Conversei
com o cantor Audemir José da Silva, da Banda Isegoria no sábado, dia 2, no
evento sobre editais para criadores e produtores negros, que aconteceu em União
dos Palmares. Choquito Quitar, como é conhecido no meio musical em União, disse
no nosso bate-papo que desde criança sempre teve interesse em tocar
instrumentos musicais. Na infância e adolescência os amigos eram pessoas
ligadas à música, algo que facilitou sua entrada no mundo musical.
Seu
primeiro instrumento foi um violão que ele comprou juntando dinheiro. O
guitarrista e cantor da Banda Isegorira disse que a princípio a banda era de
rock maracatu, mas a paixão pelo reggae foi maior. Inspirado em diversas bandas
e cantores do reggae, ele e um grupo de amigos investiram nesse ritmo musical e
vão lançar o primeiro disco da banda gravado na cidade de Santana do Ipanema.
Choquito
diz que a banda não tem uma estrutura "legal" como muitas do
município, por faltar de patrocínio e público, o que compromete a qualidade dos
músicos que têm que trabalhar em outras atividades para se sustentar. O músico
diz que é mais fácil as pessoas gostarem de bandas que vêm de fora das que são
da própria cidade. O guitarrista disse que faz free lance para outras bandas da
cidade e da região.
Audemir
atribui a não valorização da cultura em União dos Palmares aos governantes, que
passaram pela cidade. Segundo ele, nos shows realizados na cidade os artistas
da terra ganham cachê de 1.500; com descontos eles ficam com 700 reais.
Já
os cantores de fora, segundo o músico, ganham em torno de 30 a 50 mil.
"Precisam valorizar os artistas da terra com espaços para divulgar seus
trabalhos, mas tem que ter um rendimento financeiro também, para melhorar
instrumentos musicais que são de péssima qualidade", diz. Choquito
destaca que a cidade tem artistas profissionais como Tiago Correia (artista
completo), como também bons músicos a exemplo de Neu do Reggae, Rony Oliveira e
outros.
Aos
25 anos, o palmarino, que é funcionário público na cidade de
Branquinha há cinco anos, se diz esperançoso no novo governo e espera que os
artistas da terra sejam bem recebido nos shows realizados no município da
mesma forma como são tratados fora da cidade.
Tive a oportunidade de ver a banda Isegoria durante a apresentação no festival Linha de Produção, realizado pelo Coletivo A Fábrica. Na ocasião, a banda abriu todas as atividades. Fiquei muito animado com o que vi. Uma banda contagiante. Um reggae de raiz difícil de se ver por aí. E, principalmente, um reggae feito na terra de Zumbi, cantando a liberdade e as questões sociais.
ResponderExcluirInfelizmente, o problema da falta de patrocínio é uma realidade em todo o Estado alagoano. É por isso que surgem das camadas mais marginalizadas, como o exemplo da cultura urbana alternativa, os coletivos que, com muito esforço, buscam realizar eventos e aquecer a máquina econômico-cultual de suas comunidades. A falta de investimento está atrelada a falta de estrutura dos municípios e o atraso governamental de seus líderes. Falta planejamento. Faltam secretarias de cultura mais atuantes sobre as novas expressões que estão acontecendo agora, não apenas na preservação de culturas que aconteceram num passado distante.
Enfim, o debate é exaustivo, mas a causa é nobre e deve sempre ser evidenciada, discutida e democratizada.
Parabéns ao Marcelo pela matéria. Sobretudo, parabéns ao Audemir José pela perseverança.
tô de acordo com a iniciativa do nosso amigo Audemir, espero que essa matéria chegue aos olhos das lideranças culturais de uniao, e que a nosso ideal passe a ser tratado com mais respeito.
ResponderExcluirRony Oliveira
Banda Love Jah
Faço coro a todos os meus amigos e irmãos que batalham para viver de música aqui em União dos Palmares. E amigos quando se trata de música da linha clássica (no meu caso canto lirico) aí o negocio fica pior! Mas como o Rony Oliveira falou vamos otrcer para as autoridades palmarinas abrirem os olhos para fomentar nossos artistas que possuem muita qualidade. Deixei de trabalhar em outras aréas para viver de música e tá complicado. Vamos com Deus a frente que chegaremos lá! Abraço! Parabéns Marcelo pela matéria!
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