É um terror para fazer os
trabalhos de casa. Não está atento. Parece estar sempre no mundo da lua.
Não fica concentrado. Fala muito com os colegas. Não para quieto no
lugar.
Estas são algumas das queixas mais habituais entre alguns pais e
professores relativamente a muitos alunos e às atitudes que dificultam o
rótulo de bom aluno. A verdade é que, sem nos apercebermos,
idealizamos comportamentos e formas de estar, consoante as nossas
experiências e os nossos limites pessoais. No entanto a realidade são os
alunos e filhos que temos e não os alunos e filhos que idealizamos.
Ser bom aluno tem, inevitavelmente, um mundo de etiquetas e caixas
com comportamentos esperados que são, de uma forma geral, comuns. É o
aluno que demonstra interesse, é o aluno que está concentrado nas aulas,
é o aluno que tira boas notas.
Estes comportamentos são denominadores comuns para caracterizar um bom aluno. Mas gostava de ir mais além. Ser
bom aluno ou ser bem comportado não é um conceito fechado. Nem poderá
ser. Os contextos e profissionais existentes influenciam possíveis
denominações.
Um bom aluno poderá ser um aluno médio ou um mau aluno em diferentes
situações. O que deve ser fundamental é deter a flexibilidade e
sensibilidade de ser capaz de “ler” a criança/jovem que temos à nossa
frente e cuja a nossa missão é potenciar o seu desenvolvimento pessoal e
social (embora, na maior parte das vezes, nos tentem fazer crer
que é preencher grelhas, tabelas, esquemas e todo um trabalho
administrativo que não, não deve ser o principal trabalho dos
professores).
As crianças não são tábuas rasas e conhecer o seu background, conhecer os seus interesses, pontos fortes e pontos menos fortes permite compreender o ponto de partida.
Permite traçar um plano que tem de ser e que é, sempre, individual.
Ninguém tem duas histórias e referências iguais embora possam
corresponder da mesma maneira a diferentes estímulos.
Ser bom aluno passa essencialmente pelo conhecimento. Um professor
que não saiba ler a sua turma ou um pai que não saiba ler o seu filho
vai dificultar o percurso, vai arriscar-se a cair em rótulos e perder-se
nas expetativas desses rótulos.
Há crianças difíceis há. Mas há
sempre um caminho. E há sempre um caminho para ser “bom aluno” – o aluno
que tem sucesso tendo em conta as suas características sempre tão
próprias.
Joana Almeida
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