Grande
parte das minhas experiências de formação sucedeu-se após os meus 12 anos. Ao
menos, é a idade da qual em minha subconsciência, revelou ser iluminada com as
consequências da vivência, da humanidade. Onde certas escolhas já se revelavam
marcadas da culpa e, também, do ônus em exercê-las. E no casulo do
existencialismo, a face da percepção pairava em idas e vindas para a cria da
personalidade, onde as imagens embassadas através do espelho tomavam suas
formas mais nítidas... Aos 12 anos, ou foram aos oito?
No
cinema localizado no centro de União fitava os cartazes. E dalí, minha
experiência nos planos fotográficos através dos filmes foram sendo cultivados
para um brotar mais adiante. O clássico filme hollywoodiano, King Kong,
atiçou-me o olhar para aquele mundo, onde as luzes do projetor cruzavam ao alto
da minha cabeça para formar aqueles movimentos. Que interessante! Eu tinha
apenas 12 anos, ou foram aos oito?
Como
em um mosaico de fotos, onde o lapso do tempo é incomum, já havia cruzado os
muros da minha cidade natal. Agora recordo da minha idade, 19 anos! E a
paisagem vislumbrante que Bresson captava em seus instantes estava concreta,
mais fortemente entendida e palpável. Eu vagava pela cidade em que Person
personificou os arranha-céus em São Paulo Sociedade Anônima. “Toque os seus
desejos e arrisque-se em não emergir”, pensei nisto, agora fora do fluxo do meu
pensamento, em algum momento.
Ganhei
uma câmera fotográfica analógica Yashica de uma amiga. Fiz experiências em
minha casa, na época morava sozinho, e as referências cinematográficas noir
vieram à tona. Captei um relógio despertador, geladeira com espelhos e velas em
seu interior, máquinas de escrever com produção detetivesca, luzes com sombras
avermelhadas, um vaso sanitário com pequenos papéis cortados com a palavra
“Amor”, a janela de um banheiro... Essa foi minha introdução na fotografia, no
festejo da calamidade da solidão. Tinha em minha mente todo o enfeite da minha
recente experiência, e o resultado foi um desastre! Mas havia tocado em meu
desejo, não podia submergir!
Após
alguns cursos, tendo como foco à estética e revelação manual, o mundo digital
foi adentrando aos poucos em minha concepção fotográfica. A maneira “instantânea”
de fotografar mudou, os equipamentos se amontoaram nas prateleiras das lojas, e
o conceito artístico também fez seu sacrifício e desvirtuou. A mídia nos
sobrecarrega de conceitos e, nos perplexos caminhos, o autoral é um manifesto
simplório. E eu, continuo a fotografar através das minhas influências, com os
resquícios dos meus oito ou doze anos!
Thiago
Alexandre, fotógrafo
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