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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Criando um monstro

Num dia destes, estava eu no shopping almoçando, quando me deparei com a seguinte situação:

Ao meu lado, tinha um pai e seu filho sentados, aguardando a mãe e a filha. A filha, uma típica pré-adolescente, com uns 10 anos, baixinha, bem vestida e o filho, por volta, dos 15 anos, um rapaz de 1,60m.

Quando a mãe chegou, muito bem vestida por sinal, eles se encaminharam para outro local, e quando pai e filho se levantaram, o cadarço do tênis do menino estava desamarrado. A mãe ou o pai poderiam tê-lo alertado do fato, mas, para meu total espanto e revolta, a mãe, abaixou-se, colocou os joelhos no chão, e amarrou, sem pestanejar, os cadarços do menino.

Presenciando esta atitude, pergunto-me por que as mulheres reclamam tanto dos homens se são elas próprias, em sua grande maioria, que os geram, cuidam, educam e…estragam etc?

Vejo mães tratarem seus filhos e filhas como seres incapacitados de proverem suas próprias vidas. Tanto mimo chega a dar náuseas. Só prejudica, expõe ao ridículo, vitimiza, rebaixa. Mães e pais vêem seus filhos tomarem as atitudes mais grosseiras e mal educadas e nada fazem, não repreendem, não chamam a atenção.

Não posso reclamar de minha educação. Tive pais que participaram ativamente de meu desenvolvimento, e sempre foram muito realistas, e nem por isso, não eram carinhosos e atenciosos e sempre cumpriam o que podiam cumprir. Tratavam-se como uma pessoa capaz de desenvolver minhas habilidades, de ser independente, sempre tive “pequenas” responsabilidades como arrumar meu quarto, lavar uma louça, buscar meu irmão na escola, cursos de férias, ficar sem férias em razão de um comportamento inadequado.

Lógico que se deve respeitar e tratar dignamente os filhos, mas não consigo conceber a idéia de tratá-los como bibelôs, como enfeites de cristal. Ninguém quer que os filhos sofram ou que passem por situações desagradáveis, mas tirar dos filhos o direito de resolver sua vida e sentir-se forte para enfrentar os revezes, que são inevitáveis, chega a ser um ato egoísta.

Que tipos de serem humanos estamos criando?

Claro que não devemos levar tudo a ferro e a fogo, mas algumas atitudes vêm me surpreendendo. Filhos sem limites ficam totalmente perdidos e entendem que apenas seu mundo importa. Tornam-se pequenos nazistas, mandões, cheios de vontade. E também, vejo pais que fazem de tudo para que os filhos fiquem longe, com a babá, com a secretaria, com a escola, com os avós. Jogam a criança para todos os lados, porém cuidar que é o principal está distante de sua prioridade.

Não podemos ter a exata noção de como nossos filhos irão crescer, pois possuem suas próprias características, contudo devemos pensar que uma parte do que são ou levam consigo foram os pais que deixaram registrado.

Alguns bons pensamentos de ilustres figuras:

Educai as crianças e não será preciso punir os homens. Pitágoras

Eu era uma criança, esse monstro que os adultos fabricam com as suas mágoas. Jean Paul Sartre

Quando guri, eu tinha de me calar, à mesa: só as pessoas grandes falavam. Agora, depois de adulto, tenho de ficar calado para as crianças falarem. Mario Quintana

Se a criança é um porquinho, quando adulto não poderá ser outra coisa senão um porco. Vladimir Maiakóvski

O homem a quem a dor não educa, será sempre uma criança. Niccolo Tommaseo

A criança nunca sabe o que é um martelo,até confundir o dedo com um prego. Stephen King

A família é como a varíola: a gente tem quando criança e fica marcado para o resto da vida. Jean Paul Sartre

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