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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Professores de Geografia e Ciências de União dos Palmares e São José da Lage são capacitados em estudos canavieiros



Aconteceu nesta sexta-feira dia, 21, no auditório da SEMED em União dos Palmares, o Estudo de Municípios Canavieiros - Bioeletricidade para professores de Geografia e Ciências do 8º e 9º ano de ensino fundamental realizado pelo "Projeto Agora".

A palestrante Iara Nordi Castellane explicou o projeto:  "Em seu segundo ano, a iniciativa do Projeto AGORA tem o objetivo de oferecer aos professores da rede pública de ensino uma visão que ajude a conscientizar alunos dos 7º e 8º anos, sobre a importância da produção de cana para a comunidade onde vivem. A estimativa é que o trabalho envolva aproximadamente 500 professores e cerca de 35.000 mil alunos em nove estados brasileiros como SP, PR, MT, MS, GO, MG, PE, AL e PB".

Iara Nordi Castellane é professora, coordena os encontros pelo país e representa a Editora Horizonte de São Paulo, que oferece os materiais para os professores e alunos. O encontro dessa sexta-feira foi com professores de União e São José da Lage. Para Iara Nordi "O trabalho de orientação de professores na região faz todo o sentido, pois são profissionais que lidam com estudantes cujos pais atuam diretamente na indústria da cana." diz.

A professora Maria Aparecida Lopes (Cidinha), uma das representantes da Sala Verde Serrana dos Quilombos, disse ao blog "A escolha de União dos Palmares é que a cidade está na rota da cana-de-açúcar, esse projeto é realizado nos municípios canavieiros. Em Alagoas só União e Coruripe sediaram o evento". 

Para a ambientalista palmarina Maria Betânia da Silva Almeida, recém chegada de Marrocos, “os estudos podem ajudar os professores de Geografia e Ciências nos projetos de disciplinaridade de suas respectivas escolas. Além disso, podemos incluir esses trabalhos nos projetos do Selo UNICEF, aqui no município".  Finaliza.

Cada profissional da educação recebeu um kit que serão usados nas escolas e no 1º Momento da Oficina de Formação que acontecerá nos próximos meses.   

Iara Nordi Castellane (amarelo) entre professoras de União dos Palmares e São José da Lage

Um comentário:

  1. Gostaria de externar, aqui, minha indignação com um curso que soube, através deste blog que fora oferecido em União dos Palmares. A nota dá conta de que o curso visa preparar professores de Geografia para a conscientização dos seus alunos da "importância da cana de açúcar" para o desenvolvimento da região onde vivem. O trecho que li diz o seguinte "Projeto AGORA tem o objetivo de oferecer aos professores da rede pública de ensino uma visão que ajude a conscientizar alunos dos 7º e 8º anos, sobre a importância da produção de cana para a comunidade onde vivem". Primeiro, quero externar minha "desalegria" em saber que alguns alunos da Uneal participaram; segundo dizer que qualquer Geógrafo, por mais medíocre que seja, sabe que a cana-de-açúcar só traz fome e miséria. Outra coisa: não sei se a pessoa que deu o curso é Geografa (se for que pena para a Geografia), mas se não for está metendo o "bedelho" onde não deve e com irresponsabilidade. A julgar pelo teor do curso, nunca ouvira falar na "Geografia da Fome" de Josué de Castro. Quanto aos meus alunos, fica aqui uma dica em tom de conselho: rasguem o certificado recebido, pois depois vocês verão que ele só lhes trarão vergonha!

    Mas se quiserem ler de grandes Geógrafos, selecionei alguns trechos:

    "Como sabemos, “[...] o Nordeste sempre foi latifundiário” (ANDRADE, 2011, p. 25) e sua base econômica, por conseguinte da burguesia, “[...] foi indiscutivelmente a constituição da atividade de produção de cana e do açúcar [...] truísmo sobre o qual não pode haver nenhuma divergência de fundo” (FRANCISCO DE OLIVEIRA, 1993, p. 59)

    "[...] como conseqüência natural do latifúndio, vem a monocultura com todo o seu cortejo de deficiências. A monocultura, agora, como nos tempos coloniais, acarreta a falta de alimentos indispensáveis e, conseqüentemente, a deficiência eugênica da população. Se há pouco alimento, este sobe a preços astronômicos e a massa da população passará fome e se tornará fraca e deficiente para o trabalho. (MANOEL CORREIA ANDRADE, 2011)

    "[...] destacaríamos a difusão de inovações tecnológicas, que promove grandes mudanças na base técnica da produção agropecuária, com substituição intensa da força de trabalho. A mecanização é uma das que maior efeito têm sobre o nível de emprego, uma vez que afeta a intensidade e o ritmo da jornada de trabalho, com grande ganho de produtividade [...] Uma única máquina pode substituir dezenas de homens e mulheres. Uma única colheitadeira de cana-de-açúcar de última geração pode substituir mais de duzentos trabalhadores (DENISE ELIAS, 2003, p. 329-330)

    "Para atender aos interesses portugueses pela cultura da cana, ali se instalaram “[...] entravando todas as tentativas de cultivo de outras plantas alimentares no lugar, degradando ao máximo, deste modo, os recursos alimentares da região” (JOSUÉ DE CASTRO, 2008, p. 97).

    "A monocultura é uma grave doença da economia agrária, comparada por Guerra y Sanchez à gangrena que ameaça sempre invadir o organismo inteiro, e por Grenfell Price ao câncer, com o desordenado crescimento de suas células se estendendo impunemente por todos os lados” (JOSUÉ DE CASTRO, 2008, p. 109)

    "[...] o próprio Estado, que deveria dar seguridade social aos indivíduos mais carentes, é o primeiro a dar, através de ações legalmente constituídas, amparo a esta postura de desestruturação social no campo. Esse amparo “[...] se manifesta através da proteção dispensada pelos órgãos governamentais à grande lavoura – à cana-de-açúcar, ao café, ao cacau etc. – e ao completo desprezo às lavouras de subsistência ou ‘lavouras de pobre’, como se diz no Nordeste” (ANDRADE, 2011, p. 64).

    "[...] agronegócio pode não ser tão problemático nos países desenvolvidos, mas nos países subdesenvolvidos onde se instala só contribui para aumentar a desigualdade e é mais uma forma de reafirmar a divisão internacional do trabalho, que afronta a inteligência dos povos até recentemente colonizados" (GIRARDI 2008, p. 313/314).

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