Alguns dias atrás, diante de uma
reportagem sobre as agressões vivenciadas por professores, mais
especificamente o caso do professor Thiago, no interior do Rio de
Janeiro, ouvi o seguinte comentário de um idoso, por volta de uns
setenta anos, indignado com tal cena: – Nossa, na minha época isso não
existia. Professor era respeitado. É revoltante. O que foi que
aconteceu?
Ao compartilharmos esse relato e
dialogarmos sobre, isso nos instigou, pois a violência não se manifesta
apenas através dessa natureza física, mas está na violência verbal,
moral, simbólica e psicológica, algumas vezes naturalizada e que gera
uma sensação de impotência e conformismo que não deveria existir.
Mesmo sem conhecer exatamente qual o
contexto que aquele senhor vivenciou em sua trajetória escolar,
relembrar e retratar a forma como ele se posicionou, a expressão em seu
rosto, nos fez refletir na fala de Paulo Freire “Ninguém nega o valor da
educação e que um bom professor é imprescindível.
Mas, ainda que desejem bons professores
para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores.
Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro,
difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais
continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo
prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande
parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho”. Enquanto professoras, toda essa situação
nos traz um mix de angústia com o desejo diário e constante da
transformação.
Porém, uma transformação que não ocorre sozinha, isolada,
mas é uma ação coletiva, conjunta, com o estabelecimento e o
fortalecimento de uma relação efetiva e em parceria com as famílias,
psicólogos, assistentes sociais, entre tantos e quantas pessoas e
profissionais necessários e possíveis para somar nesse processo. Nossa
intencionalidade na exposição dessas questões não é apontar uma solução
para tal situação, afinal, isso requer uma discussão e problematização
muito ampla e não algo superficial, contudo, acreditamos que deixar de
falar sobre também não é viável.
Deixamos aqui o convite para a
reflexão, seja enquanto pais, professores, alunos, mas, principalmente,
enquanto sujeitos agentes de mudança. Necessitamos sim, expor e
expressar nossas frustrações, angústias e questionamentos. Precisamos
dialogar sobre, há emergência em nos fortalecermos. Atitude e
conscientização, para prosseguirmos nos desafios diários e cotidianos em
nossas práticas.
No dia quinze desse mês de outubro, comemorado o dia
do professor, algumas homenagens a nós foram direcionadas, e que essas
homenagens não sejam apenas frutos de palavras vazias, de um
reconhecimento que não ocorre na realidade, mas que sirvam para nos
transformar dia após dia e se concretize em ação e mudança.
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