Em tempo algum, a profissão de professor foi tão desprestigiada, como
também não há registros em nossa história de uma perda considerável de
status social como tem ocorrido nos últimos anos. Baixos salários,
desvalorização profissional e baixo nível das faculdades de formação,
tem colaborado para o desbotamento silencioso do valor da mais
importante função que um ser humano pode exercer sobre a Terra. Como se
não bastassem as dificuldades elencadas, atualmente o professor se vê
pressionado a exercer o papel do educador familiar, o que não é, e
jamais foi seu encargo.
A educação formal dos saberes teóricos e práticos se faz tão
importante quanto a educação familiar dos costumes, da moral e da
cultura, pois enquanto uma nos prepara para os relacionamentos sociais a
outra nos proporciona subsídios e estrutura para cumprirmos com nossos
deveres e obrigações ante a sociedade que pertencemos. Neste contexto o
educador formal não pode transfigurar-se por determinado período de um
dia, em pai e mãe de seu educando, pois esses dois tipos de educação
divergem entre si, ou seja, cada uma tem uma determinada especificidade,
como também um determinado tutor. A divergência decorrente do processo
do ensinar não é em si prejudicial ao aluno, mas é o que mantém o
equilíbrio na formação de um cidadão íntegro e honrado.
Mesmo ante todas as dificuldades existentes no meio educacional,
ainda se percebe muitos professores que exercem a profissão como um
sacerdócio, uma devoção que transcende o entendimento humano, pois em
uma época em que tudo é mercadoria, está se tornando raro comportamento
como esse. São esses professores que se tornam marcantes na vida de seus
aprendizes, pois não ensinam apenas o que é peculiar, mas despertam a
curiosidade e a vontade de desvendar o desconhecido. Educadores que sem
perceber se tornam referências inesquecíveis na vida de seus alunos,
pois permitem que eles se posicionem, indaguem e participem do processo
da aprendizagem.
A devoção desses professores excepcionais está no fato de não se
prenderem somente nas questões burocráticas e formais, mas ao se
esforçarem para criar mecanismos que despertem nos alunos o espírito
crítico e o correto uso da lógica, sem influência político ideológica,
isto é, a formação de cidadãos autônomos moral e intelectualmente, a
preparação não somente para o mercado de trabalho, mas também para a
vida.
O professor por excelência é aquele que amando o que faz deseja mais do
que tudo, ser superado por seu aluno, fora isso, o educador é apenas um
repassador de conhecimentos.
O bom professor é aquele profissional
capaz de encontrar sempre uma forma de despertar o interesse de seu
aluno pelo conhecimento e a vontade de ir além, ir à busca de
encontrar-se consigo mesmo, com seus potenciais e vivenciá-los.
Com o tempo percebi que meus melhores professores foram aqueles que
proporcionaram o protagonismo da sala de aula aos alunos. Profissionais
que mantinham controle sobre o próprio ego, mantendo-se longe da
possibilidade de tornar-se o centro das atenções e com isso monopolizar o
ensino. Educadores que sabiam compartilhar o conhecimento e também
absorvê-lo, pois parafraseando o filósofo Blaise Pascal: ninguém é tão
ignorante a ponto de não ter o que ensinar e muito menos é tão
inteligente que não tenha o que aprender.
Ressalta-se que o bom professor não é aquele conivente com o desleixo
do aluno, muito menos o mau professor é aquele que exige e chama o
aluno à suas responsabilidades. Por experiência própria posso dizer que
somente o tempo pode julgar um professor. Os professores que
inocentemente julguei bonzinhos, na verdade me prejudicaram, pois foram
coniventes com minha preguiça inata. Os mestres exigentes que julguei
carrascos estavam me preparando para a vida, percebi isso após levar a
primeira surra das circunstâncias que moldam o mundo dos homens.
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