Cenário foi palco do maior quilombo da América Latina e consolida-se como destino turístico
A influência da cultura afrodescendente na história e na cultura do
Brasil é inegável e um dos principais marcos dessa tradição ganhou ainda
mais reconhecimento.
A Serra da Barriga, em União dos Palmares, foi aprovada como
Patrimônio Cultural do Mercosul na XIV Reunião da Comissão de Patrimônio
Cultural da entidade, que aconteceu semana passada, na Argentina. No
dia 8 de junho, a decisão será homologada na Reunião de Ministros da
Cultura do Mercosul.
A iniciativa foi articulada pelo Governo de Alagoas em parceria com o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e
representa um merecido reconhecimento, além de consolidar a Serra da
Barriga como um destino turístico e cultural ainda mais forte e
atrativo.
Para o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo,
Helder Lima, o anúncio faz jus a toda relevância histórica das
comunidades de matrizes africanas não apenas no Brasil, mas também em
todo o continente sul-americano.
“É um reconhecimento importante, que projeta a Serra da Barriga para o
mundo, com o seu grau de importância reconhecido. Agora vamos trabalhar
para realizar a pavimentação dos 8 km de acesso à serra e manter o
trabalho de divulgação do local como excelente opção de turismo de
experiência”, comemorou Helder Lima.
Tombada pelo IPHAN em 1986, a Serra da Barriga pertence à zona rural
de União dos Palmares, ou Terra da Liberdade como é conhecida, e faz
parte de um dos territórios turísticos mais ricos culturalmente do
Estado - a região dos Quilombos. Nela, está presente a rota intitulada
“Caminhos da Liberdade” que traz à tona toda a tradição do povo
quilombola, sobretudo durante a visita ao Parque Memorial Quilombo dos
Palmares.
“Ficamos muito felizes não apenas como alagoanos, mas sobretudo como
brasileiros, já que um período tão marcante da nossa história pode agora
ser conhecido ainda mais por todo o continente. Esse título fortalece
bastante o destino e só tem a engrandecer Alagoas”, disse a empresária e
representante da Instância de Governança dos Quilombos, Izabel Maia
Gomes.
Uma das maiores representantes da cultura quilombola em Alagoas, Mãe
Neide de Oyá D´Oxum, acredita que o anúncio incentivará a chegada de
turistas de dentro e de fora do Brasil.
“Esse reconhecimento é uma grande vitória pro povo alagoano por dar o
devido valor ao maior patrimônio de resistência que já existiu. Tudo
isso só tem a engrandecer o turismo e a sociedade da região, atraindo
mais turistas e gerando mais empregos e renda. É conquista de todos e
abre um grande leque de oportunidades para o Estado”, afirmou Mãe Neide.
Outro importante polo turístico da região é o povoado Muquém, também
em União dos Palmares, que é habitado por descendentes diretos das
remanescentes que viveram na região. O artesanato no barro é uma das
fontes de renda do povoado e retrata aspectos inerentes aos quilombolas.
Festival Quilombola
Com intuito de exaltar a cultura afrodescendente e apresentar os
diversos aspectos que compõem a identidade dos Quilombos, a Secretaria
de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur) organizou o
Festival Quilombola. O evento aconteceu entre os dias 17 e 20 de
novembro de 2016 e celebrou o mês da consciência negra. Culinária,
artesanato, música e oficinas compuseram a programação do evento, que
será realizado novamente em 2017.
Acesso à Serra da Barriga
No dia 7 de fevereiro, o Governo de Alagoas oficializou a realização
da pavimentação do acesso à Serra da Barriga, em União dos Palmares.
Com extensão de 8 km, a via promete facilitar o deslocamento de
moradores e visitantes, fomentando o turismo em toda região. A ideia é
fortalecer o sentimento de pertencimento entre a população e colocar
mais uma vez o município no mapa do turismo alagoano.
A expectativa é que a obra seja inaugurada no dia 20 de novembro, em
homenagem às comemorações do Dia da Consciência Negra e aos 200 anos de
Emancipação Política de Alagoas.
