Um sonho, como diria Maria Bethânia, "Sonho meu". Um sonho conhecer a
Cidade Maravilhosa, o Rio de Janeiro,
Copacabana, Leblon, Ipanema, Botafogo, Flamengo, Laranjeiras, Cristo
redentor, Pão de Açúcar, Urca, Pedra da Gávea, points e mais points que
queria conhecer. Sonho de muitos anos, desde de menina, ao assistir o filme
"Menino do Rio", estrelado pelo ator Ricardo Graça Melo, filho da
grande atriz Marília Pera, com uma música belíssima de Baby Consuelo, hoje
Baby do Brasil, que dizia assim, de autoria de Caetano Veloso: "Menino
do Rio ,calor que provoca arrepio..." e isso perpetuou em minha alma, no
meu coração e no meu corpo, tornando abrasador essa vontade de conhecer
algo que me fascinou na adolescência, de maneira turbulenta.
Chegou
o momento tão esperado em minha vida. Minha querida irmã Selma Campos, convidou-me e eu aceitei de imediato. Minha sobrinha Helga Soares
abraçou a ideia e nos convidou para ficarmos em seu apartamento, junto ao
meu irmão Fernando Campos, sua mãe Cilene Soares e João Soares, meu
sobrinho.
E lá fomos nós, eu não mais em busca do Menino do
Rio, nem de Copacabana, Ipanema, Lapa e por ai vai. Estava em busca de
conhecer tudo. O Rio de Janeiro num ângulo diferente. Numa visão de Simone
Campos aos 50 anos redescobrindo a vida e lugares.
O Menino
do Rio, não estava esquecido, mas também não era a única opção. Queria
conhecer lugares ainda não desbravados por meus pensamentos e
vontades, que vieram aflorar com minha maturidade. Queria conhecer
COMUNIDADES, que alguns ainda teimam de chamar de favelas.
Primeiro
dia no Rio de Janeiro, conheci logo Copacabana, lugar
belísssimo, elitizado, mas que pude notar bem democrático, vi todas as
figuras, gente bonita, um carnaval, era domingo de carnaval, differente do
já vivenciado por mim. Já conhecia o carnaval da Bahia e de
Pernambuco. Fiquei entusiasmada pela elegância de um carnaval, posso assim
dizer, pelas bandinhas e músicas boas de audição, sem agredir os ouvidos, nem a mente, músicas inteligentes. Marchinhas e MPB. Nível alto.
À noite
tive o prazer de ir ao Sambódromo, espetáculo de se assistir. Jamais
esquecerei. Os outros dias visitei todos os lugares que se deve, pelo
menos na visão de um turista normal, Pão de Açúcar, Cristo redentor, Lapa e
por ai vai. Mas algo me inquietava. Queria mais. Nunca estou satisfeita por completo com nada, nem comigo mesma.
Já
tinha ido a uma comunidade de Rio das Pedras, onde está localizado o
Castelo de Pedras, uma casa de show funk, curtir de ver a realidade
daquela gente , e adorei. Mas ainda algo me inquietava, queria mais. Já
tinha visto a Rocinha e o Vidigal, comunidades rotuladas e sabemos que de
difícil vivência por conta de vários motivos, que não irei citar aqui.
Então
queria mais, eu sempre quero mais. Decidi. Quero conhecer o Complexo do
Alemão. Fui. Nossa foi o meu momento de catarse. Entrei em êxtase
completo. Orgasmo triplo. Clímax total. Pegamos o teleférico, e visitamos
cada estação, e a cada subida e chegada ao final do último Morro, estava
Simone Campos extasiada, em transe com o corpo e a alma. Em delírios,
satisfeita com a viagem, sentindo-se como se estivesse fazendo amor
com a cidade maravilhosa, completamente possuída pelo Rio de
Janeiro. Simone Campos era dela e ela era de Simone Campos. Naquele
momento elas eram um só um só corpo, uma só alma e um só coração. O
momento de Simone Campos era aquele. Ela estava satisfeita. Estava
feliz. estava saciada. E sempre vai dizer, quem fizer uma viagem ao Rio de
Janeiro, conheça as comunidades, é uma realidade brasileira que merece
nosso olhar apurado numa ótica menos eletista e mais eclética.
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