Eu não sonhava em ser professor. Em momento algum da minha infância,
imaginava-me diante do quadro e do giz. Apesar de ser um bom aluno,
gostar de estudar, o ofício da docência não entrava nos meus planos.
Queria
mesmo era ser artista. Cantar, dançar, gravar homéricas cenas. Tanto,
que ao recordar a escola, lá estava à frente dos eventos culturais.
Dotado deste desejo, prestei vestibular para o curso de Arte e Mídia,
mas por outras circunstâncias, acabei por cursar Pedagogia. Um impacto
em meus anseios.
Ainda assim, persisti. Levei muito a sério a fala de
uma das minhas professoras: “se você decide fazer algo, ainda que não
seja aquilo que você queira, faça o melhor”. Com esta tônica, cheguei ao
período dos primeiros estágios e, surpreendentemente, o espaço escolar
tomou conta de mim. Ora, pelos desafios de estar em sala de aula; ora,
pela possibilidade de ser um agente transformador, ante o caos.
A
experiência do ensinar cativou-me. Nela, a arte, o chamado, o suor no
rosto e a boca em riso fácil. Nela, as mãos na cabeça, nos olhos e em
outras mãos. Vi que neste lugar, nem sempre em condições ideias,
encontra-se um brilhante espetáculo capaz de transformar a vida de muita
gente. Ah, que este pulsar não se perca no meio das dificuldades! Que
professores e alunos mudem de enredo, inventem novos personagens, criem e
recriem até chegar ao clímax. Eu visto a roupa de Príncipe para não
deixar morrer essa história.
Entoou Rubem Alves: há escola que são
gaiolas e há escolas que são asas. No teatro do hoje, todo esforço para
que nossa escola ensine e aprenda a voar!
Abraão Vitoriano
Formado em Letras e Pedagogia. Pós-graduado em Educação. Escritor.
Poeta. Revisor de textos. Professor na Faculdade São Francisco da
Paraíba e na Escola M. E. I. E. F Augusto Bernadino de Sousa.
Fonte: Diário do Sertão
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