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sábado, 7 de maio de 2011

Os Rostos Da Mestra Irinéia Do Muquém. Por Arísia Barros


D. Irinéia tem 63 anos de idade misturados aos tantos outros, como sobrevivente da áspera vida de quem nasceu e vive no Muquém, comunidade de remanescentes quilombolas, aos pés da Serra da Barriga.

Como tantos e muitos quilombolas é analfabeta. É alto o índice de analfabetismo nos quilombos alagoanos.

Na Serra da Barriga foi gerado o referencial da resistência negra: o Quilombo dos Palmares.
A Serra da Barriga fica localizada em União dos Palmares, na região do vale do Paraíba e Mundaú, no estado de Alagoas, região do nordeste do Brasil.

O estado de Alagoas é pólo position na questão das desigualdades sócio-étnicas. Está sempre na primeira posição em relação aos outros estados da federação e faz tempo não cede lugar para nenhum outro.

A omissão estatal em rever, com políticas estruturantes, cumulativas e compensatórias, o racismo como fato social, produz a mutilação da historicidade afro brasileira, na terra do líder negro que marcou a história da humanidade: Zumbi dos Palmares.
É gritante a subcidadania dos quilombolas em Alagoas!

D. Irinéia mora no Muquém, em União dos Palmares, no estado de Alagoas, e apesar da precariedade de políticas públicas do território, a velha senhora resiste ,e, persistentemente usa sua multiplicidade de talentos para dar vida ao barro.

Desde 13 de maio de 2005 é considerada patrimônio imaterial, registrado no livro de Tombo nº 05, à folha 07 frente.
A geografia artística da Mestra Irinéia expressa, com a simplicidade dos sábios, a experiência da beleza cultivada como patrimônio de um povo, recheada das histórias inteiras de reinos e saberes esquecidos pelas memórias contemporâneas.

A expressão mais profunda de um povo é a captura de sua história.
E Dona Irinéia aprendeu a dar significado às cabeças de barro que produz.
Em uma observação mais acurada é percebível, em algumas de suas cabeças, a ausência de olhos abertos ou ouvidos ouvintes, entretanto o canal da respiração está bem posto nos condutos nasais alargados, como a nos lembrar que, de uma forma quase visceral os quilombolas fazem dessa história o oxigênio que os mantêm vivos.
E respiram como fenômeno natural de continuidade.

Na verdade a Mestra Irinéia é uma oleira na construção de formas para reproduzir os territórios de saberes de seu povo. E toda uma história de resistência.
Consciência negra!
Os quilombos em Alagoas, traduzem o modelo contemporâneo do racismo..

Blog Raízes da África

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