Meu melhor momento de 2013 foi difícil de escolher, pois tiveram
muitos, mas, como minha vida foi voltada essencialmente ao trabalho, com
certeza eles foram ligados a meus alunos. Além da escola na qual ensinei esse
ano, Escola Padre Donald, no Mutirão (nome que passei a preferir por saber como
sua conotação é positiva) houve o cursinho de redação, que foi outra
experiência inimaginável e gratificante, que contou com o apoio da Escola Paulo
Sarmento, onde também trabalhei no projeto Mais Educação.
Assim, nessa indecisão, resumo esse ano a um evento específico: A
Semana Antidrogas, promovida pela Secretaria Municipal da Infância e da
Juventude. Há várias razões para citar esse evento, que teve sua importância
nas coisas que organizou nos dias e antes da própria semana, mas eis os mais
fortes para mim: inclusão, desafio e atrevimento.
Incluir os alunos de um bairro socialmente isolado e preconceituoso
por outros bairros num evento municipal foi de uma importância impressionante.
Foram quatro dias de uma aventura regada a pão e refri
(rsrs), impulsionados por uma vontade dos alunos de participarem e apoiados
pela direção da escola. Foram quatro dias em que aproveitamos (digo, mais eles
que eu) para absorver informações, fazer reflexões e acima de tudo percebermos
que tínhamos um lugar de direito na sociedade que tanto nos exclui.
O desafio foi desconstruir a visão que muitos tinham (e continuam
tendo) sobre o Bairro e sobre a escola. Foi gente virando a cara quando nos via
chegar, semblantes de desprezo e inferioridade e uma estranheza, por ver o
Mutirão (bairro que, na visão da maioria, só tem drogas e violência) se
destacar ativamente em um ciclo de debates/palestras que visavam a
instrução.
Desafio maior foi vencer o
cansaço, a ansiedade e estar de pé, diante de torcidas e torcidas dando o
melhor que tínhamos; recompensa maior foi ver os rostos e a postura deles a
cada prova cumprida ou descumprida, ver que eles mesmos entenderam que a
participação acabou se tornando maior prêmio que se podia conquistar.
O atrevimento ficou por conta dos sorrisos, da euforia no dia da
Gincana e pela comemoração pelo 4° lugar. Sei que parece vendida a ideia de que
‘o que importa é participar’, mas em nosso caso, participar não foi só fazer
parte, foi mostrar que existíamos além da visão retrógrada, foi mostrar que
nosso potencial, nossas falhas eram iguais as de qualquer outro ser humano, foi
trazer a periferia para o Centro, já que o centro raramente vai à periferia. Como
já dizia Fernando Pessoa: “Tudo vale à pena, se a alma não é pequena”.
Para
nossos alunos, para mim, para a professora Dellys Beatriz, os coordenadores e
diretores da Escola Padre Donald e para a comunidade do Mutirão em si, tudo,
absolutamente tudo o que fizemos na Semana Antidrogas valeu à pena, pois nossas
almas não são pequenas e agora são mais grandiosas que nunca.
Tarcísio José Morais