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sábado, 10 de dezembro de 2016

Escravidão em Alagoas é tema da Revista Graciliano

“Alagoas, Nação Zumbi”. A chamada da capa da edição 28 de Graciliano não poderia ser mais adequada ao tema. O atual número da revista editada pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos aborda com minúcia e profundidade um período essencial ao entendimento de nossa formação enquanto povo e pátria. E, como sabemos, o estado está na gênese dessa história de sofrimento, resistência e superação.

Se a escravidão está fortemente ligada a inicial formação econômica do Brasil, Alagoas foi – e continua sendo – território de cultivo de uma das principais matérias-primas de exportação da época colonial: a cana-de-açúcar.

Se a palavra de ordem é resistência, por aqui tivemos Zumbi e o Quilombo dos Palmares, ícone maior na luta pela liberdade de uma gente oprimida, torturada e dominada unicamente e exclusivamente em função de sua cor e de sua origem.

Também não nos faltam estudiosos e obras seminais reconhecidos sobre o assunto. Arthur Ramos – de quem publicamos artigo sobre miscigenação–, Manuel Diégues Júnior, Abelardo Duarte e Dirceu Lindoso, entre os mais destacados.

Acrescente aí a herança religiosa e artística de matriz africana e Alagoas se torna chão, centro e coração neste episódio secular e decisivo para a constituição da brava gente brasileira.

História e mito
Iniciamos o retorno ao passado pelas trilhas que levam ao Quilombo dos Palmares e a Zumbi. O repórter Luís Gustavo Melo vasculhou informações em livros, fuçou teses na internet e ouviu pesquisadores de diversas universidades com o objetivo de trazer um relato sério e sensato sobre um lugar perdido no tempo e um mito guardado pela história.

Noutra frente, a jornalista Carla Serqueira investigou pesquisas, fatos e relatos de hoje e de outrora para nos apresentar um panorama de como a escravidão afetou relações humanas e sociais em Alagoas – antes, durante e após a emancipação de Pernambuco. São duas reportagens de fôlego, cobertas com dados, números e informações relevantes.

Esse primeiro conjunto de textos, assim como a capa da edição, receberam as ilustrações do designer gráfico Thiago Oli, que integra a equipe de editoria da arte da Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Certamente, um destaque à parte.
Também avançamos no tempo e chegamos às comunidades quilombolas que descendem de mocambos. Bárbara Esteves viajou até duas delas e encontrou um retrato duro de um povo que ainda carrega as marcas de um flagelo.

Na principal entrevista, expandimos o assunto para temas correlatos: discriminação, racismo, cidadania, políticas públicas para minorias e a escravidão nos dias de hoje. Reconhecida como uma das mais sérias e dedicadas pesquisadoras brasileira sobre o tema, a doutora em História Wlamyra Albuquerque, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), expõe com propriedade seus argumentos contundentes.

A seção In Loco mostra o outro lado da moeda. Numa visita a cidade de Viçosa, a museóloga Cármen Lúcia Dantas presenteia o leitor com um passeio pelos cômodos da casa-grande da Fazenda Bananal. A propriedade remete ao século 19 e possui um dos mobiliários de época mais bem preservados de Alagoas.

Por fim, o Ensaio Visual foi assinado pelo artista multimídia Glauber Xavier. Seu olhar capturado pelas lentes registrou manifestações da cultura afro em Alagoas. O culto aos orixás, o batuque do ijexá e a roda de capoeira flagrados em instantâneos de extrema sutileza poética.

SERVIÇO
GRACILIANO 28 - Alagoas, Nação Zumbi
Editora: Imprensa Oficial Graciliano Ramos (96 págs.)
Preço: R$ 10
Onde encontrar: nas bancas, livrarias e no site e na sede da Imprensa Oficial Graciliano Ramos 

Fernando Coelho - Agência Alagoas

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