“Alagoas, Nação Zumbi”. A chamada da capa da edição 28 de
Graciliano não poderia ser mais adequada ao tema. O atual número da
revista editada pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos aborda com
minúcia e profundidade um período essencial ao entendimento de nossa
formação enquanto povo e pátria. E, como sabemos, o estado está na
gênese dessa história de sofrimento, resistência e superação.
Se a escravidão está fortemente ligada a inicial formação econômica
do Brasil, Alagoas foi – e continua sendo – território de cultivo de uma
das principais matérias-primas de exportação da época colonial: a
cana-de-açúcar.
Se a palavra de ordem é resistência, por aqui tivemos Zumbi e o
Quilombo dos Palmares, ícone maior na luta pela liberdade de uma gente
oprimida, torturada e dominada unicamente e exclusivamente em função de
sua cor e de sua origem.
Também não nos faltam estudiosos e obras seminais reconhecidos sobre o
assunto. Arthur Ramos – de quem publicamos artigo sobre miscigenação–,
Manuel Diégues Júnior, Abelardo Duarte e Dirceu Lindoso, entre os mais
destacados.
Acrescente aí a herança religiosa e artística de matriz africana e
Alagoas se torna chão, centro e coração neste episódio secular e
decisivo para a constituição da brava gente brasileira.
História e mito
Iniciamos o retorno ao passado pelas trilhas que levam ao Quilombo
dos Palmares e a Zumbi. O repórter Luís Gustavo Melo vasculhou
informações em livros, fuçou teses na internet e ouviu pesquisadores de
diversas universidades com o objetivo de trazer um relato sério e
sensato sobre um lugar perdido no tempo e um mito guardado pela
história.
Noutra frente, a jornalista Carla Serqueira investigou pesquisas,
fatos e relatos de hoje e de outrora para nos apresentar um panorama de
como a escravidão afetou relações humanas e sociais em Alagoas – antes,
durante e após a emancipação de Pernambuco. São duas reportagens de
fôlego, cobertas com dados, números e informações relevantes.
Esse primeiro conjunto de textos, assim como a capa da edição,
receberam as ilustrações do designer gráfico Thiago Oli, que integra a
equipe de editoria da arte da Imprensa Oficial Graciliano Ramos.
Certamente, um destaque à parte.
Também avançamos no tempo e chegamos às comunidades quilombolas que
descendem de mocambos. Bárbara Esteves viajou até duas delas e encontrou
um retrato duro de um povo que ainda carrega as marcas de um flagelo.
Na principal entrevista, expandimos o assunto para temas correlatos:
discriminação, racismo, cidadania, políticas públicas para minorias e a
escravidão nos dias de hoje. Reconhecida como uma das mais sérias e
dedicadas pesquisadoras brasileira sobre o tema, a doutora em História
Wlamyra Albuquerque, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), expõe com
propriedade seus argumentos contundentes.
A seção In Loco mostra o outro lado da moeda. Numa visita a cidade de
Viçosa, a museóloga Cármen Lúcia Dantas presenteia o leitor com um
passeio pelos cômodos da casa-grande da Fazenda Bananal. A propriedade
remete ao século 19 e possui um dos mobiliários de época mais bem
preservados de Alagoas.
Por fim, o Ensaio Visual foi assinado pelo artista multimídia Glauber
Xavier. Seu olhar capturado pelas lentes registrou manifestações da
cultura afro em Alagoas. O culto aos orixás, o batuque do ijexá e a roda
de capoeira flagrados em instantâneos de extrema sutileza poética.
SERVIÇO
GRACILIANO 28 - Alagoas, Nação Zumbi
Editora: Imprensa Oficial Graciliano Ramos (96 págs.)
Preço: R$ 10
Onde encontrar: nas bancas, livrarias e no site e na sede da Imprensa Oficial Graciliano Ramos
GRACILIANO 28 - Alagoas, Nação Zumbi
Editora: Imprensa Oficial Graciliano Ramos (96 págs.)
Preço: R$ 10
Onde encontrar: nas bancas, livrarias e no site e na sede da Imprensa Oficial Graciliano Ramos
Fernando Coelho - Agência Alagoas
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