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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Coletivo A Fábrica apresenta o projeto NEGRACOR


Para comemorar o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, o Coletivo A Fábrica apresenta o projeto NEGRACOR: Pintando a Consciência. O evento que acontece de 12 a 24 de novembro tem a cultura hip-hop como base, mas com o olhar voltado para os diversos artistas palmarinos.

Com uma programação extensa dividida em música, dança, graffite, palestras, literatura, artesanato, oficina e filmes, o Coletivo cria uma programação alternativa para a data onde estudantes, professores e a comunidade poderá participar e debater sobre as questões da identidade cultural palmarina.

Os organizadores do evento ressaltam que o artista palmarino é o foco principal da programação. Um dos destaques é a exposição Irinéia: Um Sutil Olhar, sobre a artesã Dona Irinéia composta de fotos e obras. Outro atrativo é o Stencil, técnica de graffite. Quem pretende conhecer a técnica pode se inscrever na oficina com o rapper Zulu Fernando, que é grátis, e participar de um mural, junto com os outros participantes.

Zema, um dos coordenadores do Coletivo, avisa ainda que não será cobrado taxa ou ingresso durante o evento e completa, "é a melhor forma de se garantir a população acesso pleno à cultura".

Para que o Negracor fosse realizado, o Coletivo A Fábrica fechou parceria com a Secretaria de Cultura de União dos Palmares, a Fundação Cultural Palmares e a ACEQ. 

Mais informações aqui.
Confira a programação completa:

Dia 17 de novembro – sábado
  • Oficina de Stencil – Zulu Fernando – 9h – Fundação Cultural Palmares
  • Perdeu, Pagou! – Batalha de MCs e BBoys – 15h – Praça Padre Cícero
Dia 18 de novembro – domingo
  • Graffites - Alunos da Escola João Costa e participantes da oficina de stencil – 14h – Escola João da Costa
  • Festa Black – 20h – Praça Padre Cícero
Dia 19 de novembro – segunda
  • Os Reis das Ruas – I Circuito de Filmes Pintando a Consciência – 14h – Escola Estadual Monsenhor Clóvis Duarte

Dia 21 de novembro – quarta
  • Histórias Cruzadas – I Circuito de Filmes Pintando a Consciência – 15h – Educandário Olímpia Augusta dos Santos
Dia 22 de novembro – quinta
  • Quanto Vale ou é Por Quilo? – Circuito de Filmes Pintando a Consciência – 15h – Escola Municipal Edvar de Souza Santos
Dia 23 de novembro – sexta
  • Besouro – Circuito de Filmes Pintando a Consciência – 15h – Escola Salomé da Rocha Barros
  • Cidade de Deus – Circuito de Filmes Pintando a Consciência – 19h – Escola Salomé da Rocha Barros
  • A Negação da TV – Circuito de Filmes Pintando a Consciência – 19h – Grupo Escolar Rocha Cavalcante
Dia 24 de novembro – sábado
  • Graffites - Alunos da Escola João Costa e participantes da oficina de Stencil – 9h – Escola João da Costa
  • Cidade de Deus – Circuito de Filmes Pintando a Consciência - 19h – Sede da Associação dos Remanescentes Quilombolas – Muquém  

Na terra de Santa Ana

Textos e fotos, AQUI

Aldo Rebelo: Cavalgada da Liberdade vai a Zumbi

 
Os contrafortes da Serra dos Dois Irmãos, em Viçosa, Alagoas, guardam em seu ventre rochoso um segredo de três séculos que agora será desvendado. No ponto em que o Rio Paraíba do Meio atravessa a serra, foi morto há 317 anos o líder negro Zumbi, depois de o quilombo de Palmares, onde era rei, ter sido arrasado pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. 

O local exato, um sumidouro na barranca do rio, será demarcado no dia 18, ao final da 1ª Cavalgada da Liberdade, que vai celebrar o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro – a data da morte de Zumbi em 1695.

Sendo a cavalgada um dos esportes mais antigos do Brasil, o Ministério do Esporte, em parceria com o Governo de Alagoas, teve a iniciativa de reunir autoridades e cavaleiros da região para marcharem 54 quilômetros da Cerca Real dos Macacos, em União dos Palmares, até o local, já em Viçosa, que uma pesquisa inédita do geógrafo alagoano Ivan Fernandes Lima apontou como o local em que Zumbi deitou seu espírito indômito sem jamais render-se.

Formado a partir do final do século 16, por mais de cem anos Palmares reuniu milhares de escravos foragidos ou alforriados, e seus descendentes, que empunhavam a bandeira da resistência. Sociedade comunitária, todos compartilhavam os frutos do trabalho coletivo. Mas reproduziu o modelo que combatia pelo menos em um aspecto: os ex-escravos tinham seus cativos. O quilombo resistiu até 1694, quando Zumbi refugiou-se na Serra dos Dois Irmãos. Por muito tempo achou-se que ele morrera na Serra da Barriga, última fortaleza de Palmares. Abatido, teve a cabeça exposta nas ruas do Recife para desfazer a lenda de que era imortal.

O mito do herói vive na História do Brasil, tal e qual os de outros, mestiços, negros e brancos, que lutaram contra o horror da escravidão. Mataram e morreram pela liberdade, um bem, como disse o sábio José Bonifácio, “que não se deve perder senão com o sangue”.