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terça-feira, 2 de setembro de 2014

Falta de verba prejudica atendimento a vítimas de maus-tratos em União, AL

 Prefeitura assinou convênio com a Organização Mirim, mas verba não saiu.Local tem capacidade para atender a 110 crianças, mas, hoje, mantém 50.

A Organização Mirim existe há 44 anos em União dos Palmares, na Zona da Mata de Alagoas, e alimenta sonhos de dezenas de crianças e adolescentes, a maioria vítimas de maus-tratos, promovendo atividades de lazer, educação, além de cursos profissionalizantes. Até o final do ano passado, a ONG [Organização Não Governamental] atendia a 110 crianças, mas por não ter recursos financeiros suficientes, apenas 50 estão sendo contempladas atualmente.

“Falta de tudo. Até mesmo comida. Não conseguimos pagar professores e algumas aulas, como a de informática, tiveram que ser suspensas, o que é uma tristeza muito grande”, lamenta a presidente da ONG, Rosiete Acioli. A presidente diz ainda que a prefeitura da cidade contribuía financeiramente com o espaço, mas o auxílio deixou de ser repassado em janeiro deste ano, com o fim do contrato.

“Há dois anos, a Mirim foi beneficiada com um programa do Banco Santander que ajuda a instituições filantrópicas como a nossa, mas o contrato, que foi firmado com a prefeitura, era de dois anos e acabou em dezembro", conta Rosiete.

A diretora da ONG diz que desde o início de 2014 vem enfrentando dificuldades. Em junho, ela conseguiu assinar um novo convênio com a prefeitura, mas a verba ainda não saiu. "Pedimos R$ 9 mil, mas eles só liberam R$ 6 mil e o combustível para o carro buscar e levar as crianças em casa. No entanto o dinheiro nunca veio e a gasolina foi cortada na última semana por falta de pagamento ao posto", relata.
 
“A contribuição de dinheiro que recebemos do povo da cidade é muito pequena. Hoje recebemos crianças e adolescentes só pela manhã, porque não temos alimentação suficiente para o dia todo. Eles chegam cedo, tomam café da manhã, fazem atividades e depois almoçam. Aí eles vão para a escola", ressalta a diretora.

À reportagem do G1, o secretário-geral de administração de União dos Palmares, Francisco Viana, admitiu que o pagamento já deveria ter sido feito. O acordo, segundo ele, previa o repasse financeiro no dia 12 agosto. "Realmente, temos aí um atraso, mas no início da próxima semana eu vou verificar com a Secretaria de Finanças quando será realizado o pagamento. Com relação ao combustível, já está tudo normalizado", garante Viana.
 
Enquanto a verba não é liberada, a Organização Mirim se endivida. "Eu fiz a besteira de comprar fiado no mercado com a esperança de que a prefeitura iria liberar a verba, mas agora não sei como vou fazer se não sair logo", lamenta Rosiete.

A diretora da Organização Mirim diz que alguns empresários ajudavam a instituição. "Depois que chegou a ajuda do Santander, muitos deixaram de contribuir porque achavam que nós não precisávamos mais e depois não conseguimos reaver essas doações", relata.

Esperança
 
As crianças e os adolescentes que sofrem maus-tratos são encaminhadas para a Organização Mirim por intermédio do Conselho Tutelar da cidade. Lá é feito todo um trabalho de ressocialização com psicólogos e assistentes sociais que vão até as casas das famílias e acompanham de perto como as crianças estão sendo tratadas.

Além disso, aulas e cursos que possam garantir um futuro melhor também estão no dia a dia dos menores. Para os que se interessam, há oficina de corte e costura, uma pequena fábrica de uniformes, serigrafia, marcenaria e uma sorveteria que produz picolés para serem vendidos na própria cidade.

“Precisamos de ajuda para manter toda essa estrutura. Já buscamos, mas até agora nada. A ONG é um exemplo e as crianças precisam disso para ter uma esperança de um futuro próspero”, finaliza Rosiete.

 Organização Mirim de União dos Palmares completa 43 anos!!! Veja AQUI