Museu Théo Brandão promove abertura na próxima quinta-feira, dia 8
O povoado do Muquém, no município de
União dos Palmares-AL, guarda preciosidades em suas terras. Da matéria
prima utilizada para a confecção do artesanato local à origem dos seus
moradores, tudo é permeado por um sentido simbólico, que torna a pequena
vila um lugar especial. Lá, vivem remanescentes quilombolas que fazem
arte em cerâmica. É desse cenário que saíram as peças da exposição
intitulada, “Modelagens do barro: Muquém”, com abertura na próxima
quinta-feira, 8, às 19 h, no Museu Théo Brandão de Antropologia e
Folclore (MTB).
A exposição é uma das ações do Programa
de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural (Promoart), iniciado em
2009, e foi concebido com a finalidade de apoiar produtores de
artesanato de tradição cultural no Brasil. Realizado pela Associação
Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro, o Promoart tem
gestão conceitual e metodológica direta do Centro Nacional de Folclore e
Cultura Popular (CNFCP), vinculado ao Departamento de Patrimônio
Imaterial do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com
sede no Rio de Janeiro.
De acordo com Wilmara Figueiredo, da
Gestão Técnica do Promoart, há três anos, o Programa já buscava realizar
esse trabalho com o Muquém. “A ideia de fazer a mostra na capital
alagoana tem o objetivo de chamar a atenção da população local para os
trabalhos dos artistas dessa comunidade quilombola, e num espaço de
grande referência como o MTB. Esta é uma das atuações do Promoart, que
tentava, desde 2010, realizar ações de incentivo à produção, à
comercialização e à divulgação do artesanato daquela vila. Mas, devido à
cheia, as atividades foram suspensas até que a população fosse
reassentada no Novo Muquém, fato que ocorreu somente no meio deste ano.
Isto feito, achamos oportuno colaborar com esta nova fase da comunidade,
criando um espaço de mostra e reflexão sobre seus conhecimentos
tradicionais e expressões artísticas”, explicou Figueiredo.
A gestora ressalta que o Muquém passou
por uma seleção criteriosa, realizada por especialistas, em que foi
considerada a importância cultural e a alta qualidade da produção
artesanal, além da variedade de tipologias e técnicas envolvidas na sua
produção. “O Muquém foi selecionado entre 150 possibilidades, inclusive
áreas indígenas”, ressaltou.
A exposição vai contar com obras de
sete artistas do Muquém: Irinéia, Antônio, Marinalva, Aparecida,
Laelson, Edson e Preta. São esculturas, objetos utilitários, entre
outras peças, a exemplo das cabeças, feitas por dona Irinéia e seu
Laelson; moringas, potes, panelas e cuscuzeiras, confeccionadas por dona
Marinalva, e em miniatura, por dona Aparecida.
O processo de criação da arte do Muquém
revela o cotidiano e as experiências vividas pela comunidade. “As peças
de dona Irinéia têm um apelo singular, dentre estas, destacamos as
cabeças e, mais recentemente, as esculturas relacionadas à enchente
sofrida pela comunidade, como a jaqueira em que muitos passaram a noite à
espera de socorro”, observou Figueiredo.
Dona Irinéia é considerada uma das
melhores astesãs do barro, no Estado. Desde 2005, a artista faz parte do
Registro do Patrimônio Vivo de Alagoas. Ela começou fazendo cabeças de
barro para ajudar na renda familiar. Tornou-se conhecida ao participar
de feiras de artesanato pelo Brasil. Hoje, seus trabalhos fazem parte de
catálogos da cultura popular elaborados pelo Ministério da Cultura
(Minc).
Na ocasião da exposição, será lançado
"A menina de barro", o primeiro livro da gaúcha, radicada em Maceió,
Gianinna Bernardes. As ilustrações da publicação são de Pablo Perez
Sanches. A menina de barro conta a história de uma família que morava às
margens do Rio Mundaú, no interior de Alagoas, e vivia a partir da
criação de objetos feitos do barro colhido na beira do rio. Num dia
chuvoso de inverno, as águas fizeram o rio transbordar, carregando o que
havia pela frente. O livro, que faz parte da coleção “Coco de Roda”, da
Imprensa Oficial Graciliano Ramos, já foi lançado pela editora, no
último mês de abril, junto a outros livros do selo literatura infantil.
A exposição tem pesquisa e texto
produzidos pelo pesquisador Daniel Reis e o projeto expográfico
realizado pelo museólogo Luiz Carlos Ferreira, ambos profissionais do
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP). Para a realização
dessa ação, o Promoart contou com o apoio do Sebrae/AL e a parceria da
Vale, da Prefeitura Municipal de União dos Palmares e do MTB, da
Universidade Federal de Alagoas. A exposição ficará aberta ao público,
gratuitamente, até o dia 28 de setembro, no horário de funcionamento do
Museu.
Serviço:
O quê: Exposição “Modelagens do barro: Muquém”
Onde: No Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore – Avenida da Paz – 1490 - Centro
Quando: Abertura em 08 de agosto, às 19h. Em cartaz até 28 de setembro (terça à sexta, das 9h às 17h | sábado, das 14h às 17h).
Onde: No Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore – Avenida da Paz – 1490 - Centro
Quando: Abertura em 08 de agosto, às 19h. Em cartaz até 28 de setembro (terça à sexta, das 9h às 17h | sábado, das 14h às 17h).
Informações: 3214-1713 e 3214-1716.
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