2012 vai embora daqui a pouco, deixando como qualquer ciclo uma série de
fatos notórios que na visão histórica tradicional seria compilado nos
livros.
Eu, que nunca fui historiador, no máximo um professor esforçado de tal
disciplina, atrevo-me a elencar três acontecimentos que marcaram a
passagem deste ano em trê níveis: federal, estadual e municipal.
Adotemos, pois, esta didática e comecemos do "menor para o maior".
As eleições municipais
Em todas as cidades com a qual tenho alguma relação houve a renovação.
Renovação da tradição, do atraso e perpetuação das mazelas já
conhecidas. Exceção foi a nossa União dos Palmares que surpreendeu. O
povo, na privacidade da urna, derrubou o favoritismo de Manoel Gomes de
Barros, o Mano, e elegeu Beto Baía como prefeito. Como podem perceber em
crônicas do início do pleito, eu sempre demonstrei suspeita sobre a
possível vitória de Baía, haja vista o apelo e hegemonia política de
Mano. Agora o novo prefeito encontra uma União dos Palmares com graves
problemas e cheia de vícios: trânsito caótico, escolas decadentes,
atendimento de saúde insuficiente, falta de política pública para a
juventude etc. O desafio é grande, ainda mais se colocarmos em conta os
compromissos de campanha que o novo prefeito assinou. A autoestima do
palmarino está baixa e se revigorou um pouco com esta expectativa de
mudança. Tomara que o povo não seja lesado. O povo sabe dar a resposta,
não o subestimem!
Violência e educação
Alagoas novamente foi manchete nacional pelos piores motivos: aumento da
violência e descaso total com a educação. Resultado: o estado é o
campeão em criminalidade, várias cidades antes pacatas agora têm de
conviver num clima de insegurança jamais visto. Drogas, assassinatos,
roubos frequentes diante de uma força policial reduzida, mal aparelhada,
com um modus operandi do tempo da escravatura em todos os sentidos, inclusive na hora de apontar a arma e matar o primeiro negro pobre suspeito.
O alto índice de criminalidade deflagra não à toa o péssimo índice de
educação em Alagoas. Crianças e jovens que deveriam estar na escola,
estão nas ruas, nas vielas, sobrevivendo como as circunstâncias
possibilitam. O governo tucano do senhor Teotônio Vilela simplesmente
fechou os olhos para nossos meninos e meninas que crescem sem
expectativas, sem oportunidades que bem sabemos só a educação de
qualidade oferece ao filho do trabalhador. As notícias são as piores,
desde a falta de professores ao atraso das reformas prometidas para
conclusão neste fim de ano, que se delongará por mais 90 dias. Absurdo é
pouco.
E nem quero aprofundar sobre o trato desonesto que o governo dá às
universidades estaduais, a Uneal em especial por eu fazer parte.
Técnicos e professores desvalorizados, sem carreira e salário
compatíveis com a função exercida numa autarquia, alunos forçados a
estudarem em carteiras de séries iniciais no Campus de União dos
Palmares. Para se ter uma ideia mais medonha, o cerimonial do governo
gasta mais com cafezinho do que com a Uneal anualmente, nas palavras do
professor Luizinho. Ainda assim, resistimos por acreditar no papel da
nossa instituição para o povo alagoano do interior, sobretudo.
Ação Penal 470, vulgo Mensalão
Deu preguiça de acompanhar, e falta de tempo também. Portanto, vou
apenas me deter à impressão que tive disso tudo. Por meses, foi o
assunto mais comentado pela mídia nativa com o intuito de desconstruir o
Partido dos Trabalhadores, a imagem de Lula e todos aqueles que são
apoiados pelo ex-presidente mais popular do Brasil. Culpados ou
inocentes, seja do PT ou não, que cada réu arque com as consequências
dos seus atos. Se o Supremo Tribunal Federal quis demonstrar o seu
"renascimento" ao brasileiro, talvez tenha conseguido. Mas ficamos
sempre na expectativa que este julgamento não se torne uma exceção. Está
na hora de desengavetar crimes tão nefastos quanto desta ação penal.
Como os casos decorridos no governo FHC, até hoje na poeira.
O STF evoluiu como nunca na história deste país, graças à postura
republicana do ex-torneiro mecânico, que tratou com isenção cada escolha
para ministro. Hoje temos um poder soberano, preocupado com os
problemas na nação, como no caso do sistema de cotas, essencial para
criar oportunidades à população excluída.
Porém, não nos iludamos. Por trás de cada um há sempre um interesse. Os
ministros Fux, Marco Aurélio e Gilmar Mendes que o digam. Esta sensação
que tentam passar de que os crimes não ficarão mais impunes não me
convenceu, apesar dos avanços. E esse tipo de contradição é um prato
cheio para a mídia que outrora achincalhava Joaquim Barbosa e hoje o
exalta por cumprir seu papel.
Estamos indo... sabe lá até quando ou onde.
O Brasil tem tudo para dar certo, mas precisa ainda de tanto que dá a
sensação de que não estarei vivo para ver isso. No entanto, eu sonho
porque "senão as coisas não acontecem", como diria o grande Oscar
Niemeyer.
Continuemos vivos e atentos em 2013.
Blog 10inquietos
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