Historicamente, nossa sociedade se formou mediante decisões de influência externa que foram determinantes. E quando houve finalmente a passagem do poder para o “povo brasileiro”, este era seleto e por isso, excludente. As primeiras democracias brasileiras mostraram claramente o poder de manipulação de votos, desde a República Velha. Ocorreram ditaduras por considerarem, entre outras coisas, a incapacidade de um povo não-instruído em eleger políticos que – de acordo com alguns discursos -, trariam riscos à sociedade nacional em termos de ideologia.
A partir da reabertura política e reinstauração da democracia na década de 1980, parecia que finalmente os tempos obscuros que perseguiam a individualidade e os direitos sociais seriam enterrados. Diante da euforia de uma classe que reivindicava o direito de o povo guiar seu próprio destino surgiu, entretanto, uma atitude prática que, apesar de se inserir num novo projeto de realização política, manteve em suas bases os hábitos clássicos da passividade diante da manipulação eleitoral e readaptou-se ao regime democrático, instaurando uma nova época de obscurantismo. Tal prática se torna visível até hoje em todas as classes, mas, se por um lado, está nas menos instruídas, as quais, a meu ver intencionalmente, são mantidas em estado de miséria para sempre serem dominadas pela compra de votos, por outro, está nos espertalhões corruptores que procuram adiar a conscientização política dessas mesmas pessoas (que em estados como Alagoas são a grande maioria).
Vender e comprar voto nos dias de hoje se tornou não só um prática antiética e que fere a verdadeira intenção da democracia, mas um verdadeiro comércio. O que me preocupa é que, além do ceticismo político e falta de cultura política em grande parte dos alagoanos, o que há é a criação e manutenção de um valor que reduz um voto a qualquer produto em que pode ser trocado. Hoje, defender um valor democrático e prezar pela cidadania virou motivo de chacota, aonde somos chamados constantemente de utópicos enquanto nossos interlocutores bradam que votará naquele que lhe dará mais retorno financeiro ou ajuda empregatícia, faltando apenas usarem uma camiseta com os dizeres “Senhor candidato, por quanto quer comprar meu voto?” e sair às ruas.
Enfim, só acho que a solução tem de ser o desenvolvimento social da base com algumas reformas que são implantadas por aqueles que colocamos no poder. Um forte investimento na educação poderá resolver esse mal e ensinar as pessoas a pensarem a cidadania e exercerem a função da política de maneira ideal. Mas segundo a vontade política de nossos representates atuais que tem deixado de lado essa questão fundamental, provavelmente não é ainda na nossa geração que vamos ver o povo aprender a ser crítico e político. Só resta ensinarmos as futuras gerações sobre como gostaríamos de ser hoje, meus amigos.
Claudionor Silveira
Graduando em Ciências Sociais pela UFAL. Cidadão blogueiro.
Murici, 22/07/2012
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