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sexta-feira, 19 de julho de 2019

Estamos de recesso escolar em União dos Palmares

Hoje 19, é o terceiro dia do recesso escolar no município de #UniãodosPalmares. Próximo 29, uma segunda-feira voltaremos para o segundo semestre.

Os oitos dias será para descansar um "pouco", já que nós profissionais da educação temos cadernetas, planejamentos das aulas, leituras pendentes entre outras obrigação de professor.

Porém, voltaremos com a mente arejada e, com gás para levar o melhor para nossos alunos palmarinos e das cidades vizinhas que estudam na terra de Zumbi dos Palmares.

Bom recesso para todo/as!!!

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Iteral confirma parceria no evento Vamos Subir a Serra

O projeto encontra-se na terceira edição e contempla uma ampla programação sociocultural e econômica.

O Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral) foi procurado nessa terça-feira (09) pelas coordenadoras do projeto Vamos Subir a Serra: Valdice Gomes e Simone Benchimol. No encontro com o diretor presidente Jaime Silva e o gerente de Política Agrária e Fundiária, Severino Araújo, destacou-se a importância do evento que integra o calendário cultural no mês da consciência negra em Alagoas e reúne ativistas, pesquisadores, população em geral, além de turistas.

O projeto encontra-se na terceira edição e ocorrerá no período de 14 a 17 de novembro de 2019. Durante os quatro dias o público terá acesso gratuito ao Espaço Cultural Zumbi dos Palmares – uma tenda de 1.100m2, climatizada, que é instalada na Praça Multieventos na orla da Pajuçara em Maceió, com várias atividades: feira do empreendedor negro e de comunidades quilombolas, espaço de valorização da beleza negra, seminários, debates, palestras e apresentações afroculturais; e no dia 19 de novembro, terá uma programação especial no Parque Memorial Quilombo dos Palmares em União dos Palmares.

A jornalista e coordenadora geral do projeto, Valdice Gomes, explicou que o apoio do Iteral será essencial para fortalecer a participação das comunidades quilombolas no evento, já que possui uma assessoria técnica voltada para esse público. “Neste ano, além do seminário quilombola, pela primeira vez, queremos integrar à feira gastronômica uma Feira da Agricultura Familiar e Quilombola. O Iteral possui uma ampla experiência na realização dessas feiras e queremos dar visibilidade a produção das comunidades com o artesanato e comidas típicas”, citou.

O diretor presidente Jaime Silva destacou que o Iteral tem todo o interesse em participar do projeto, inclusive, orientou a sua equipe para fazer o planejamento quanto à infraestrutura adequada e o número de feirantes necessários; além de organizar uma exposição na Serra da Barriga.

O projeto é uma iniciativa do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, entidade do movimento negro de Alagoas, vinculada aos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs), e conta com a gestão de Simone Benchimol da RP Eventos. Possui recursos do governo federal, por meio da Fundação Cultural Palmares (FCP), e a parceria da Prefeitura de Maceió sendo representada pela Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC).

terça-feira, 2 de julho de 2019

Os professores da minha vida...

Dinorá é o nome da primeira professora de quem me lembro. Era morena, estatura mediana, cabelos cacheados, lecionou para a segunda série do ensino fundamental na Escola Estadual Marechal Rondon, em São José dos Quatro Marcos, na década de 80.

-Até hoje tenho fotos dela no meu álbum. Como havia perdido o pai recentemente, ela acabou me salvando de vários episódios de bullying: "Olha lá a menina sem pai", "sem pai, sem pai, ela não tem pai" (em tom de música), "você deve morrer igual seu pai" ou "vem aqui, vou te dar um tiro". Dinorá geralmente me resgatava em algum canto, com medo e chorando.

Se por um lado admirava absurdamente os professores, por outro, vivia uma contradição infantil: Por que eles eram tão maltratados pelo governo? Era comum fazerem rifa ou cota para colocar comida à mesa devido aos sucessivos atrasos salariais. Não sabia explicar, eram pobres, mas pareciam orgulhosos e felizes no cumprimento do seu ofício.

Orivaldo, de história e geografia, é o segundo nome do qual me recordo. Ele era divertido e bem-humorado. O que significa ‘quando dois carros se chocam?’ Parece que foi ontem, ele tentando me soprar a resposta 'acidente geográfico', porém eu ficava repetindo 'é uma batida'. Nunca mais me esqueci, porque errei na prova!

Sempre fui muito elétrica. Quando pequena, me envolvia com tudo que se possa imaginar: trabalho voluntário, teatro, catequese, piano, inglês e até esportes. Mesmo eu sendo péssima em vôlei e basquete, a professora Rosa, de educação física, nunca me disse ‘você não pode fazer’ ou ‘isso é perda de tempo’. Lembro com carinho das tardes divertidas de treino na quadra da escola.

Ah, como tenho saudades do bosque ao lado da sala de aula do 7º ano, onde fazíamos piquenique na hora do recreio e jogávamos queimada. A escola era toda florida, havia primaveras colorindo a fachada. Sinto um aperto no peito e muita gratidão, pois nos anos mais difíceis, aquele era meu mundo encantado.

Os próximos nomes da lista são da família Lessi, Maria Inês e Eliane. A primeira me ofereceu carinhosamente os primeiros passos em língua portuguesa. Já no 8º ano, um choque ao primeiro contato com a Escola Estadual Bertoldo Freire: a temida e carrasca professora de matemática. Sempre gostei de desafios e conquistar o carinho dela levou pouco tempo.

Além de uma excelente professora, o que mais me marcou em Eliane Lessi foi o seu carinho de mãe. Estávamos na adolescência, com descobertas acontecendo. Ela poderia ser indiferente, mas passou uma aula inteira, brava, explicando à turma sobre respeito nos relacionamentos. “Nunca mais quero vocês, meninas, sentadas no colo de ninguém!”.

Uma professora incrível, assim era a Nancy. Costumava ver Jô Soares diariamente até tarde, para participar ativamente das suas aulas! Não me importava em chegar chorando na escola por causa da violência doméstica, porque sabia que a professora de português estaria lá, para me ouvir, debater e me fazer pensar. Ela foi ao longo de dois anos a minha razão de viver. (obrigada!)

Também tenho boas lembranças do professor Júlio, do ensino médio, em Cuiabá. Ele falava baixinho e era todo educado. Mas eu não entendia direito o que ele dizia ou explicava, então, o que tinha de melhor? Era marido da Emiko, a inesquecível professora de geografia do colégio Isaac Netwon. "Minha estrela tem alguma contribuição à aula de hoje?". Emiko me fazia superar limites.

Janis, de gramática, certamente determinou meu gosto pela profissão e a escrita, me comparando à grande escritora Clarice Lispector no terceiro ano. Suas aulas eram divertidas, suas dicas valiosas. Tanto que passei na universidade federal sem muito esforço, mesmo duvidando da minha capacidade.

Quero prestar uma homenagem a todos os professores, que me fizeram ser quem sou como profissional e cidadã. Sei que os governos querem criminalizar e fazer caça às bruxas a eles, mas me parece tão absurdo. Incompetentes? Bem pagos? Truculentos ou comunistas? Desculpe, isso parece um lapso de juízo ou memória.

Vamos aos fatos. Manchete de O Globo, dezembro de 2018: ‘Brasil é o país que menos valoriza professores, diz estudo; China lidera’. No mês de junho deste ano, no Uol Educação: ‘Salário de professor no Brasil é "horrível", diz ex-presidente do Inep’. Dois anos atrás, no G1/Globo: ‘99% dos professores brasileiros ganham em média menos de R$ 3,5 mil, diz estudo’.

Deste ano, no El País: ‘No Brasil, Obama pede valorização dos professores e diz que educação não é caridade’. No entanto, para o Estado de Mato Grosso, em guerra há mais de um mês com os professores em greve, vale o argumento que paga o terceiro melhor salário do país a eles (R$ 5.553,00 – 30h semanais).

Agora, tomo a liberdade de uma réplica, com a manchete do próprio RD News de janeiro deste ano: ‘Maiores salários custam R$ 4,8 milhões para o Estado; sargento recebe R$ 108 mil’. Em maio, outra notícia dizia assim: ‘Folha de Poderes e órgãos alimenta marajás de MT’, pois alguns ganham até R$ 50 mil por mês!

Eu não sei qual a real intenção dos governos, refletindo minimamente não parece boa. Suponhamos que o Brasil fosse uma empresa em crise, os empresários cortariam seu órgão vital e principal insumo de crescimento? Espantariam ou perseguiriam as suas mentes mais brilhantes? 

Falei até aqui para concluir que o principal problema desse país é a hipocrisia e a falta de bom senso. Porque salário decente e condições de trabalho é o mínimo que podemos oferecer a quem tanto faz pelas nossas crianças e os nossos jovens. Então, quando se tratar dos meus professores, me faça um favor, mais respeito!

Rose Domingues Reis, jornalista graduada pela UFMT, especialista em Liderança e Coaching – MBA pela Unic, formação em Psicologia Positiva pelo Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento (IPPC) de São Paulo, rosidomingues@gmail.com.