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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Luto: Hoje Alagoas chorou de tristeza pela morte de um de seus artistas: Laelson Quilombola do Muquém


"Um homem nordestino de muita sensibilidade. Produziu lindas peças de artes desde criança, uma tradição da comunidade, passada de pai para filhos.

Encontrava-se no auge de sua produção. Muito motivado. Acabara de ser premiado em concurso de arte popular organizado pelo Minc - Ministério da Cultura. Tive oportunidades de adquirir alguns trabalhos seus pra o meu acervo, por ocasião de algumas entrevistas e fotografias feitas pelo acervo do Núcleo de Pesquisa em literatura e Artes Visuais - Nuplav, da Uneal, coordenada por mim.

Semana passada vi peças suas no Museu de Arte Popular Edson Carneiro, no Rio de Janeiro. Uma pessoa bonita. Como estudioso da arte, sei que os artistas não morrem. Eles permanecem sempre vivos através de seu trabalho estético de criar." Jairo Campo

Leia abaixo entrevista do Blog JMarcelo Fotos com o artesão em 06 de março de 2013.

 

O Povoado Muquém é um dos mais conhecidos de União dos Palmares. Na comunidade quilombola vivem hoje cortadores de cana e artesãos. Dona Irinéia Nunes é a mais conhecida artesã. Outro que tem representado bem União é José Antônio da Silva, conhecido como Laelson.

Desde os 7 anos ele tem observado os mais velhos e aos poucos ia criando algumas peças. Muitas eram panelas. Ficou no ofício até os 20 anos, quando trabalhou em outra atividade para sustentar a família. Só em 2011, com a fundação da  Ádapo Muquém, ele retornou suas atividades como artesão.

Laelson participa de todas as etapas da produção e fica feliz com o resultado, que vai de animais a rostos humanos. Além disso, ele é o responsável pela loja da associação, onde ficam as peças. Toda essa dedicação à arte vem sendo reconhecida por clientes, que acompanham sua evolução na criação das peças.

Muitas das peças (rostos) são inspiradas nos próprios moradores do povoado, como o seu neto. Cada peça nova leva um nome de batismo, já que serão desenvolvidas outras futuramente. O artesão diz que cada artesão no Muquém tem seus próprios traços. Quem compra percebe logo a diferença nos estilos de cada artesão. “Cada artesão aqui na comunidade tem o seu valor", diz Laelson.

Aos 60 anos e pai de 12 filhos, o artesão diz que nenhum deles se interessou pelo ofício do artesanato, já que a valorização na região é pequena. Os rendimentos mal dão pra sustentar a família. Laelson diz que a esposa, Dona Julieta, é quem o ajuda na confecção das peças, ela é a responsável pelas panelas.

Porém, ele diz que agora o reconhecimento é maior que há 20 anos, quando a miséria no povoado era enorme. Hoje, com o trabalho voltado para a cultura negra, eles estão tendo oportunidade de ter escola, posto de saúde, recebimento de alimentos, visitas dos turistas e, futuramente, suas novas casas, já que o povoado foi um dos atingidos na última enchente. "Hoje temos mais oportunidades. Hoje temos esperança de dias melhores. Não somos mais aquelas pessoas pobres com roupas rasgadas", diz.

Aqui fica a dica do blog para os leitores/amigos que passa pela AL 205, em direção a cidade de Santana do Mundaú, na loja da associação você pode comprar as peças do artesão ou um dos doces produzidos na comunidade. Saiba mais sobre as doceiras,  AQUI.

Quilombola de Muquém terá peças expostas durante a Copa do Mundo  AQUI

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Z.A Trator