E agora, o que fazer? Essa pergunta me veio à baila, antes e
depois da aposentadoria por invalidez e em alguns dias que acordo um tanto
quanto um pouco angustiada, por causa dos tombos e desequilíbrio.
A gente fica um pouco perdida, achando em certas ocasiões que não serve mais para alguma coisa, ou que perdeu os colegas de trabalho que tantas alegrias nos proporcionaram. Depois a gente foca em quem realmente se importa conosco.
Quando escolhi fazer jornalismo, o fiz por amor, acreditava que iria cobrir grandes eventos importantes e queria cobrir guerras, feito Euclides da Cunha, em Os Sertões. Era muita pretensão de uma adolescente sonhadora. Sempre primei pelo lado da responsabilidade social e pela área de humanas.
Na ocasião, enfrentei a indiferença da minha mamãe, que achava a profissão uma coisa de gente doida, fofoqueira, de maconheiros. E ela me vigiava de todas as formas para que eu não caísse nessa tentação de alguns amigos e da ocasião. Mas fui em frente.
Prestei vestibular quatro vezes, sendo a primeira para Medicina, para satisfazer a vontade dela, que queria ter um filho ou a filha nessa profissão, mas não era a minha praia. Os outros três eu prestei para Comunicação mesmo, mas para mim não era tão fácil. “Tico e Teco” sempre foram um pouco lentos, talvez já dando sinais da Ataxia.
Muitos amigos daquela época, ou quase todos, escolheram cursos considerados a nobreza e eu fui escolher Comunicação Social, habilitação em jornalismo, indo de encontro aos preconceitos daquela época. Mas os preconceitos sempre existiram e hoje avalio serem muito piores, apesar de estarmos no Século XXI.
Sempre gostei de fotografia, de escrever, fazer poesias e ler muito, além de fazer palavras cruzadas, com frequência e gostar muito de rua.
Mas sempre pensei pela simplicidade. Essa era a minha rotina.
Confesso que nunca gostei de tarefas domésticas, bordar como a minha mãe o fazia, cozinhar e outras prendas domésticas. Eu avaliava como inúteis para mim, que lia muito sobre o feminismo e queria me libertar daquelas amarras sociais. E isso, essa maneira de eu ser, causava muita estranhezas e incompreensão por parte de dona Antônia.
Avalio hoje, na maturidade e depois de tantos descaminhos, que fui injusta com ela e hoje eu me arrependo muito disso. Das minhas rebeldias, respostas grosseiras e indelicadas, apesar das limitações dela, que foi criada na roça e não entendia a rebeldia da filha.
Depois de fazer várias bobagens feitas na vida, hoje me vejo aposentada por invalidez e a profissão que sonhei desempenhar por muitos anos, tanto na área de reportagem de texto quanto de fotografia, desmoronar: foi encerrada de certa forma.
Eu não tinha mais condições emocionais e físicas de ir para a rua fazer reportagens, da pressão e estresse de uma redação, por conta da incoordenação dos membros, tombos e quedas. Tive que redirecionar minha rotina para outras coisas.
Agora pego dicas de fotografia na internet para me aprofundar no hobby tão querido, quero fazer um curso presencial, para fotografas mais enquanto posso, apesar das limitações, colocar minhas leituras em dia e pretendo viajar com frequência quando a situação financeira permitir.
Mas as interrogações ainda permeiam minha mente, em alguns dias de pensamentos não muito positivos e me pergunto em algumas situações: e agora, o que fazer?
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