Meus primeiros contatos com a Serra da Barriga se deram na juventude,
com as Pastorais católicas, quando subíamos a pé em atitude de fé e
reencontro íntimo com a ancestralidade guerreira.
Cantávamos e dançávamos a liberdade!
Meus amigos da Pastoral de Juventude do Meio Popular movimentavam uma
energia incrível, pelo senso de pertença à história de Zumbi, nossa
história!
Outras tantas vezes voltei à Serra, quando a política de
nacionalização do patrimônio foi realçada, e lá estive também quando o
então presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursava no calor
abrasante, tão perto do povo, tão perto dos ancestrais negros e caboclos
guerreiros!
A Serra é habitação dos resistentes, que não desistem de incentivar quem está sufocado pelas lides do mando!
Nessa energia de plenitude, uma jovem mulher estudante de Ciências
Sociais e um jovem rapaz estudante de Jornalismo começaram um namoro que
dura até estes dias, lá no platô das divindades.
Eu e Odilon Rios saímos da Serra da Barriga como namorados!
Tanto amor e carinho por aquela barriga sinuosa, é a imagem da Serra
na noite do velório do meu pai, José Bento, um negro palmarino que foi
velado nas margens rasas do Mundaú na noite de 13 de outubro de 2016,
enquanto uma lua de enorme disco de prata passeava pelo céu a clarear os
caminhos dos filhos dos tempos.
Como fugir ou negar essa sina de resistência?
Há sangue de negro nas minhas veias palmarinas, e meu coração canta e
chora a saudade dos amores e a alegria de amar, aos pés da Serra.
Todos os dias a luta por liberdade se refaz.
Zumbi e Dandara estão em cada um de nós.
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