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quinta-feira, 13 de junho de 2019

Além da Serra: museu e memorial destacam turismo cultural em União dos Palmares

 

Texto de Rhayller Peixoto

Quem deseja se aventurar por Alagoas pode esperar uma série de atrativos que proporcionam uma experiência incrível. Se na capital Maceió e nos litorais Norte e Sul as praias e lagoas são o cartão postal do turismo de lazer, o interior do Estado é berço de figuras que se destacam na cultura brasileira.
Em União dos Palmares, a 73km da capital o espaço combina a resistência do povo negro em toda sua pluralidade e a cultura local alagoana encontrada na Serra da Barriga, sendo berço de figuras como a professora e ativista Maria Mariá, o político e poeta Jorge de Lima e mestra artesã Irineia, além de locais marcados pela ancestralidade, como a comunidade Quilombola do Muquém. 
Conhecida por seu ativismo e atuação como professora, jornalista e historiadora, Maria Mariá é uma das principais figuras palmarinas. Amante da literatura, a mulher que era conhecida como “à frente do seu tempo” é hoje lembrada na Casa Cultural Maria Mariá, que funciona como museu desde 2011. Gerenciado pela prefeitura local, o espaço reúne as memórias e pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Maior conhecedor do espaço e responsável pela coordenação, Marcos Leite destaca como a trajetória da personagem impacta a cidade. “Maria Mariá foi uma das mulheres mais importantes da história de União, tendo sua força de vontade como a maior contribuição para a cultura alagoana. Uma mulher que fugia dos costumes da época, mostrando que essas poderiam alcançar um status de respeito e independência por onde andava. Foi ela a primeira a usar calça comprida na cidade, uma amante da literatura conhecida por todos como um dicionário ambulante. Era uma mulher à frente de seu tempo”, aponta. 
Literatura
Poesia e pintura também têm espaço na história de União, com reconhecimento nacional do talento de Jorge de Lima e sua influência que perdura até os dias de atuais. Seu memorial é visitado principalmente por alunos que desejam conhecer mais sobre a literatura de um alagoano nato, um dos mais influentes do século passado. Na casa onde Lima nasceu são expostas placas em ordem cronológica que contam sua história e atraem apreciadores de suas obras de todas as partes do país.
Artesanato
O papel da ancestralidade negra em União toma forma nas muitas atividades exercidas no Povoado do Muquém, remanescente do Quilombo dos Palmares e que tem uma forte contribuição no artesanato local. De lá veio Dona Irineia, Patrimônio Vivo de Alagoas e conhecida mundialmente por suas peças de barro. 
Albertina Nunes, componente da Associação Remanescentes de Quilombos do Sítio Muquém aponta a diversidade da comunidade. “Cada uma trabalha com sua especialidade: esculturas, panelas, miniaturas, eu produzo colares. Aqui também somos organizados em grupos culturais de dança afro e samba de coco. O potencial do Muquém hoje é o artesanato, e para isso contamos com a ajuda do poder público”, ressalta Albertina.
Nesse sentido, o Governo do Estado, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur), atua potencializando a divulgação do destino em eventos nacionais e internacionais, como o 39º Congresso Brasileiro de Guias de Turismo (CBGTur), realizado entre os dias 22 e 26 de maio voltado para o segmento de turismo étnico-cultural, e através do projeto Alagoas feita à Mão, que tem como objetivo criar ações que promovam o segmento e contribuam para a geração de renda e qualidade de vida dos artistas locais.

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