
zero de qualquer governo, independente de partido político. Mas, por ser um
trabalho caro e sem muita visibilidade política, muitos políticos preferem não
gastar verba com esse tipo de obra.
Antes da última eleição para prefeito foram
iniciados trabalhos para melhoria de algumas ruas do Bairro que tinha uma
situação ruim, porém, passada o dia 05 de Outubro, as ruas voltaram ao que era
antes e encontram-se com obras paradas.
·
Reclamação dos moradores e uma triste realidade
Através de questionários buscamos saber quais
são as necessidades dos moradores em partes diferentes do bairro e a grande
maioria dos entrevistados solicitaram orelhões, uma creche, quebra-mola em
algumas ruas, mais iluminação e mais policiamento nas ruas.
“Pra
que eu possa telefonar tenho que andar três quarteirões”, disse uma
moradora. “Quando vou trabalhar tenho que
deixar os meus filhos na casa da minha vizinha, porque aqui não tem creche”.
Cerca de 80% dos chefes de família são homens
e mais da metade não possui ensino fundamental completo, sobrando então
empregos como carroceiro, auxiliar de serviços gerais, mecânico e similares. A
maioria dos chefes de família ganha em torno de um salário mínimo e outros nem
chega a tanto.
Em uma residência na Travessa Alonso Costa,
encontra-se uma família de cinco pessoas que sobrevive com apenas R$ 90,00,
triste realidade de um município que se diz pólo. Essa casa tem como chefe de
família uma senhora de 65 anos que trabalha como empregada doméstica, segundo
ela o que prejudica é a questão de falta de emprego.
E essa não é uma reclamação só dela, muitos
moradores reclamaram a questão da falta de emprego. Muitos deles trabalham no
corte de cana, mas quando ocorre a entressafra eles ficam sem ter o que fazer.
A maioria dos moradores possui casa própria,
mas não possui caixa d’água. “Só quem tem
é rico”, disse uma moradora. É comum encontrar no bairro ruas onde o esgoto
corre a céu aberto, sem calçamento, ruas mal iluminadas, famílias que vivem com
menos de um salário mínimo, que sofrem com a falta de água encanada e com
jovens fora da sala de aula.
Em algumas ruas do bairro não existe uma
única pedra fincada de calçamento e em época chuvosa essas ruas ficam praticamente
intransitáveis. Vale lembrar, que o problema é antigo, mas não custa nada para
um gestor municipal fazer um esforço e resolver a problemática.
Em ruas como a Travessa Alonso Costa, no
lugar da calçada tem mato crescido, e saneamento básico os moradores nem sabem
o que é, pois ainda não chegou por lá. E é nesse cenário, nada confortável, que
adultos e crianças convivem e dependendo da parte do bairro, o lixo das casas
se junta ao esgoto que corre a céu aberto.
“Essa
sujeira é uma coisa muito perigosa, principalmente para as crianças e haja fôlego para agüentar o mau cheiro”,
diz uma moradora que prefere não se identificar.
Considerações
finais
A importância desse trabalho está em um
primeiro momento na satisfação pessoal em realizar um trabalho que tem como
tema um bairro onde as pessoas são esquecidas pelo poder público e também
mostrar para todos a triste realidade que vivem os moradores do Roberto Correia
de Araújo, bairro que merecia um melhor tratamento devido a sua importância.
Trabalho realizado pelos alunos de Geografia da UNEAL em 2010.
Franco, Marcelo, Renan e Leto.
Ótimo trabalho! Fiz uma viagem lendo o trabalho de vcs, Parabéns ao quarteto que para mim foi fantástico!!!
ResponderExcluirÓtimo trabalho! Fiz uma viagem lendo o trabalho de vcs, Parabéns ao quarteto que para mim foi fantástico!!!
ResponderExcluirOlá gostaria de entrar em contato com os responsáveis pela matéria, sobre um projeto a ser desenvolvido em periferias.
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