"Um homem nordestino de muita sensibilidade. Produziu lindas peças de artes desde criança, uma tradição da comunidade, passada de pai para filhos.
Encontrava-se no auge de sua produção. Muito motivado. Acabara de ser premiado em concurso de arte popular organizado pelo Minc - Ministério da Cultura. Tive oportunidades de adquirir alguns trabalhos seus pra o meu acervo, por ocasião de algumas entrevistas e fotografias feitas pelo acervo do Núcleo de Pesquisa em literatura e Artes Visuais - Nuplav, da Uneal, coordenada por mim.
Semana passada vi peças suas no Museu de Arte Popular Edson Carneiro, no Rio de Janeiro. Uma pessoa bonita. Como estudioso da arte, sei que os artistas não morrem. Eles permanecem sempre vivos através de seu trabalho estético de criar." Jairo Campo
Leia abaixo entrevista do Blog JMarcelo Fotos com o artesão em 06 de março de 2013.
O
Povoado Muquém é um dos mais conhecidos de União dos Palmares. Na comunidade
quilombola vivem hoje cortadores de cana e artesãos. Dona Irinéia Nunes é a
mais conhecida artesã. Outro que tem representado bem União é José Antônio da
Silva, conhecido como Laelson.
Desde
os 7 anos ele tem observado os mais velhos e aos poucos ia criando algumas
peças. Muitas eram panelas. Ficou no ofício até os 20 anos, quando trabalhou em
outra atividade para sustentar a família. Só em 2011, com a fundação da
Ádapo Muquém, ele retornou suas atividades como artesão.
Laelson
participa de todas as etapas da produção e fica feliz com o resultado, que vai
de animais a rostos humanos. Além disso, ele é o responsável pela loja da
associação, onde ficam as peças. Toda essa dedicação à arte vem sendo
reconhecida por clientes, que acompanham sua evolução na criação das peças.
Muitas
das peças (rostos) são inspiradas nos próprios moradores do povoado, como o seu
neto. Cada peça nova leva um nome de batismo, já que serão desenvolvidas outras
futuramente. O artesão diz que cada artesão no Muquém tem seus próprios traços.
Quem compra percebe logo a diferença nos estilos de cada artesão. “Cada artesão
aqui na comunidade tem o seu valor", diz Laelson.
Aos
60 anos e pai de 12 filhos, o artesão diz que nenhum deles se interessou pelo
ofício do artesanato, já que a valorização na região é pequena. Os rendimentos
mal dão pra sustentar a família. Laelson diz que a esposa, Dona Julieta, é quem
o ajuda na confecção das peças, ela é a responsável pelas panelas.
Porém,
ele diz que agora o reconhecimento é maior que há 20 anos, quando a miséria no
povoado era enorme. Hoje, com o trabalho voltado para a cultura negra, eles
estão tendo oportunidade de ter escola, posto de saúde, recebimento de alimentos,
visitas dos turistas e, futuramente, suas novas casas, já que o povoado foi um
dos atingidos na última enchente. "Hoje temos mais oportunidades. Hoje
temos esperança de dias melhores. Não somos mais aquelas pessoas pobres com
roupas rasgadas", diz.