Texto de Rhayller Peixoto
Quem
deseja se aventurar por Alagoas pode esperar uma série de atrativos que
proporcionam uma experiência incrível. Se na capital Maceió e nos
litorais Norte e Sul as praias e lagoas são o cartão postal do turismo
de lazer, o interior do Estado é berço de figuras que se destacam na
cultura brasileira.
Em
União dos Palmares, a 73km da capital o espaço combina a resistência do
povo negro em toda sua pluralidade e a cultura local alagoana
encontrada na Serra da Barriga, sendo berço de figuras como a professora
e ativista Maria Mariá, o político e poeta Jorge de Lima e mestra
artesã Irineia, além de locais marcados pela ancestralidade, como a
comunidade Quilombola do Muquém.
Conhecida
por seu ativismo e atuação como professora, jornalista e historiadora,
Maria Mariá é uma das principais figuras palmarinas. Amante da
literatura, a mulher que era conhecida como “à frente do seu tempo” é
hoje lembrada na Casa Cultural Maria Mariá, que funciona como museu
desde 2011. Gerenciado pela prefeitura local, o espaço reúne as memórias
e pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Maior
conhecedor do espaço e responsável pela coordenação, Marcos Leite
destaca como a trajetória da personagem impacta a cidade. “Maria Mariá
foi uma das mulheres mais importantes da história de União, tendo sua
força de vontade como a maior contribuição para a cultura alagoana. Uma
mulher que fugia dos costumes da época, mostrando que essas poderiam
alcançar um status de respeito e independência por onde andava. Foi ela a
primeira a usar calça comprida na cidade, uma amante da literatura
conhecida por todos como um dicionário ambulante. Era uma mulher à
frente de seu tempo”, aponta.
Literatura
Poesia
e pintura também têm espaço na história de União, com reconhecimento
nacional do talento de Jorge de Lima e sua influência que perdura até os
dias de atuais. Seu memorial é visitado principalmente por alunos que
desejam conhecer mais sobre a literatura de um alagoano nato, um dos
mais influentes do século passado. Na casa onde Lima nasceu são expostas
placas em ordem cronológica que contam sua história e atraem
apreciadores de suas obras de todas as partes do país.
Artesanato
O
papel da ancestralidade negra em União toma forma nas muitas atividades
exercidas no Povoado do Muquém, remanescente do Quilombo dos Palmares e
que tem uma forte contribuição no artesanato local. De lá veio Dona
Irineia, Patrimônio Vivo de Alagoas e conhecida mundialmente por suas
peças de barro.
Albertina Nunes, componente da Associação Remanescentes de Quilombos do Sítio Muquém aponta a diversidade da comunidade. “Cada
uma trabalha com sua especialidade: esculturas, panelas, miniaturas, eu
produzo colares. Aqui também somos organizados em grupos culturais de
dança afro e samba de coco. O potencial do Muquém hoje é o artesanato, e
para isso contamos com a ajuda do poder público”, ressalta Albertina.
Nesse sentido, o
Governo do Estado, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e
Turismo (Sedetur), atua potencializando a divulgação do destino em
eventos nacionais e internacionais, como o 39º
Congresso Brasileiro de Guias de Turismo (CBGTur), realizado entre os
dias 22 e 26 de maio voltado para o segmento de turismo étnico-cultural,
e através do projeto Alagoas feita à Mão, que tem como objetivo criar
ações que promovam o segmento e contribuam para a geração de renda e
qualidade de vida dos artistas locais.
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