Não há nada errado em ser negro. De que se envergonham os "morenos"? A eliminação desse tipo de preconceito contido no vocábulo "moreno" precisa ser firmada com a retirada desse tolo subterfúgio dos anais e do cotidiano.
Zumbi dos
Palmares morreu no dia 20 de novembro de 1695 aos 40 anos de idade. Aos
14, libertou-se para se tornar um guerreiro e liderar movimentos em
busca da liberdade para os seus pares. Sua bravura espraiou-se por
séculos fazendo com que recebesse homenagens tentaculares, a saber: nome
do aeroporto em Maceió, busto erguido na Praça Onze, ponto central da
chamada Pequena África do Rio de Janeiro, mais feriado em algumas
cidades do país, afora se tornar enredo da Unidos de Vila Isabel, nos
idos de 1988, quando, no Centenário da Abolição, a escola venceu o
carnaval carioca, com o samba-enredo inesquecível 'Kizomba, Festa da
Raça'.
Este arsenal faz jus, honra e engrandece a biografia de
Zumbi e o respeito daqueles que louvam sua valentia.
Desafortunadamente, nos dias de hoje, negros esquizofrênicos,
envergonhados de sua negra condição, sofrendo de uma espécie de
submissão e padecendo de transtorno psiquiátrico pertinente a uma
alteração cerebral que dificulta o correto julgamento sobre a realidade
estão em campos opostos traindo os ideais de liberdade propugnados por
Zumbi dos Palmares e seguidores.
Episódios recentes evidenciaram mesmo uma espécie de
Síndrome de Estocolmo com a sujeição ao discurso racista e do ódio. Eu
avisava: você é negro. Mas, não me ouviam. Não consegui ser convincente
em muitas oportunidades. Credo e cruz!
Seja como for, a inestimável contribuição dos negros
deve ser sempre ressaltada pois está inscrita na geografia do Rio e de
todo o Brasil como fruto de suor, lágrimas e risos, bem como corações e
mentes. Trabalho e fé confluíram para uma cultura pulsante como aquela
que vicejou na Cidade Nova, com o chorinho e o maxixe, na Praça 11 dos
bambas do samba e na decantada Pedra do Sal, lá pros lados da Gamboa.
Gestos, passos, itinerários, bem como toponímias,
palavras comuns, saborosa culinária, gingas, esportes, beleza e bossas
sobressaem neste caudaloso Rio de toda gente enlaçada à condição negra.
Diante deste estuário de manifestações é desconcertante
observar o racismo impregnado na alma de muita gente, cuja demonstração
mais descabida esconde-se nos meandros e amplitude do vocábulo moreno.
Os racistas dissimulam e chamam mulatos e negros de
todos os matizes simplesmente de "morenos". Esta é a palavra-chave para
ocultar, encobrir o que deveria ser componente de amor-próprio ou
autoestima.
Diante de tal quadro é preciso haver uma nova abolição para extirpar as sombras deste dissimulado racismo.
Não há nada errado em ser negro. De que se envergonham
os "morenos"? A eliminação desse tipo de preconceito contido no vocábulo
"moreno" precisa ser firmada com a retirada desse tolo subterfúgio dos
anais e do cotidiano.
Portanto, uma agenda de compromissos deve ser
perseguida para se viver, com altivez, a plenitude da condição negra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar!
Continue nos visitando!