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segunda-feira, 11 de julho de 2016

O lutador povo nordestino Por Milton Hênio


A seca persegue o nordestino de forma impiedosa, há séculos. O Polígono das Secas representa uma das regiões mais pobres do Brasil e o Nordeste tem 62% de seu território localizado nessa área.

O homem nordestino já vive acostumado a olhar constantemente para o céu na esperança de que surja alguma nuvem mais escura trazendo chuva. E nada.

Pois bem, de repente, ela chegou de forma intensa, enchendo os açudes, alagando os campos, arrastando animais, “lambendo” de forma voraz o arvoredo, invadindo as ruas e entrando pelas casas das cidades ribeirinhas. Lembrei-me, então, dos versos do famoso poeta alagoano Jorge de Lima que, quando menino assistia o Rio Mundaú, bem cheio, em sua inesquecível União dos Palmares: “Quando o rio entra na rua, as salas serão banheiros. e a professora fechará a escola. E o rio cresceu e lá se foi a almofada velha e rodou com o canoeiro”. Foi isso o que aconteceu em várias cidades do Nordeste nos últimos dias.

E essa gente boa e simples do nosso Nordeste, já tão sofrida pela ausência das chuvas, agora sofre pelo excesso de água. É impressionante o sofrimento
mudo dessas pessoas de nossa região.

Assistimos pela televisão as cenas dolorosas causadas pelo excesso das chuvas e ficamos tristes quando vimos aquele aglomerado de desassistidos olhando o que sobrou de seus pertences, vendo a correnteza levar o que ainda restava, olhando os campos alagados onde ontem havia seca inclemente. Toda essa gente ficou triste de ver os campos vazios, as enxadas encostadas e o silêncio e as lágrimas como companheiros.

O povo nordestino mantém seus costumes, suas festas, seus hábitos tradicionais que fazem sua felicidade. O Brasil é um País lindo.

Imagens, ritos, nomes, costumes, sons. O brasileiro, principalmente o nordestino, tecido na adversidade, na capacidade de conviver com opostos e deles extrair o caminho de uma sociedade fraterna, adora o seu folclore. O nosso querido povo usa a nossa música que traduz as belezas, as tristezas e alegrias da comunidade, o amor e a fé, o sonho e a esperança na caminhada da vida.

Alagoas é um verdadeiro celeiro de grandes folcloristas e que neste espaço não caberia citar. Na pessoa do saudoso médico Théo Brandão, homenageio a todos eles. 

A população nordestina é boa e ingênua. Eles têm direito a pressionar: passam fome, frio, não têm casa para morar.

Querem sorrir, ter esperança, viver. Eles têm muita fé em Deus e não desesperam nunca. As ruas de nossa cidade estão cheias de pedintes tangidos pela seca e a agora pelas chuvas.

(*) É médico

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