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sexta-feira, 30 de março de 2018

Sete anos de via crucis para aposição da lápide de Abdias Nascimento, na Serra da Barriga, em Alagoas


Abdias Nascimento, o poeta, ator, escritor, dramaturgo, artista plástico, professor universitário, deputado federal, senador e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras, morreu em 23 de maio  de 2011. Foi cremado na sexta-feira (27) na Santa Casa de Misericórdia, no Cajú, na Zona Portuária, no Rio de Janeiro.
Logo após sua morte, sua esposa, Elisa Larkin Nascimento, doutora em psicologia pela USP e mestre em Direito e em Ciências Sociais pela Universidade do Estado de Nova Iorque, anunciou o desejo de Abdias Nascimento: que suas cinzas fossem depositadas na Serra da Barriga, situada na cidade de União dos Palmares, zona da mata do Estado de Alagoas, encontra-se a 500 metros acima do nível do mar
Na época, o então Projeto Raízes de Áfricas entrou em contato com Elisa Larkin Nascimento, se colocando a disposição para que a cerimônia fosse realizada. Várias tratativas foram feitas e no dia 13 de novembro, a Serra da Barriga recebeu as cinzas de Abdias, que foram depositadas aos pés de um baobá. Também foi plantado uma muda de irókó.
A ação coordenada, em 2001, pelo Projeto Raízes de Áfricas e o IPEAFRO contou com o apoio das três esferas do governo e a participação  de cerca de mil pessoas, entre militantes/ativistas de todo Brasil e gente  de Áfricas e Estados Unidos.
Dentro da programação estava a aposição da lápide  que  celebra a memória de Abdias, entretanto, como não havia  o material (cimento e tijolos) para fazer a base, a pedra (doada pelo Projeto Raízes de Áfricas), não foi  instalada e ficou guardada e algumas vezes perdida, no Posto da guarda florestal   da Serra, durante  7 anos.
Como o jejum do fato não consumado precisava ser quebrado, no dia 21 de março de 2018, Dia Internacional para Eliminação da Discriminação Racial, o Instituto Raízes de Áfricas,(com as permissões devidas do IPHAN E FCP), realizou uma cerimônia intimista e finalmente, a lápide de Abdias voltou ao lugar que nunca deveria ter saído.
A ação em 2018, contou com o apoio do Governo do Estado, através da SECULT e SESAU, da Prefeitura de União dos Palmares e a preciosa parceria da Associação Comercial Empresarial de União dos Palmares – ACEUP e do seu presidente, Adeilto Lima que fez às vezes de pedreiro. "Um momento para entrar na história"- disse ele.
Participaram da cerimônia: Kênia Maria, Defensora das Mulheres Negras na ONU/Brasil, Maitê Freitas, mestranda em Estudos Culturais (EACH - USP). Jornalista e produtora, a mestra em Antropologia Social, Sérgiana Santos, Coordenadora de Programas para as comunidades tradicionais do Governo do Estado de -Pernambuco ,Bernadete Lopes, membro do instituto Raízes de Áfricas, José Augusto, advogada Olívia Tenório, chefe da guarda Florestal, Diogo Palmeira, Balbino Praxedes ,representação Regional da FCP, dentre outros.
Contudo, a via crucis da lápide de Abdias Nascimento, ainda não teve fim, devido a informação da  funcionária ( Daiane?) do escritório da Palmares, em Alagoas de que  a pedra ( que levou 7 anos para ser posta), logo será substituída por uma nova sinalização.
Como assim?
A pedra que contém a inscrição em homenagem a memória de um dos maiores expoentes da cultura negra no Brasil e no mundo, Abdias Nascimento,  pode ser comparada a uma mera sinalização?
Lápide em latim significa pedra preciosa.
Que assim seja.

segunda-feira, 5 de março de 2018

Morre, aos 26, pós-doutor alagoano que era referência nos estudos do Bolsa Família

Foi em União dos Palmares, às margens do rio Mundaú, que nasceu uma das principais referências nos estudos sobre o Bolsa Família em Alagoas e tratado por todos com um futuro promissor na Geografia brasileira.

De família humilde, o alagoano Fernando Antônio da Silva tinha 26 anos e já era doutor na área que mais gostava. Completaria 27 anos no dia 31 de março. Estava no Ceará, na cidade de Sobral, em um estágio de pós-doutorado na Universidade Estadual Vale do Aracaú (UVA), quando se sentiu mal no domingo, 4, e morreu em uma pousada. Ele teve um infarto.

Fernando fez mestrado e doutorado em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Estava no pós-doutorado pela UVA. Parte de sua história de vida virou objeto de estudo. Ele buscou entender o funcionamento do programa Bolsa Família na região canavieira de Alagoas.

Em 5 de janeiro, escreveu em sua conta pessoal no Facebook sua preocupação com os cortes federais no Bolsa Família. “Em minha opinião, uma das questões mais sérias em relação ao Bolsa Família é a maneira como as técnicas mais modernas do período vêm sendo usadas para dificultar a transformação desse Programa em um direito. No governo golpista de Temer, a instabilidade que isso causa na vida das beneficiárias é muito preocupante”, explicou.

Em seu currículo, atuava nos temas: pobreza, cidadania, circuitos da economia urbana, políticas de transferência de renda (especialmente no Bolsa Família), urbanização e globalização e regionalização. Era referência, em Alagoas, nos estudos de Milton Santos (1926-2001), brasileiro de referência internacional nos estudos de urbanização nos países em desenvolvimento.

Seu corpo deve ser trasladado para Alagoas. Ainda não há informações sobre velório e enterro. A Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), campus União dos Palmares, decretou luto oficial de 3 dias.

Leia também:

Lançamento do livro (Re)Pensando a Geografia: História, Objeto, Método e Práxis  AQUI

Palmarino pesquisador da Unicamp ministra palestra sobre políticas de transferência de renda no Cotuca  AQUI

Projeto "Uma Páscoa Pela Paz" Debate a Violência na Cidade   AQUI

quinta-feira, 1 de março de 2018

Cine Sesi volta a União dos Palmares para a sua 12ª edição

O projeto, patrocinado pelo SESI Alagoas, percorrerá 20 municípios do interior do Estado. Também haverá oficinas de animação e palestras temáticas. Tudo de graça.

Uma forma lúdica e eficaz de resgatar a história das salas de exibição das cidades do interior do Brasil e, ao mesmo tempo, promover a inclusão social por meio do cinema. Esse é o roteiro do Cine Sesi, que desde 2002 democratiza o acesso à sétima arte pelo país. Só em Alagoas, o projeto já esteve em 87 cidades e atingiu um público de mais de 900 mil pessoas, em 11 edições. Agora, volta ao estado e estreia na próxima sexta-feira, dia 26 de janeiro, nas cidades de Paripueira, na Praça Padre Cícero, e em Ibateguara, na Praça Padre Francisco, com patrocínio do SESI Alagoas.


Totalmente gratuito, o projeto já percorreu mais de 700 cidades e atingiu um público de mais de cinco milhões de pessoas em todo o Brasil. Gente que, na sua grande maioria, nunca tinha visto cinema na vida. A mostra itinerante desbrava as estradas dos estados brasileiros levando projeções de qualidade a céu aberto para regiões interioranas que não têm mais, ou nunca tiveram salas de exibição. “Em muitas dessas cidades, as novas gerações sequer viram o cinema funcionando. Quando nasceram, as salas já haviam se transformado em igrejas, academias de ginástica ou supermercados. O projeto resgata o vínculo dessas localidades com seus antigos cinemas”, diz Lina Rosa Vieira, curadora do Cine Sesi, iniciativa que em 2018 entra na sua 17ª edição e 16 anos de atividade.


Outro foco importante são as oficinas de animação e palestras temáticas que acontecerão nas cidades de Traipu e União dos Palmares, de 26/02 a 03/03 e 05/03 a 10/03, respectivamente. O resultado poderá ser visto na grande tela nos dias de exibição do projeto.


O Cine SESI dá preferência a pequenos municípios, e as exibições – em telão de altíssima definição e som no mesmo padrão, acontecem sempre em local de grande circulação. No final de semana, a produção prepara um espaço todo especial, com cadeiras, tapete vermelho e, claro, pipoca quentinha. Tudo de graça. Alguns moradores privilegiados se dão ao luxo de assistir aos filmes da calçada de casa.


Lina Rosa aponta que outro foco importante do projeto são os alunos da rede pública. “Há um trabalho junto às escolas para que a ida ao cinema ao ar livre se transforme numa aula de campo”, diz. “Para ser trabalhada em sala de aula de modo multidisciplinar, o que acontece por meio de um manual pedagógico sugerido pelo projeto, focado em um dos longas exibidos”, complementa.


O Cine SESI também se destaca pelo cuidado com a acessibilidade. As pessoas com deficiência auditiva são contempladas por legendas nos longas-metragens; enquanto voluntários para fazer audiodescrição também estarão disponíveis para atender pessoas com deficiência visual que forem ao cinema. O acesso para cadeirantes e pessoas com dificuldade de mobilidade também é facilitado.


Filmes

Além das animações produzidas pelos alunos das oficinas de Alagoas, a programação de 2018 conta com os curtas-metragens “Até o Sol Raiá”, de Fernando Jorge e Leandro Amorim; “Guida”, de Ricardo Machado e Rosana Urbes; e "Salu e o Cavalo Marinho", de Marcos Buccini e Cecilia da Fonte. Os longas-metragens “O Menino no Espelho”, de Guilherme Fiuza Zenha; “O Filho Eterno”, de Paulo Machline; e a animação da Disney “Zootopia”, dos diretores Rich Moore e Byron Howard também estão no roteiro da telona do Cine Sesi.


O Menino no Espelho

O longa-metragem é baseado no livro homônimo de Fernando Sabino. A direção é de Guilherme Fiúza Zenha, autor do livro Meu Nome Não é Johnny. O protagonista é interpretado por Lino Facioli. Aos 10 anos, Fernando está cansado de fazer as tarefas chatas da vida. Seu sonho era ter clone, para que ele pudesse aproveitar o lado bom da vida, enquanto seu sósia cuidasse das tarefas. Um dia, é exatamente isto que acontece, quando o reflexo de Fernando deixa o espelho e ganha vida. O elenco ainda conta com Giovanna Rispoli, Mateus Solano, Regiane Alves, Ricardo Blat, Gisele Fróes, Laura Neiva, Murilo Quirino, Ravi Hood, Murilo Quirino e Ravi Hood.


O Filho Eterno

O casal Roberto (Marcos Veras) e Cláudia (Débora Falabella) aguarda ansiosamente pela chegada de seu primeiro bebê. Roberto, que é escritor, vê a chegada do filho com esperança e como um ponto de partida para uma mudança completa de vida. Mas toda a áurea de alegria dos pais é transformada em incerteza e medo com a descoberta de que Fabrício, o bebê, tem Síndrome de Down. A insatisfação e a vergonha tomam conta do pai, que terá de enfrentar muitos desafios para encontrar o verdadeiro significado da paternidade.

Zootopia

Judy Hopps é a pequena coelha de uma fazenda isolada, filha de agricultores que plantam cenouras há décadas. Mas ela tem sonhos maiores: pretende se mudar para a cidade grande, Zootopia, onde todas as espécies de animais convivem em harmonia, na intenção de se tornar a primeira coelha policial. Judy enfrenta o preconceito e as manipulações dos outros animais, mas conta com a ajuda inesperada da raposa Nick Wilde, conhecida por sua malícia e suas infrações. A inesperada dupla se dedica à busca de um animal desaparecido, descobrindo uma conspiração que afeta toda a cidade.


Curtas

Até o Sol Raiá

Até o Sol Raiá, de Fernando Jorge, Leanndro Amorim, é um conto de fantasia e de celebração ao imaginário nordestino. Personagens criados por um artesão em barro ganham vida própria e agitam uma pacata vila sertaneja numa noite de festa. Animado em 3D, o curta-metragem funde a tradição do artesanato em barro com o cangaço, numa referência a dois ícones da cultura do Nordeste.


Guida

Produção de 2015, o drama tem direção de Ricardo Machado e Rosana Urbes, com roteiro de Bruno H. Castro, Rosana Urbes, Thiago Minamisawa. Guida, uma doce senhora que há 30 anos trabalha no fórum da cidade, tem sua rotina entediante modificada ao se deparar com um anúncio para aulas de modelo-vivo em um centro cultural.


Salu e o Cavalo Marinho

O filme, de Marcos Buccini e Cecilia da Fonte, conta a história de Mestre Salustiano. Um dos artistas populares mais famosos do Brasil. Filho do rabequeiro João Salustiano, Salu logo cedo sonha em participar de um grupo de Cavalo Marinho, folia típica da região onde mora.


Programação:

Sexta-feira (a partir das 18h30)

Curta Oficina de Animação

Curta-metragem “Até o Sol Raiá”

Longa-metragem “O Menino no Espelho”

Sábado (a partir das 18:30)

Curta Oficina de Animação

Curta-metragem “Guida”

Longa-metragem “O Filho Eterno”

Domingo (a partir das 18:30)

Curtas Oficina de Animação

Curta-metragem “Salu e o Cavalo Marinho”

Longa-metragem “Zootopia”


Cronograma do Cine Sesi Cultural em Alagoas

26, 27 e 28/01/2018 - Paripueira e Ibateguara

02, 03 e 04/02/2018 - Maragogi e Porto Real do Colégio

23, 24 e 25/02/2018 - São Miguel dos Milagres e Junqueiro

02, 03 e 04/03/2018 - Capela e Taquarana

09, 10 e 11/03/2018 - Campo Alegre e Murici

16, 17 e 18/03/2018 - Palmeira dos Índios e Traipu

23, 24 e 25/03/2018 - União dos Palmares e Santana do Ipanema

06, 07 e 08/04/2018 - Major Izidoro e Mata Grande

13, 14 e 15/04/2018 - Carneiros e Piranhas

20, 21 e 22/04/2018 - Pão de Açúcar e Cacimbinhas


Fonte: Assessoria