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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Meu Canto por Emanuel Galvão

 
Não lembro de ter me colocado
Nesse mundo tão belo, a passeio.
Não vejo essa vida, qual recreio,
Pra viver minha vida recalcado.
Eu prefiro partir mais que depressa
Vida assim, inútil, não interessa,
Pra não dizer, melhor ficar calado,
Que poeta sem voz e segregado,
Esta vida não vive, atravessa.

Da viola só tenho as dez cordas
E das horas do dia vinte e quatro.
Das esquinas e das praças meu teatro,
Sem luz, sem plateia e sem hordas.
Solto apenas meu canto de protesto,
Pois na vida o que eu mais detesto,
É aquele que apenas só concorda,
O avesso do pano de quem borda,
É meu canto irritante e manifesto.
 
Fonte: POESIA GALVANEANA & Outras Palavras
 
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