Abdias Nascimento, o poeta, ator, escritor, dramaturgo, artista plástico, professor universitário, deputado federal, senador e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras, morreu em 23 de maio de 2011. Foi cremado na sexta-feira (27) na Santa Casa de Misericórdia, no Cajú, na Zona Portuária, no Rio de Janeiro.
Logo após sua morte, sua esposa,
Elisa Larkin Nascimento, doutora em psicologia pela USP e mestre em
Direito e em Ciências Sociais pela Universidade do Estado de Nova
Iorque, anunciou o desejo de Abdias Nascimento: que suas cinzas fossem depositadas na Serra da Barriga, situada na cidade de União dos Palmares, zona da mata do Estado de Alagoas, encontra-se a 500 metros acima do nível do mar
Na
época, o então Projeto Raízes de Áfricas entrou em contato com Elisa
Larkin Nascimento, se colocando a disposição para que a cerimônia fosse
realizada. Várias tratativas foram feitas e no dia 13 de novembro, a
Serra da Barriga recebeu as cinzas de Abdias, que foram depositadas aos
pés de um baobá. Também foi plantado uma muda de irókó.
A
ação coordenada, em 2001, pelo Projeto Raízes de Áfricas e o IPEAFRO
contou com o apoio das três esferas do governo e a participação de
cerca de mil pessoas, entre militantes/ativistas de todo Brasil e gente
de Áfricas e Estados Unidos.
Dentro da programação estava a aposição da lápide que celebra a memória de Abdias,
entretanto, como não havia o material (cimento e tijolos) para fazer a
base, a pedra (doada pelo Projeto Raízes de Áfricas), não foi
instalada e ficou guardada e algumas vezes perdida, no Posto da guarda florestal da Serra, durante 7 anos.
Como
o jejum do fato não consumado precisava ser quebrado, no dia 21 de
março de 2018, Dia Internacional para Eliminação da Discriminação
Racial, o Instituto Raízes de Áfricas,(com as permissões devidas do
IPHAN E FCP), realizou uma cerimônia intimista e finalmente, a lápide de
Abdias voltou ao lugar que nunca deveria ter saído.
A
ação em 2018, contou com o apoio do Governo do Estado, através da
SECULT e SESAU, da Prefeitura de União dos Palmares e a preciosa
parceria da Associação Comercial Empresarial de União dos Palmares –
ACEUP e do seu presidente, Adeilto Lima que fez às vezes de pedreiro.
"Um momento para entrar na história"- disse ele.
Participaram
da cerimônia: Kênia Maria, Defensora das Mulheres Negras na ONU/Brasil,
Maitê Freitas, mestranda em Estudos Culturais (EACH - USP). Jornalista e
produtora, a mestra em Antropologia Social, Sérgiana Santos, Coordenadora de Programas para as comunidades tradicionais do Governo do Estado de -Pernambuco ,Bernadete
Lopes, membro do instituto Raízes de Áfricas, José Augusto, advogada
Olívia Tenório, chefe da guarda Florestal, Diogo Palmeira, Balbino
Praxedes ,representação Regional da FCP, dentre outros.
Contudo,
a via crucis da lápide de Abdias Nascimento, ainda não teve fim, devido
a informação da funcionária ( Daiane?) do escritório da Palmares, em
Alagoas de que a pedra ( que levou 7 anos para ser posta), logo será
substituída por uma nova sinalização.
Como assim?
A pedra que contém a inscrição em homenagem a memória de um dos maiores expoentes da cultura negra no Brasil e no mundo, Abdias Nascimento, pode ser comparada a uma mera sinalização?
Lápide em latim significa pedra preciosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar!
Continue nos visitando!