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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

As Tatoo do Cantor Thiago Correia


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"Minha Religião é Rastafari" Thiago Correia


"Eu sou discriminado dentro da casa de minha família a todo o momento e também por uma classe de fariseus católicos e evangélicos que não conhece a verdadeira face de Jesus"
Thiago Correia


Marcelo: A sua família é natural de União dos Palmares?
TC: Sim! Meu Pai é de Vázea Grande e minha mãe da rua da Ponte.

Marcelo: Onde você passou sua infância?
TC: Entre Vázea Grande, rua da Ponte e o antigo Castelo Branco, que hoje é rua Juvenal Mendonça e temos nosso escritório.

Marcelo: O que mais marcou em sua juventude?
TC: O nascimento de minha filha, é uma das coisas que marcaram entre tantas coisas... ir ao Rock In Rio com Zé Pezão foi outra parada que marcou muito também, pois era um sonho, mesmo hoje sendo uma coisa emotiva mais. Tomar Whisky e trocar horas de idéia com Noite Lustrada na Palmarina quando ele veio fazer show em União, é outra coisa que lembro com muito carinho.

Marcelo: Onde você estudou, era bom aluno?
TC: Estudei em tudo que foi lugar em União, creio! (rs) , estudei na Escola de Aplicação Santa Maria Madalena, Carlos Gomes, Monsenhor Clovis Duarte, Olimpia, Correia Viana, Paulo Sarmento, Teologia com professor Cassio no Correia Viana... Nunca fui uma pessoa que gostasse de estudar, perdi muito meu tempo no rock, onde não me levou a lugar nenhum e só me dava má fama e comia meu dinheiro como devorador. Vim gostar de estudar já um pouco mais velho, mesmo gostando de escrever, e depois que ganhei um livro de Fernando Gabeira – Hóspede da Utopia, foi o meu primeiro livro que parei para ler, que tomei gosto para leitura, que foi até um presente do meu amigo Jr. Bagaceira. Depois tomei gosto e não parei mais de ler, e foi o que me ensinou a escrever melhor e falar melhor. Mas logo estaremos fazendo a tão sonhada faculdade de letra ou de teologia, ou de música... No momento temos todo tempo de meu Deus para escolher o que desejo fazer, e nesse tempo que estamos enraizando em alguma lugar dessa terra estou me dedicando fervorosamente e incansavelmente ao JAH Works da Comunidade Quilombola de Sião; pois quando eu passar no vestibular não terei mais tempo para peregrinar com a Comunidade e é até arriscado renovar o voto do cabelo...
Uma coisa que me arrependo muito foi não ter me dedicado aos estudos, e aconselho a todos que se dediquem porque é o único futuro certo que temos em meio a tantas ilusões. Rastafari me traz esse entendimento hoje, e como nunca será tarde voltar ao caminho que leva as perolas então só fazer o que o Mestre manda e não sair do foco que é lá onde estar o tesouro do meu coração. Rastafari I!

Marcelo: Qual sua formação hoje?
TC: Terminei o segundo grau no Monsenhor Clovis, e a faculdade da vida em Jah Rastafari, que não me ensinou o ABC mas me ensinou a OBDC a vontade de RASTAFARI.

Marcelo: Fora a música, você já trabalhou em outra atividade?
TC: SIM! Aos 10 anos de idade por aí... Na empresa do meu pai que foi um homem que não se agradava de filho nenhum inutilizado e nos colocava para fazer bloco de cimento manual, mexer massa de cimento na pá e na inchada para vários bloqueiros, descarregava carretas e caminhões de cimento de 50 kg, fazia armação de ferragem que é outra arte que tenho, enchia mais de 60 formas de nervura diariamente, estirava ferro... Isso se eu quisesse ter dinheiro no bolso.
Também trabalhei na Radio AG-FM um mês depois que ela estava no ar; fiz um estagio de operador de áudio, e em menos de trinta dias já estava escalado como operador de áudio, onde passei cinco anos, e tive o prazer de trabalhar com locutores como Mauro Correia, Ivan Nunes, Kleber Marques, Lurdinha Macena, Margarete Leão, Luciene Peixoto, Douglas Lopes, Diria Mônica, Jota Maria, Antonio Aragão, Marcio Mitonore, Ramom Lins que hoje vende relógio na feira de União, e outros... E só com 28 anos que cortei o cordão umbilical e me dediquei unicamente aquilo que eu gostava de fazer que é o que faço até hoje.
Para sobreviver fora de União, trabalhei de roadi na banda do Alê Manas (ex Casa dos Artistas) e na banda Matraca, da Patrícia; fui ajudante no estúdio de Tatuagem 7 vezes mais, e fui gerente do Lava Rápido Água Viva; por culpa do visual Rastafari perdi algumas oportunidades de emprego, uma delas foi a de promotor de uma marca de óleo vegetal, mas mesmo assim ainda trabalhei numa equipe de uma Multi-Nacional de Esportes Radicais nas baladas paulistana; e hoje me refugio de babilônia na Comunidade Quilombola de Sião (www.comunidadequilomboladesiao.com.br) vivenciando Rastafari no Jah Works!, no eixo São Paulo, Bahia, Alagoas e por onde Deus me levar.

Marcelo: Como a música entrou na sua vida?
TC: Desde criança que eu gosto de música. Lembro que em 1984 eu achava Michael Jackson e a banda Kiss muito legal, mas pela falta de informação eu não sabia o que era o estilo de um e nem de outro. Quando o Kiss veio pro Brasil pela primeira vez, foi quando eu vi que eu gostava mesmo era de rock e vim saber que Michael Jackson era pop, mas achava o reggae que eu ouvia nas discotecas, quando ia com meu pai, muito legal, que foi onde passei a conhecer Bob Marley, Peter Tosh, e outros nomes que nem sabia o nome na verdade, porque não entendia o inglês dos irmãos, e pela falta de informação a gente ia muito pelo o ritmo como rola até hoje com esses DJs de reggae e fãs de reggae que não entendem... Já ouvi vários reggaes gospel feito por pessoas de Deus, e pelo o fato de não entenderem o inglês do irmão rasta os regueiros vai pela batida e colocam tais perolas musicais e ungidas em lugares que não são convenientes a música gospel. E mesmo criança, eu ia muito aos grandes bailes da vida de União dos Palmares junto com meu tio Geraldo Peixoto, com meu pai que gostava de uma farra, e que foi até o cara que comprou a primeira guitarra de União dos Palmares (Jarbas Leite sabe contar isso melhor). Mas quando conheci que o Kiss era rock in roll e Jackson era pop, eu optei pelo o rock n' roll.

Marcelo: Como você define sua trajetória musical?
TC: Um benção de Jesus Cristo rastafari!

Marcelo: Como se deu o nome da banda?
TC: Eu comecei com o meu trabalho solo, o CD Filho do Rei, onde tive o prazer de produzir ele junto com grades músicos de nossa terra, como Nal Batera, Belarmino, Djalma, Marlon Rossi que não é de União mas foi um irmão que criou raiz em União e outros irmãos. Minha primeira banda se chamava Milésima Geração, só em 1999 que com a necessidade de revolucionar musicalmente, me vendo nativo da terra de Zumbi dos Palmares e do poeta Jorge de Lima com o que a mídia tava jogando no ar através das bandas de Pernambuco, de Maceió, Bahia, São Paulo , Rio... Foi quando eu continuei com meu trabalho solo mas mudei só o nome da banda para Comunidade Quilombolas, onde em pouco tempo, com a forma revolucionaria de fazer o novo estilo que não foi abraçado por nenhum músico que foi convidado para fazer parte do meu novo projeto, e em menos de dois anos só com os apoios de alguns amigos íntimos, foi aí que conseguimos sair do interior para tocar em Maceió em vários projetos grandes, chegamos até tocar no show de Lenine, vários shows no SESC, no Jaraguá em Maceió, e em União sempre foi algo tratado como loucura e por isso para tocar em União foi preciso inventar evento alternativo para colocar a banda para tocar, e sempre sempre tinha um ou mais outros palhaços que de uma forma ou de outra fazia inferno alegando ser um doido e ficávamos de fora dos eventos de União... Foi quando que em 2005 , quebrado e falido, fui com a cara e a coragem para São Paulo, e em meio a falta de trabalho, passando fome e necessidade por lá, senti uma grande vontade de me batizar, sentimento este que já estava sentindo antes de sair de União mas não me agradava do estilo das igrejas de União e nunca rolava o êxodo, e foi em São Paulo através de um apóstolo o Vagner do 7x+ que hoje é diácono da Igreja Renascer, perguntou se eu aceitava Jesus como meu único salvador, eu disse na hora sem pensar duas vezes, e depois do batismo no mover apostólico, foi quando me despertei Rastafari e fui morar praticamente na montanha na Casa Rastafari de Menelik que hoje é o Congresso Etiope Africano – Igreja da Salvação, foi aí que tive uma visão, e consagrei a Comunidade a Deus, e dalí já não era mais uma banda apenas, passou a ser Comunidade Quilombola de Sião. O nome Comunidade veio pelo o fato de trabalharmos em comunidade, Quilombola por ter surgido na terra de Zumbi dos Palmares e de Sião porque é uma Comunidade de Quilombolas que só adora unicamente a Deus unicamente. É de costume você ir nas Comunidade Quilombolas de remanescente de Quilombo ter varias religiões centralizada, e Deus levanta nesse tempo a nossa Comunidade Quilombola “de Sião” voltado ao os único Deus Pai de Cristo Emmanuel, para que seja um refugio dos refugiados de babilônia quebrando qualquer adoração a outros deuses que não seja o Deus de Isarel dos Céus da Etiópia - África.

"Uma vez essa galera do mal, saíram de União para Maceió para nos queimar, e nos Festejos da Consciência Negra de 2005 em União dos Palmares, promovida pela Fundação Palmares, o grupo Africano Okum Ilé e nós, fomos excluídos pelo o movimento cultural AGRUCENUP"

Marcelo: Quais são seus ídolos na música? E fora dela?
TC: Essa coisa de ídolo eu não me agrado, pq eu so idolatro a Jah Rastafari Jesus Cristo Emanuel da pele preta como mama Africa! Mas eu gosto de grandes artistas do Reggae Raiz jamaicano e Brasileiro, gosto ainda de rock, ouço vinil sempre que rola o momento, musica popular brasileira de boa qualidade seja a nova ou velha MPB. Música Africana original, Forro Pé de Serra, boa música gospel independente de que denominação e nação seja o canto celestial e por aí vai... Depois que me despertei Rastafari, eu me desapeguei de ficar limitado ah um só estilo como eu fazia com o rock; ainda hoje gosto muito de rock pesado como banda Morcegos de Maceió, mas gosto do rock de 90 pra traz principalmente os de raiz dos anos 50, 60, 70... Agora mesmo eu estou ouvindo a música Marina na voz de Nelson Gonçalves, músico que tenho o máximo respeito. Antes de qualquer coisa rotulada, eu sou músico, cantor, compositor, interprete e produtor, e isso é um dom que Deus me deu e exerço com muito amor, buscando sempre estudar mais, ouvir mais, fazer mais, sempre mais para melhorar sempre mais, sem se preoculpar em sucesso, em dinheiro, pois essas coisas que vem pela vontade de Deus é manifestada nas pessoas que gosta e compra nosso trabalho.

Marcelo: Como você analisa a falta de interesse da população com os músicos palmarinos?
TC: Sou homem de fé, gosto de viver em Jah rastafari em vida abundante e o que o Mestre me diz é que profeta não obra milagres em sua pátria. E por isso, prefiro que Jah se manifeste nas pessoas de minha terra naturalmente, como essa entrevista mesmo. Sou muito grato pelo o carinho das pessoas que gostam do meu trabalho que se manifesta pela Comunidade Quilombola de Sião. Mas a coisa mais triste, é você ver descaradamente pessoas que estão na mesma luta que você, e por inveja, ou porque não gosta do brilho que sai de Rastafari, usam de tudo para nos prejudicar, nos mafiar, nos tirar de tempo.... mas sempre quebram a cara, porque esses que se deixam levar pelas vibrações negativas com a burrice de prejudicar o irmão que ta na mesma militância cultural de tanto ta focado em melar meu trabalho ele não enxerga que meu escudo é Deus pai de Jesus, que sempre nos coloca num lugar de honra e eles num lugar de vergonha.

Marcelo: Você já teve problemas com os organizadores de evento aqui em União? Pode nos contar o episódio?
TC: Em 2007 fomos trazidos de São Paulo através de Patricia Mourão para abrir o show do Edson Gomes no palco principal e uma panelinha do mal, da cultura, tava no hotel Santa Maria Madalena tentando de varias formas com a Fundação Palmares nos tirar do palco principal...
Sempre há uma perseguição, mas sempre terminam em vergonha, porque o meu Deus de Israel Ele nunca nos abandonou e não nos abandonará. Quanto mais essa galera é assim, eles nunca vão sair do esterco. Isso para mim é perseguição cultural regado a muita inveja, só pelo o fato de ver que o brilho brilha mais em mim do quê neles, onde Deus que estar em mim, estar neles também, basta buscar ele dentro deles mesmos!! Mas não, eles preferem ta do lado do coisa ruim. Nem são digno de pena porque ninguém é galinha para ter pena desses coitados.
Uma vez essa galera do mal, saíram de União para Maceió para nos queimar, e nos Festejos da Consciência Negra de 2005 em União dos Palmares, promovida pela Fundação Palmares, o grupo Africano Okum Ilé e nós, fomos excluídos pelo o movimento cultural AGRUCENUP; unimos forças com a nação regueira de Maceió e realizamos com o apoio do Advogado Kil um grande encontro na Estação Ferroviária de União, no dia 20 de novembro, dando o verdadeiro grito de liberdade na terra de Zumbi dos Palmares, com o show das bandas: Revolução de Maceió, Mensageiros, Libertus, Luiz Netto da Vibrações Rasta juntamente com Thiago Correia e Comunidade Quilombolas, Okum Ilé, Manu e Bebeto-du-Reggae.
Já os empresários independentes de nossa terra, nunca tiveram interesse de nos colocar nos eventos deles porque sempre eles desvalorizam os da terra para dá sempre o bolo aos de fora. Sempre os de casa é que ganha pouco, e os de fora vem e pega lá seus milhões e vai embora com uma grana que daria para fazer um grande festival cultural em nossa cidade pagando o que realmente merecemos. Mas como eu disse: profeta em sua pátria não é reconhecido como merece, e eu nem me preocupo porque o meu melhor já estar reservado por ordem divina.

Marcelo: No seu último show aqui na terrinha era visível que você tava com raiva. O que aconteceu?
TC: Esse último show que fizemos no 20 de novembro de 2010, nos colocaram no mesmo horário da banda de fora e o responsável não estava presente para resolver o problema e eu tive que ser chato para enfrentar a produção da banda principal que não teve culpa porque estava no horário que o secretário de cultura determinou que eles estivessem (como eles disseram claramente a gente (temos isso gravado em vídeo), que foi justamente no mesmo horário que o secretário de cultura nos mandou chegar. E olhe que quando o prefeito pediu para que o secretário de cultura nos colocasse antes da atração especial de fora, eu disse que tivesse cuidado para que nossa produção não batesse de frente com a produção da outra banda, e foi justamente o que aconteceu... Como não tinha ninguém para resolver o problema, veio a Fundação Palmares bater de frente nos tratando como se a gente fosse nada, e queria nos colocar depois da atração especial da noite, onde estávamos escalado por ordem do prefeito de tocar antes da atração principal, e o responsável não estava presente para resolver o pepino.
Sou muito grato ao prefeito Kil pelo o que ele já fez pela Comunidade Quilombola de Sião, não tenho do que reclamar do Kil em nada, fazemos até questão de colocar o nome do prefeito no apoio cultural do site www.comunidadequilomboladesiao.com.br mesmo ele não nos contratando para tocar na festa da Padroeira desse ano de 2010 quando nos jogamos para vender nosso show para festa através da prefeitura.
A prefeitura nos pagou o show do dia 20 de novembro no dia combinado. E dei uma de Tim Maia no palco (rs) eu também sei ser chato, exigente e ignorante no palco, afinal essa galera de fora tem que entrar aqui e tem que pedir licença para entrar e nos respeitar, e não fazer o que Sandra de Sá fez e outros artistas como Beto Barbosa que chegou aqui botando moral e cheio de exigência fora do normal, muitos lembram desse episódio de Beto Barbosa em União.
É para ser chato e arrogante com a gente porque eles olham como pequeno? Então tá, eu também sei ser chato, arrogante, forte e resistente com eles porque a nossa força vem do Deus de Israel, e os de Deus sempre derrubam mais um e mais outro Golias. Volto a pedir desculpas ao público que estava lá para nos ver também! Mas não podemos ser tratados como nada sendo nós grupos e artistas que fazem a cultura ter vida, pois é preciso que a galera saia de casa para ver nosso povo que faz essa cultura, e temos que sair dessa de focar só na história dos livros que só é história e sempre será historia, mas temos que ser mais ferventes em apoiar quem estar vivo fazendo viva essa cultura continuando fazendo historia.
Se não fosse os grupos e os artistas culturais, qual brilho teria União culturalmente? Essas estrelas brilhantes que são os vivos que fazem a cultura ter vida abundante esses sim merecem ser tratados com muito respeito e ter dentro de sua própria casa o espaço merecedor como rola em Pernambuco, na Bahia e outros estados que preza seus grupos, pois Chiclete com Banana e outros nomes de sucesso quando lança algo, dentro de casa mesmo já vendem o que precisam para sustentar aquilo que querem mostrar para o mundo sem precisar morar em outra cidade.
A Comunidade Quilombola de Sião estava tocando num evento na cidade de Itabuna – Bahia no dia do seu aniversario, depois do show da Comunidade eu estava vendo na TV da Bahia que Chiclete com Banana era a atração especial de aniversário da cidade e que ainda estava em Salvador, isso em uma hora e meia antes de começar o show deles; quando foi uma hora depois a TV anuncia que Chiclete tinha acabado de chegar de jatinho em Ilhéus - Bahia, e estava se deslocando de carro para realização do show. Agora olhem para os grupos e artistas de União e vocês vão perceber que nem uma carroça de boi tem para levar o grupo por aqui mesmo na região... Nós mesmo estamos com um show no Recife dia 25 de janeiro e não tem transporte, e vamos ter que tirar do caixa da Comunidade Quilombola de Sião para poder levar a nossa cultura para outro estado... Só Jesus my Lord! só Jesus e por ser Jesus cremos que estaremos lá levando nosso som e nossa arte que fazemos com muito amor como estamos desde de muitos anos na estrada.

Marcelo: É verdade que depois do show você discutiu com os músicos da banda Mato Seco? Por quê?
TC: Não, de forma alguma! Como eu disse, a produção do Mato Seco chegou no horário que o secretário de Cultura determinou e isso foram as palavras da produção do Mato Seco. O que eles e nem a gente não sabia é que minha banda estava também escalada no mesmo horário deles, por ordem do secretário de Cultura. E depois veio a produção do Mato Seco com a Fundação Palmares na maior pressão no camarim com nossa produção, para nos colocar depois do Mato Seco. A Produção da Comunidade Quilombola de Sião como já tinha fechado o Encontro Pan Africano de Música no Chimbras Bar, não tinha como a banda Comunidade Quilombola de Sião tocar depois do Mato Seco; e nosso compromisso com Chimbras, como ficava? Somos homens de cumprir com nossas responsabilidades seja onde for nessa terra. Quem estava la no camarim, você pode conferir na filmagem que estar no youtube (Comunidade Quilombola de Sião na Terra de Zumbi dos Pamares/2010) você vai ver que só Jacivânia tava no fogo cruzado junto com a gente batendo de frente com os de fora, para que a gente não ficasse rebaixado, isso sem o responsável para resolver o problema.
Como os de fora viram que estava batendo de frente com a Comunidade e não abrimos no ringue que nos colocaram, eles apelaram para parar o show da banda do Dragão e nos colocar o mais rápido possível no palco sem tempo nem de passar o som, e aí fomos de uma certa forma prejudicados...
A pressão não era só com a gente, mas com o cara do som também, pois a gente praticamente entrou no palco com o som sem regulagem alguma... Nem vou falar onde nos colocaram no camarim e onde colocaram os de fora, e vou frisar que esse negócio de colocar um monte de banda da terra com horário resumido é uma humilhação, porque os da terra nem mostram o seu potencial no palco e é tratado como descartável, alem dessa festa em nome “do negro de Africa” esses brancos ocidentais que passam o ano todo comendo da mesa dos filhos dos colonizadores que exterminaram o Quilombo não divulgam o evento como deveria, como faz o Festival de Inverno de Garanhus e outros festivais que conheço no Brasil que divulga meses antes, para que gere o turismo na cidade. E o turismo na cidade é dinheiro entrando para os mais humildes que vende seus produtos no evento, rendendo dinheiro até para os ricos donos de hotéis e pros mais humildes donos de pousadas.

Marcelo: Então você não vai tocar na festa de Santa Maria Madalena?
TC: Até o momento não! Como produtor da banda Comunidade Quilombola de Sião, bati na porta da prefeitura como todo empresário de banda e como sempre o prefeito Kil nos recebeu muito bem, com muita tranqüilidade como sempre foi. Eu e o Kil particularmente sempre tivemos uma amizade de irmão, independente de política ou de qualquer outra coisa. Mas para festa, eu cheguei para vender a banda acho que um pouco atrasado, e a prefeitura não tinha como mais colocar a nossa banda para tocar devido aos gastos que já estava tendo nessa festa.
Marcio Mitonore, Célio Duarte, nos deu a maior força para estamos nesse evento, mas já estava fechado. Pensei de procurar a igreja, mas devido à programação já fechada, eu não tive força interior de apelar. Não houve e nunca haverá apelação, e nem saímos humilhados da prefeitura por isso, e muito menos não saímos da prefeitura chorando, só porque não conseguimos vender a banda para festa. Quantas vezes já tentamos vender a banda para outros eventos mundo afora e não conseguimos vender e nem por isso desanimamos de seguir com o trabalho de JAH. “Nós não somos uma banda da prefeitura que apela para tocar nos eventos que a prefeitura patrocina. Somos uma banda independente e buscamos em Deus o que é nosso!!! A prefeitura tem todo direito de comprar ou não nosso show”. Não a perseguição política e nem mesmo máfia da parte do prefeito com a gente. Volto a dizer: “Kil sempre foi independente de prefeitura ou política um irmão! e se depender de nós ele sempre será.” Nós somos artistas e não temos que ta levantando bandeira de partido. Assim como meu voto é de Mané Gomes por respeito ao meu amado pai Zé Correia, qualquer Quilombola de Sião de nossa Comunidade tem o direito de votar ou não em Mané Gomes ou em qualquer político que queira ou não votar ou apoiar.
Nosso maior sonho é tocar no festival Rec Beat no Recife, ainda não chegou a hora, porém, estaremos no Recife dia 25 de janeiro fazendo show em outro evento.
Outro evento que temos a maior vontade de tocar é a virada cultural de São Paulo, não conseguimos ainda, mas ano passado conseguimos cobrir com nossa equipe de fotografia o palco do reggae da virada cultural tendo acesso aos bastidores em meio aos grandes nomes do reggae nacional e Jamaicano, como: Cidade Negra, Ras Bernado (ex cidade Negra), banda Leões de Israel, Big Youte, Clinton Ferry , a banda de Peter Tosh que ficou encantados com nossa divulgação sobre a Serra da Barriga e até disseram que vão se organizar para aparecer na Serra, e outras bandas que não lembro agora os nomes. Nesse evento de São Paulo foi muito rico o contato da gente com empresários e produtores e quem sabe esse ano de 2011 a gente não esteja sendo uma das banda entre as veteranas?!?! JAH RASTAFARI É QUEM ESTAR NO CONTROLE MY LORD!
Claro que o desejo é grande tocarmos não só nessa festa da padroeira, mas em qualquer evento de União dos Palmares. My lord, só queremos aquilo que é nosso e o que não é nosso não brigamos, nem choramos e nem apelamos. Tive a oportunidade de falar com o Deputado Nelito que é outro irmão independente de política, mas não procuramos o Nelito porque o prefeito já tinha nos dito que estava fechada a programação. Não temos o costume de apelar para tocar nos eventos da vida, apenas trabalhamos como qualquer empresário que vai pronto para vender ou não o show de sua banda. A nossa banda ela faz parte da indústria de nossa Comunidade, e a banda é uma das que gera dinheiro, e caímos em campo.
Alguns conhecidos apelaram para procurar o Dody Praxedes para tentar colocar a banda na festa da padroeira, mas não fomos porque não tem porque apelar, o que é nosso é nosso. Até porque, pelo o que os irmãos de nossa terra me falaram nos bastidores que o valor que vai receber para tocar nessa festa com seus grupos, para nós da Comunidade Quilombola de Sião já passou esse tempo de receber o que não dá nem para bancar as despesas... Não trabalhamos através da emoção!!! Nossa despesa, quando a banda toca em União, é grande! e ganhar menos que nossa despesa é prejuízo e não estamos nessa para trabalhar para ter prejuízo.


"E dei uma de Tim Maia no palco (rs) eu também sei ser chato, exigente e ignorante no palco, afinal essa galera de fora tem que entrar aqui e tem que pedir licença para entrar e nos respeitar, e não fazer o que Sandra de Sá fez e outros artistas como Beto Barbosa que chegou aqui botando moral e cheio de exigência fora do normal, muitos lembram desse episódio de Beto Barbosa em União."

Marcelo: Como foi a experiência de já ter atuado, pretende fazer curso para ser ator?
TC: (RS) Foi muito legal! é uma coisa que vem de família, pois eu tenho uma tia que é atriz e veterana no ramo, a tia Geusa Correia. Eu gostaria sim de retornar ao curso de ator, pois só fiz iniciação teatral em Maceió, e na hora de apresentar nem fui, porque ia sempre no ônibus dos estudantes daqui de União e quando foi o dia de mostrar o que tinha estudado para um júri interno, saiu uma conversa que quem fosse do lado de Zé Pedrosa não subia no ônibus, e quem era prefeito na época era o Afrânio Vergete. Como eu não queria me bater de frente com política e já estavam no ônibus cortando pessoas que não fossem de faculdade, para não passar algo desagradável eu não fui e perdi o estímulo. Mas é uma coisa que eu gostaria de voltar a fazer sim, acho muito legal.
Marcelo: Qual a sua religião?
TC: Rastafari
Marcelo: Fale um pouco sobre ela?
TC: RASTAFARI é uma religião Africana, Judaica e puramente Cristã. Ela não é uma religião tradicional ocidental que costumamos encontrar por aí. Ela educa se alimentar como africano, vestir como africano, viver como africano, buscar a fé de nossos Pais bíblicos, e não foi gerado ou criada por homens, porque Deus ninguém O gerou! RASTAFARI é o próprio DEUS Cristo em Carne e é o nome de Deus. Não trata o outro como você, e sim com eu; por isso que dizemos eu e eu se referindo a outra pessoa que é o eu semelhante.
JAH, significa D-us Jeová; Rastafari, significa Cabeça criadora, Espírito em Cristo; Haile Selassie significa o Poder da Trindade em aramaico na língua Etíope, que não é um homem e sim um titulo ungido, dado pela igreja Copta Ortodoxa da Etiópia- África a todos os reis descendentes do filho da rainha de Sabá com o Rei Salomão. História Africana que podemos ler no livro Kebra Negast, que significa A Gloria dos Reis, do qual foi arrancada da biblioteca sagrada como tantos outros livros considerados apócrifos.
É a monarquia do rei Davi que representa a manifestação do propósito de JAH no governo humano. Haile Selassie, é a raiz e a geração do rei David, é a resplandecente estrela da manhã. Assim retornamos as raízes Africanas e chamamos o Cristo de Haile Selassie, o poder da Trindade; também assim, o ocidente chama Yeshua de Jesus que vem do grego.
Muitos sem informação falam de Rastafari e até mete o pau falando mal sem saber que tá metendo o pau no próprio Deus. Com os olhos abertos, louvamos ao D-us vivo, buscando-o primeiro dentro de nós e entre nós, “Emmanuel”, o D-us conosco!
Como diz Ras Tafari Makonnen, em uma de suas locuções em algum lugar da Etiópia em meados de 1961 a 1962: "... o homem não deveria venerar a imagem de um homem e sim a do todo poderoso." - Texto tirado do livro: O TESTEMUNHO DE SUA MAJESTADE IMPERIAL O IMPERADOR HAILE SELASSIE I, O DEFENSOR DA FÉ.
Se tornar Rastafari, seguidor do D-us Altissimo, tem um custo elevado. Ainda mais quando se diz EU SOU RASTAFARI. - Ser Rastafari, é dizer: EU SOU AFRICANO! Ser Rastafari exige uma disposição corajosa, imprevisível e muitas vezes perigosa. Ser Rastafari não é ser reggae e muito menos fumar o que erroneamente o sistema babilônico chama de maconha. O reggae não fez rastafari! o reggae vem de uma fusão de varias influencias de musica americana que na época chegavam à Jamaica onde os jamaicanos só escutavam musica americana nos rádios. Mas como o nyabinghi (que é a verdadeira musica de Rastafari), é célula mãe de todos os ritmos, sendo assim o reggae vem do Rastafari. E também pelo ponto de vista do homem rasta utilizar palavras da igreja ao cantar sob o ritmo reggae.
O reggae faz ídolos e também a batida é usada em letras que não trazem salvação e ainda estimula a sexualidade entre as pessoas. Tem que ter muito cuidado, pois ha muita vaidade e ciúme neste meio reggae... e como podemos ir a Sião com a mente envolvida com estes sentimentos poluídos? - A parte mais ortodoxa do Rastafari diz que o reggae é satânico, a exemplo do que afirma os Boboshantis no site Black-king.net, do Congresso Negro Internacional Etíope Africano que professa Rei Emmanuel Charles Edwards o Cristo negro na carne.
Rastafari não é cabelo, pois o cabelo de Rastafari biblicamente falando significa Lans como esta escrito em Apocalipse 1:14... o cabelo de Rastafari é um voto consagrado a D-us, o voto do nazireato e não modinha do reggae. No livro de Juízes capitulo 13, do versículo 2 ao 5, e no primeiro livro de Samuel, podemos meditar sobre o voto do nazireu, pois nosso Mestre é um nazireu igual aos profetas bíblicos.
A gente precisa saber de nossa origem, saber de onde vem e para onde vai. Para que, a Repatriação Internacional comece primeiro de forma espiritual dentro de cada EU e depois se manifeste no material e temporal. "O povo que não conhece a sua história, a sua origem e a sua cultura é como uma árvore sem raízes." Assim já nos disse o pastor da Igreja Batista Marcos Garvey.
Mesmo dispersos por causa da Escravidão, sabemos que são os brancos ocidentais do reino de satanás que fazem de tudo para destruir o reino sagrado de Mãe África; hoje, esses espíritos inimigos que age nas pessoas que não tem o conhecimento e são muitas vezes até instruídas pela catequese, nos chamam de brasileiros, regueiros, americanos, Jamaicanos, Tribos, afro-descendentes, para que Israel não seja lembrado como um povo. Ainda mais sendo esse povo Etíope e Africano.
Em Salmo 83, diz que os inimigos se agitam, os que odeiam a JAH RASTAFARI levantam a cabeça. Que eles tramam um plano contra o povo de Israel, conspirando contra os protegidos. eles atacam para remover o povo de D-us do meio das nações e o nome de Israel não seja lembrado! Babilônia em acordo com todos os outros reinos de Sodoma e gomorra, fazem aliança contra Jah Rastafari. Mas sabemos que o Senhor JAH (RASTAFARI) fará com eles como fez com Madiã e Sísara, e com Jabim na torrente Quison. Foram aniquilados em Endor, tornaram-se esterco/estrumo para terra. Nosso D-us, o tratará como a palha diante do vento; como o fogo devorando uma floresta, e a chama abrasando as montanhas. Perseguirá eles com a tempestade Dele, aterrorizará eles com o furacão. Cobrirá de infâmia a face deles, para que busquem o nome de JAH (RASTAFARI)!!! - “Que os inimigos fiquem envergonhados e perturbados para sempre, sejam confundidos e arruinados. Saberão assim que só tem o nome de JAH RASTAFARI, o Altíssimo sobre toda a terra!”
Rebentemos seus grilhões, sacudamos seu jugo! Aquele que habita no céu ri, JAH RASTAFARI se diverte à custa dos inimigos. E depois lhes fala com ira, confundindo-os com furor. Foi Ele que consagrou o seu rei em Sião, Sua sagrada montanha! (Salmo 2) Mestre Jesus Cristo, o Rei dos reis! O filho unigênito do Senhor D-us Pai! Emmanuel Rei Rastafari, que nos diz pelos santos Apóstolos: “Portanto, ide! Eis que Eu vos envio como cordeiros para o meio dos lobos”. (Lucas 10:3) – “E, por causa do meu nome, sereis odiados de todos. Contudo, aquele que permanecer firme até o fim será salvo.” (Mateus 10:22)
O Rei Selassie, nos promete uma vida abundante. Contudo, nosso Rei afirma que o caminho não é fácil. Porque estreita é a porta e difícil o caminho que conduzem à vida, apenas uns poucos encontram esse caminho! (Mateus 7:14)
Já sabemos que poderemos sofrer a censura e rejeição dos familiares e amigos. Assim os inimigos do homem serão os da sua própria família. (Mateus 10:36)
“Ficai vós sempre alertas, pois vos denunciarão aos tribunais e sereis açoitados nas sinagogas. Por minha causa vos farão comparecer à presença de governadores e reis, e isso constituirá em testemunho para eles.” (Marcos 13:9)
Apesar das aflições que poderá passar por causa do Mestre, não ficamos com medo. Jesus diz em João 16:33 que: “Eu vos preveni sobre esses acontecimentos para que em mim tenhais paz. Neste mundo sofrereis tribulações; mas tende fé e coragem! Eu venci o mundo.”
“Bem-aventurados sois vós quando vos insultarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. Exultai e alegrai-vos sobremaneira, pois é esplêndida a vossa recompensa nos céus: porque assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós.” (Mateus 5:11-12)
Ao tomar a decisão no despertar Rastafari, passa a ser “sal da terra” e “luz no mundo” como o Mestre Yeshua Emmanuel nos diz em Mateus 5:13-14.

Marcelo: Você já sofreu algum tipo de preconceito, por ser tatuado, ser músico ou por seu estilo de vida?
TC: Se fosse hoje, não faria nenhuma tatuagem e nem me arrependo por ter feito, mas não faria. Eu sou discriminado dentro da casa de minha família a todo o momento e também por uma classe de fariseus católicos e evangélicos que não conhece a verdadeira face de Jesus, e não conhece o sentido real de Jesus com a mulher samaritana, que pela falta de informação acham melhor julgar e usar de pré-conceito sobre o que não sabem. Se eu disser que o Jesus branco de cara rosado que Roma criou tem cara de bichona, eles vão me detonar. Pois nosso Cristo, para nós, Ele é preto Africano, de cabelos de lãs de cordeiro, tem os olhos de fogo e uma juba de leão, esses crentes não pouparão de apontarem para dizerem merda, esquecendo que o Jesus deles que é o mesmo que o meu fala que o mal não é o que entra pela boca e sim o que sai. Revelando neles a encarnação mais que descarada dos fariseus que apontaram para Jesus e o chamaram de belzebu. Mas a história se repete nesse tempo nesses crentes fariseus, e deixo para eles a meditação de Marcos 3:29,30 do livro da vida (a Bíblia) – A historia se repete.

Marcelo: Em que momento você decidiu não cortar mais o cabelo?
TC: Ah 15 anos atrás por ser fã de Edson Gomes e de Bob Marley e gostar de reggae, mesmo sendo na época um roqueiro. Eu tinha o sonho de ter o cabelo igual de Bob Marley, mas não tinha o entendimento que temos hoje, pois meu cabelo hoje é consagrado, é um voto, o voto do nazireato. É bíblico!

Marcelo: Como está sendo a experiência de cantar pelo Brasil afora?
TC: Muito bom! Não só cantar, porque não trabalhamos na Comunidade Quilombola de Sião só com a banda, mas a indústria em si da nossa Comunidade, que Deus nos leva em vários lugares, na Bahia, São Paulo, Recife, Angola – Africa, estamos até com contato em Medellim – Colômbia, conhecendo muita gente importante do ramo, estar em meio às grandes produções, e artistas, e pessoas de outros sotaques e costumes, enfim... Muito bom! Damos graças sempre! É uma verdadeira eterna faculdade da vida que estou amando estar.

Marcelo: Onde você mora hoje?
TC: Estamos em São Paulo e no Sul da Bahia. Aqui em União, temos apenas o escritório da Comunidade Quilombola de Sião, onde nos alojamos quando estamos por aqui.

Marcelo: O que União dos Palmares significa pra você?
TC: Minha casa! Me sinto em casa! Gosto daqui! Saio mundo afora porque temos que seguir com o JAH WORKS DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE SIÃO. Quem já bebeu da água do rio Mundaú já era amigo, sempre volta por aqui mesmo que não seja natural daqui. Sou filho de União, minha família toda é aqui, tenho filha e logo neto, tudo por aqui, a Comunidade Quilombola de Sião surgiu aqui, temos escritório aqui como também na Bahia e em São Paulo, faço arte marciais aqui com o meu querido e mestre Garça e ainda dou umas pancadas com o meu mestre Beto Jamaica Lee, me sinto em casa mesmo! Lá fora só no sotaque já identifica que sou daqui, porque negarei minhas raízes? Hoje, sou convertido a uma igreja Africana que me faz ser um Etíope Africano. Mas foi daqui dessa terra, que Deus me levou até a terra dos nossos pais na Africa para ser um crente do Cristo Preto Africano. Eu sou de África mas sai das terras dos quilombolas que é a terra onde nasci.

Marcelo: Quais são os maiores problemas que você vê na cidade?
TC: O colonizador ainda rege aqui em União. A política ainda é e vai demorar muito sendo uma potência manipuladora. A cultura ainda não ta nas ruas, muitos querem a secretaria de cultura que é a minha área e é o que tenho mais intimidade de falar! O cabra entra naquela secretaria mais para se promover principalmente em torno do nome de Zumbi dos Palmares do quê buscar investir em colocar os que fazem cultura constantemente nas ruas. Onde você encontra algo como era no canto Livre que rolava direto? Onde você ver toda semana, show com palco bom, som bom e cachê bom nas ruas da cidade? O secratrio de cultura é secretario de cultura do município ou da Serra da Barriga que quem manda é Brasília? Se você vê bem direitinho, União dos Palmares não tem nada... por exemplo, a Casa do Poeta Jorge de Lima eu soube que é da UFAL e o museu que tem é da família Sarmento. O que tem mais? Era para ter direto show na cidade, que não tem nada, esperar só dia da Consciência Negra , e ainda mais sem divulgação?!?! rende o quê? Nada!

Marcelo: E como eles poderiam ser resolvidos?
TC: Se o secretário de cultura não fosse apenas um pau mandado do prefeito e tivesse dinheiro para fazer isso, seria mais fácil! Se eu, ou você, ou qualquer um, que seja de confiança do prefeito para esse cargo for convidado para ser secretario de cultura, vai comer o que o prefeito quer, e se o prefeito der algo para comer!!! (não falo desse que estar, mas todos até agora foi assim) porque pelo o que vejo, muitos querem ser secretario de cultura mas quando tão la recebendo seus 2 mil ou três mil reais todo mês, vão é se preocupar é em mamar na teta, se promovendo e se não for daqueles que não der dor de cabeça fica comendo quieto, montando projetinho aqui, ali, pagando miséria pra sua panelinha e seus grupinhos montados, se andava de pé compra logo um carrinho, dá uma de gostosão e por aí vai... O lasca é que isso que to falando depende sempre do prefeito para que um secretario aja sem mexer no seu salário; se ele , o prefeito, gostar de investir é uma boa, mas se ele não gostar e fizer caso, a cultura fica como estar, pois não vejo nada que pressione culturalmente diante do que conhece culturalmente mundo afora. Os grupos de nossa cidade não tem dinheiro para investimento, e quando consegue algum cachê via secretaria de cultura num dá para pagar nem a eles mesmos imagina investir 10 mil 20 mil ou 50 mil em seus próprios trabalhos como fazem as grandes bandas e artistas da nossa cultura brasileira. Se o cara não tiver fé em Deus, disposição de correr atrás vai ficar sempre morrendo na unha desses caras e sendo tratados miseravelmente... É uma pena! É preciso sair, para pegar não só esse pouco dinheiro que consegue aqui na nossa terra, mas para juntar esse com os que consegue lá fora para conseguir bancar um site e ter material, pois para ter estúdio bom para gravar CD paga caro, para ter no mínimo mil copias de CD paga caro, para ter músicos profissionais paga caro, e tudo é dinheiro... Só ta nessa quem gosta mesmo!!!

Marcelo: Você acompanha a política local?
TC: Cara, não e ao mesmo tempo sim! Meu voto é de Zé Correia meu pai, e meu pai votaria em Mané Gomes. Gosto na verdade é de trabalhar e ganhar dinheiro na política, pois independente de política eu sou amigo de muitos políticos que são um contra o outro, e prefiro manter o amor e a amizade que rege de Deus com todos eles independente de cor e raça. Caso amanhã eu venha apoiar alguém, é nada mais nada menos que trabalho. Rabo preso eu quero só com Deus, fora esse líder maior, não me vejo amarrado com políticos nenhum.

Marcelo: Já pensou em se candidato a algum cargo público?
TC: Alguns irmãos do meio político cogitam... mas nunca parei para pensar e agir. Quero a vontade de Deus em minha vida e que venha as bênçãos que serão bem vindas.

Marcelo: Thiago fique a vontade para mandar uma mensagem para o povo de sua terra.
TC: Com os olhos abertos, louvamos ao D-us vivo, buscando-o primeiro dentro de nós e entre nós, “Emmanuel”, o D-us conosco!
Que a face de Deus Jah Rastafari brilhe sobre nós teus filhos, e que não olhes as transgressões de nossas carnes.
“Bendito ES my Lord, porque eu e eu sabe que o Senhor nos ouvi!!!” – Assim como estar escrito em Joel 3, que o Senhor derramaria o seu Espirito sobre todos viventes, e os filhos e filhas de cada eu se tornariam profetas; eu e eu servente Rastafari I, vem por meio do sagrado Cristo Emmanuel pedir que tua face brilhe sobre nós teus filhos a cada novo dia. Assim como estar escrito senhor, que os velhos terão sonhos! Eu e Eu Comunidade Quilombola de Sião te pedi o entendimento do que nos é revelado e que com o espírito Cristico eu e eu (InI) irmão saiba com amor agir com discernimento dentro de eu e eu, sabendo assim interpretar para teu povo. Creio sim meu Pai, na tua palavra, pois afirma que até os jovens terão visões! Nesses dias, até sobre os escravos e escravas é derramado o teu Espírito!
Assim como estar escrito senhor pela palavra do profeta, que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo, pois a salvação eu e eu crer que vem do monte Sião. Como disse o Senhor – e entre os sobreviventes estarão aqueles que Jah Rastafari tiver chamado.
Como estar escrito my Lord, no livro de Isaias 43, para que eu e eu não tenha medo, porque o Senhor nos redimiu e nos chamou pelo o nome; e que somos seus. Eu e eu boto fé que mesmo atravessando a água, o Senhor estar com InI (eu e eu) e os rios não nos afogará. Quando passarmos pelo o fogo, o Senhor nos afirma que não nos queimará e a chama não nos alcançará, pois o Senhor é Jah Rastafari, o santo de Israel, o nosso Salvador. Para pagar a nossa liberdade, o Senhor deu o Egito, a Etiopia e Sabá em troca de Israel, porque teu povo é precioso para o Senhor, é digno de estima e o Senhor nos ama. O Senhor pela sua palavra reafirma para InI (eu e eu), que não tenha medo, pois o Senhor estar conosco. Lá do oriente vai buscar nossa descendência, e do ocidente reunirá todos nós. O Senhor diz ao norte: “Entregue-o”. E ao sul: “Não o retenha”. Sua palavra pedi que traga de longe seus filhos, que traga dos confins da terra as suas filhas, e todos os que são chamados pelo o seu nome: para sua gloria o Senhor os criou, os formou e nos fez. (Amem!)
My Lord, o Senhor diz no livro do profeta Isaias 43, que faça sair o povo cego, embora tenha olhos; faça sair o povo surdo, embora tenha ouvidos. Que todas as nações se reúnam, e os povos se coloquem todos juntos. Pelas escrituras nos é dito isso que nos é revelado dês dos tempos passados. Eu e Eu justificamos e apresentamos nosso testemunho. O Senhor afirma que suas testemunhas somos nós – Jah Rastafari!!! - que somos seus servos, aqueles que o Senhor escolheu, para que cada eu fique sabendo e acreditem no Senhor, e compreenda que o Senhor É! Nenhum deus existiu antes do Senhor, e depois do Senhor, my Lord, nenhum outro existirá. O Senhor é Jah Rastafari, e fora do Senhor não existe outro Salvador. O Senhor anuncia e salva, onde não ah deus estrangeiro. O Senhor é Deus para sempre. Não há quem possa livrar-se de suas mãos. E quem poderá desfazer o que o Senhor faz?
Assim diz o Senhor meu Pai, o nosso redentor, o Deus de Israel: Em favor de vocês eu mandei alguém à Babilônia, arranquei todas as trancas de suas prisões, e os cânticos dos caldeus vão se mudar em gemidos. Eu sou Jah Rastafari, o Santo de vocês, o criador de Israel, e Rei de vocês.
Assim diz o Senhor Jah Rastafari, aquele que abriu um caminho no mar, uma passagem entre as ondas violentas, aquele que fez sair o carro e o cavalo, o exército e a força. Eles caíram para não mais se levantar, apagaram-se como pavio que se extingue. Jah Rastafari nos diz para que eu e eu não fique pensando nas coisas do passado e que não pensem nas coisas antigas; vejam o que Jah está fazendo uma coisa nova: ela está brotando agora, e eu e eu não percebe? El abri um caminho no deserto, rios em lugar seco. As feras O glorificará, como os lobos e avestruzes, porque Jah Rastafari oferece água no deserto e rios na terra seca para matar a sede de meu povo, dos seus escolhidos, o povo que Ele formou para Ele, para que proclame o seu louvor.
Perdão meu Pai, muitos cansaram de Ti, não te honram com sacrifícios. O Senhor jamais deu trabalho exigindo oferendas, e nunca o Senhor perturbou pedindo incenso aos que te dão trabalhos com seus pecados e cansando o Senhor com as culpas. Sim meu Senhor, é o Senhor mesmo, por sua conta, quem acaba limpando nossas transgressões e não se lembra mais de nossos pecados. Despertemos a sua memória, vamos colocar o nosso caso em julgamento. Apresentemos nossas razões, para que eu e eu possamos justificar. O primeiro homem pecou; chefes se revoltaram contra o Senhor; os dirigentes profanaram o seu santuário. Por isso que Jah Rastafari entregou Jacó à destruição e Israel à caçoada.
Nossa esperança e renovação nos últimos dias, acontecerá que o monte da casa de Jah Rastafari ficará firme no topo das montanhas e se elevará acima das colinas. Para lá correrão os povos e até lá irão numerosas nações dizendo: “Vamos correndo para o monte de Jah Rastafari, para o templo de Deus; aí aprenderemos seus caminhos, para seguirmos os seus rumos”. Porque de Sião sairá à lei e de Jerusalém virá a palavra de Jah Rastafari! Pois assim disse da boca de Jah Rastafari: “De suas espadas vão fazer enxadas, e de suas lanças farão foices. Um povo não vai mais pegar em armas contra outro, nunca mais aprenderão a fazer guerra. Cada um poderá sentar-se debaixo de sua parreira ou da sua figueira, sem ser perturbado”; pois assim está escrito em Miquéias 4.
Jah Rastafari, todos os povos caminham, cada qual em nome do seu deus; nós, eu e eu, porém, caminhamos em nome de Jah Rastafari, nosso Deus para sempre! Que na nossa fraqueza é o momento que o Senhor se serve. Junta as ovelhas estropiadas, reuni as que foram dispersas, e aquelas que o Senhor mesmo castigou. Faz das estropiadas um resto, e das dispersas uma nação forte; e, no monte Sião, Jah Rastafari reina sobre eu e eu e eu e eu desde agora e para sempre.
Mas agora, porque gritamos tanto? Eu e eu não tem um Rei? Será se seus conselheiros morreram, para que a dor seja assim tão forte como a da mulher que dá à luz? Eu e Eu quilombola de Sião, contorça-se e gema, como a mulher que dá à luz, pois está escrito que agora vai sair da sua cidade para morar no campo. Irá para babilônia; é aí que será liberto! Aí Jah Rastafari resgatará da mão dos inimigos. A riqueza deles vai ser consagrada a Jah Rastafari! – Vejam, o inimigo se juntam em tropas e nos cercam, e com uma vara batem na face do Juiz de Israel!
O Cordeiro está de pé sobre o monte Sião. Com ele vem os que trazem a fronte marcada com o nome dele e o nome do Pai. Ouvi uma voz que vem do céu; parece o barulho de águas torrenciais e o estrondo de um forte trovão. O barulho como o som de músicos tocando a doce musica de Rastafari, nyahbing. Estão diante do trono, dos guardas, os quatro Seres vivos e dos Anciãos e cantam um cântico novo. É um cântico que ninguém pode aprender; só os que foram resgatados da terra. São os que não se contaminam com mulheres; são virgens. Eles seguem o Cordeiro aonde quer que ele vá. Foram resgatados do meio dos homens e foram os primeiros a serem oferecidos a Deus (Selassie I) e ao Cordeiro (Emanuel I). Na sua boca nunca foi encontrada a mentira. São íntegros! (Apocalipse 14)
Não a porque temer, eu e eu crê na palavra do Deus de Israel, sua palavra é firme como o seu monte Sião, o Senhor Jah Rastafari afirma em seu oráculo através do profeta Isaias em 54:15, que se, por acaso alguém atacar seu povo, não será por sua ordem; quem atacar, já está derrotado. Sim! eu creio, na palavra do Senhor Jah, que o Senhor El diz: “... quem atacar, já está derrotado”. Sim! Creio que assim como foi criado pelo o Senhor Jahóviah o ferreiro que sopra as brasas no fogo e produz ferramentas de trabalho. Também foi o Senhor Deus de Israel quem criou o exterminador para arrasar. Pois estar escrito em Isaias 54:17: que qualquer ferramenta forjada contra você jamais terá sucesso; a língua que acusar você no tribunal você verá que ela é culpada.
Antes de formar, no sexto dia, o homem, o ser mais importante da criação, Deus preparou-lhe o máximo de conforto e felicidade. O sol, a lua e as estrelas para iluminar o seu caminho; as flores para gozar de seus perfumes; os pássaros para entoar-lhe os seus cânticos harmoniosos, e todos os bens da terra para desfrutar deles segundo o seu desejo. Ainda no paraíso, Deus ordenou ao homem cultivar o jardim, porque aquele que evita o trabalho, sem criar nem produzir, deixa de representar a imagem do Criador.
Temos forças morais suficientes para conservar sua integridade ética em todas as circunstancia da vida, e não precisa sucumbir às influencias malévolas e prejudiciais do ambiente em que vive.
Bendito amor my lord, pela entrevista, e estamos a sua disposição!
Shalom!
Thiago Correia da Comunidade Quilombola de Sião
Blessing!!!